Conferência 1: O sistema da arte/Resumo

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Comunicações
Considerações finais

Conferencistas: Susan May, Ousseynou Wade, Paulo Herkenhoff; Moderadora: Daniela Bousso. Auditório 1.
Relatores: Paula Alzugaray (resumo), Fernando Oliva (relato), Paula Braga (coordenação de relatos).

Resumo

(por Paula Alzugaray)

A conferência de abertura do Simpósio Padrões aos Pedaços apresentou três visões sobre como está configurado hoje o sistema da arte. De entrada, parece haver entre os palestrantes a concordância de que pluralidade cultural é o elemento constitutivo básico da produção contemporânea. “O que nos une é a capacidade de entendermos e respeitarmos nossas diferenças”, disse o crítico Paulo Herkenhoff, diretor do Museu Nacional de Belas Artes, no início do debate imersivo. No entanto, há divergências ao se pensar em o que fazer com essa interculturalidade toda.

Tanto Susan May, diretora da Art Council Collection, da Inglaterra, quanto Ousseynou Wade, secretário geral da Bienal de Dacar, do Senegal, utilizaram em suas palestras exemplos de exposições que são consideradas termômetros do que há de mais significativo na produção do país (ou do continente, já que a Bienal de Dacar tem como objetivo a disseminação da arte africana).

Para ilustrar a influência do cosmopolitismo no sistema da arte na Grã-Bretanha, Susan May referiu-se à diversidade da origem geo-política dos artistas participantes da British Art Show (todos residentes na Inglaterra) e citou seus curadores Alex Farquharson e Andrea Schlieker: “A nacionalidade de um artista é de significância reduzida. Relacionar artistas desde a perspectiva de suas origens geográficas é freqüentemente enfatizar o aspecto mais superficial de suas práticas”.

O posicionamento da curadoria britânica difere do senegalês Ousseynou Wade, quando este afirma que “artistas africanos recebem influências múltiplas, mas permanecem essencialmente nigerianos, senegaleses...”. Wade, que reconheceu vir de um país submetido a muitas influências (tanto árabes quanto ocidentais), definiu a reivindicação da identidade como programa central da Bienal de Dacar. Ao mesmo tempo em que afirma a importância de “trabalhar para que a diversidade seja uma realidade a ser preservada”, Wade afirma a importância da superação das influências ocidentais e da validação da arte africana pela comunidade africana.

Herkenhoff, por sua vez, não falou da internacionalidade da arte. Elegeu como pauta o estado de barbárie em que se encontram os museus e o sistema institucional e a falta de crítica institucional no sistema de arte brasileiro. Para não dizer que não olhou para fora, permitiu-se uma comparação do estado letárgico das políticas culturais brasileiras com ações de pilhagem, destruição e selvageria em museus e arquivos públicos pós-invasão americana no Iraque.