Conferência 1: O sistema da arte/Resumo do debate imersivo

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Comunicações
Considerações finais

Conferencistas: Susan May, Ousseynou WadePaulo HerkenhoffDebatedores: Michael Asbury, Patrícia Canetti, Raquel Garbelotti, Betty Leirner, Fábio Magalhães, Angélica de Moraes, Suely Rolnik, Regina Silveira; Moderadora: Daniela Bousso. Auditório 1.
Relatores: Fernanda Albuquerque (resumo), Juliana Monachesi (relato), Priscila Arantes (coordenação de relatos) 


Resumo

(por Fernanda Albuquerque/ coord. Priscila Arantes)

Debate imersivo discute o sistema da arte a partir de três realidades

Dedicado ao tema “O Sistema da Arte”, o primeiro debate imersivo do 1o. Simpósio Internacional do Paço das Artes foi marcado pela discussão de três realidades particulares: a brasileira, a britânica e a senegalesa. As relações entre os diferentes agentes do circuito de arte nas três localidades (instituições culturais, artistas, críticos, galerias, curadores, Estado, etc), foram trazidas à tona pelos três conferencistas a partir de suas experiências com instituições locais.

Paulo Herkenhoff, curador e diretor do Museu Nacional de Belas Artes, voltou a enfatizar o problema da precariedade das instituições brasileiras e do que ele chamou de “barbárie instituída a partir da Lei Rouanet”. Com ela, o Estado teria se afastado da função de financiar e estabelecer políticas culturais para a área das artes, deixando os museus e outras instituições culturais à mercê dos diretores de marketing das empresas investidoras. A relação entre as instituições e o Estado também foi levantada pela debatedora Patrícia Canetti. “Hoje em dia, diretor de instituição pública não tem como se ocupar só do trabalho intelectual. Tem de sair atrás de patrocínio”, afirmou. Ela questionou os conferencistas Ousseynou Wade, diretor da Dak’Art - Bienal de Arte Africana Contemporânea, e Susan May, diretora da Arts Council Collection, sobre o financiamento das instituições com as quais estão envolvidos no Senegal e na Inglaterra. Wade informou que a Dak’Art tem dois terços de seus recursos financiados pelo Estado e a outra parte financiada por associações internacionais, embaixadas e iniciativa privada local. Ele destacou a inexistência de leis de incentivo em seu país e a pouca participação de empresas privadas como patrocinadoras de eventos culturais. Susan May, por sua vez, informou que a Arts Council é 100% financiada por recursos estatais.

Diferenças como essa, relativa ao financiamento das artes em cada país, marcaram o primeiro debate do simpósio, que também tratou de temas como a relação entre artistas e instituições (museus, bienais e galerias), bem como de questões ligadas à relação entre a produção artística e as identidades locais. Ousseynou Wade destacou, mais uma vez, a importância de se construir um discurso local sobre a produção africana, sem que se continue a depender de validações externas, européias ou americanas, para apresentar essa produção ao mundo. Esse seria, segundo ele, o grande sentido da Dak’Art. O diretor ainda frisou a necessidade de se estabelecer uma rede de contato – e de troca - entre instituições de arte de países latino-americanos e africanos, de forma a somar forças e conhecimentos para dar voz à produção artística desses países.