Violência não é a solução diante de monumentos que honram figuras controversas
Em vista do incêndio da estátua de Borba Gato, em São Paulo, Nabil Bonduki defende que debater a remoção de monumentos pode ser o caminho para melhor compreendermos seu papel histórico
Na edição de Cotidiano na Metrópole desta semana, o arquiteto e urbanista Nabil Bonduki, professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) da USP, comenta o incêndio da estátua de Borba Gato, localizada na zona sul da capital paulista, no dia 24 de julho.
Para o professor, o acontecimento foi relevante para colocar a discussão sobre monumentos que honram figuras históricas consideradas, atualmente, controversas. “Tem se debatido muito sobre a necessidade de se repensar essas homenagens feitas aos bandeirantes, que foram, durante uma época da nossa história, exaltados como heróis, mas que hoje são muito contestados pelo papel que tiveram no genocídio dos povos indígenas.”
Ao contrário do que ocorreu, na opinião de Bonduki, a presença das estátuas deve ser debatida publicamente, antes de sua destruição pública. “Não acho que devemos sair por aí queimando e derrubando estátuas, o que precisamos é debater isso de maneira democrática para que possamos encontrar uma solução para esse problema que eu considero importante”, afirma.
De acordo com o urbanista, uma possível solução é reposicionar estátuas controversas em espaços adequados, como museus, que podem assumir a função de explicar, por exemplo, o papel de Borba Gato na história brasileira.
Cotidiano na Metrópole
A coluna Cotidiano na Metrópole, com o professor Nabil Bonduki, vai ao ar toda quinta-feira às 10h00, na Rádio USP (São Paulo 93,7 FM; Ribeirão Preto 107,9 FM) e também no Youtube, com produção do Jornal da USP e TV USP.