Saudades do Brasil de Regina Vater pode ser interpretado em múltiplas camadas já que Vater, desde o início, trabalha em pauta transmidiática, característica que a torna uma das mais instigantes autoras de sua geração e da arte contemporânea brasileira.
À primeira vista, em sua dimensão sonora, Saudades do Brasil é um diálogo unilateral no qual Regina conversa por telefone com a artista Suzan Frecon, discorrendo sobre a cultura carioca e brasileira, a música, os cinemas de Dziga Vertov e de Glauber Rocha e suas características, sobre o ambiente brasileiro e norte-americano, sobre algumas de suas obras. Mas se, ironicamente, a voz de Frecon não comparece nessa conversa – apenas a de Regina - o diálogo se estabelece de maneira múltipla com uma evocativa trilha sonora, pautando o ritmo intenso das imagens em movimento das paisagens do Brasil e dos Estados Unidos.
Ao final dessas densas camadas que tratam das relações entre Brasil – e também da artista – e o mundo, encontramos uma homenagem pessoal, de cunho familiar. Mesmo assim, Saudades do Brasil é um anti-cartão postal.
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