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Nota de Falecimento - Jorge Wilheim: homem da cidade, da cultura e da vida

O Fórum Permanente de Museus, através desta nota, expressa o lamento pela morte do arquiteto Jorge Wilheim, político, intelectual, urbanista e figura importante do mundo das artes que deixa um enorme legado de ações para o fomento de uma cidade humana, cuja prioridade sejam as pessoas, o meio ambiente e a vitalidade cultural. Nascido em Trieste, Itália (1928), veio aos 12 anos para o Brasil e acabou por se tornar um dos mais importantes urbanistas do país, sempre enfatizando a dimensão humana e do planejamento em seus projetos. Wilheim faleceu na última sexta (14) de complicações decorrentes de um acidente de carro sofrido no final de 2013.

Homem multidisciplinar, Wilheim era um intelectual, autor de vários livros sobre história, arquitetura e urbanismo; foi gestor público durante várias gestões desde meados da década de 1970, instituindo uma série de ações que até hoje são fundamentais, como a criação do vale transporte e da Empresa de Transportes Urbanos (EMTU) e a proposição do uso do álcool combustível misturado à gasolina como estratégia para poupar energia, o que vai acabar inspirando o futuro Programa Proálcool; foi secretário adjunto da Conferência da ONU para os Assentamentos Humanos; foi planejador estratégico, criador do Plano Diretor, sempre fundamental para qualquer cidade; e, além de tudo, foi uma figura importante para o campo das artes visuais em São Paulo.

Como arquiteto, trabalhou junto com Pietro Maria Bardi na montagem do MASP. Em seu escritório de arquitetura foi elaborado o primeiro projeto de uma sede definitiva para o MAC-USP. Em 1985, assumiu a presidência da Fundação Bienal de São Paulo, permanecendo no cargo até 1989. Nesse período, organizou a 19ª Bienal, com o tema Utopia versus Realidade. Em 2000, foi eleito presidente do Conselho da Fundação Bienal num momento de grande crise institucional, assumindo uma postura conciliatória e de preservação da bienal da batalha pública que vinha se desenrolando no período (demissões, contradições, readmissões, tudo exposto via imprensa). Era membro do Conselho Deliberativo do Museu Lasar Segall desde 1996 e projetista da casa anexa desta instituição. Segundo informa a direção desta instituição, Wilheim chegou a ceder o escritório dele para um plano de reforma da Casa do Povo, capaz de hospedar a Biblioteca Jenny Klabin Segall, projeto que infelizmente não chegou a ser realizado.

Por todas as ações realizadas (projeto do Vale do Anhangabaú e do Pátio do Colégio, suas participações fundamentais na vida pública como Secretário de Governo, sua atuação na área cultural), o legislativo lhe concederá o título de Cidadão Paulistano. Mesmo não tendo recebido em vida essa honraria oficial, Jorge Wilheim já pode ser considerado um cidadão paulistano, mais ainda, um cidadão brasileiro. Um cidadão dos mais ativos e criativos. O mentor de vários projetos fundamentais para o país nos últimos 60 anos.

 

Foto: Denise Andrade/AE