Arquiteto do Guggenheim responde a críticas sobre filial no Rio
da Reuters, no Rio de Janeiro
O arquiteto francês Jean Nouvel, da Fundação Guggenheim, participou hoje de um seminário sobre a revitalização da região portuária do Rio de Janeiro, onde respondeu às duras críticas que vem recebendo sobre a construção de uma filial do museu Guggenheim na cidade.
O projeto, que deverá ser bancado pelo próprio município do Rio, foi orçado, segundo autoridades do governo, em R$ 500 milhões, fora os US$ 2 milhões já gastos no projeto arquitetônico de viabilidade da área.
"Somente quem for contra o Rio de Janeiro ou o Brasil vai ser contra o museu", disse o francês a jornalistas. "Será o primeiro museu dessa importância no Hemisfério Sul e, fatalmente, um ponto de atenção internacional, atraindo turistas e especialistas em arte de todo o mundo para a Cidade Maravilhosa."
Para ele, a implantação do museu irá servir de trampolim para a arte brasileira, que passará a ser mais conhecida internacionalmente, além do intercâmbio cultural com as outras filias do Guggenheim, localizadas em Bilbao, Veneza, Berlim e Las Vegas, sem contar a famosa matriz em Nova York.
"Entre os museus da rede Guggenheim há uma troca de material. Assim como o Rio terá acesso ao material internacional que será exposto na cidade, as obras brasileiras também serão exibidas nas unidades fora do país", disse Nouvel.
"Isso vai fazer com que o museu seja um poderoso amplificador da arte brasileira no exterior."
O museu carioca, que contará com salas específicas para as obras nacionais, deverá ocupar uma área de 42 mil metros quadrados, aproveitando parte do Píer da praça Mauá.
Carta ao presidente
O alto valor do custo de toda a obra tem sido motivo de várias críticas. Uma carta foi escrita por uma comissão de vereadores ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, pedindo uma intervenção do governo federal contra a construção.
Na semana passada, além de um protesto no píer Mauá, o Partido dos Trabalhadores encomendou a duas especialistas uma análise sobre o estudo de viabilidade preparado pela Fundação.
Mesmo com tanta polêmica, o Secretário Municipal de Urbanismo do Rio de Janeiro, Alfredo Sirkis, disse durante o seminário que irá manter o cronograma de construção da filial carioca.
"As obras devem ser iniciadas até o final do ano, e a conclusão deve acontecer em quatro anos."
Zona portuária
Além da construção do Guggenheim, o projeto da prefeitura prevê ainda a revitalização da zona portuária do Rio. No total, estão sendo gastos R$ 150 milhões em restaurações nos bairros da Gamboa e Saúde.
A área deverá receber ainda dois outros importantes pólos culturais e turísticos. Um deles pretende dar a cada uma das 14 escolas de samba -do grupo especial e do grupo de acesso- barracões permanentes que irão funcionar nos antigos armazéns do Cais do Porto.
Fora o espaço para confecção de carros alegóricos e fantasias, cada barracão terá uma área destinada à exposição do material, e outra para shows promovidos pelas próprias escolas.
Conforme acordado com governo federal na gestão passada, a Prefeitura do Rio deverá tentar novamente a implementação do projeto do Museu do Rádio, utilizando o acervo da Rádio Nacional, pertencente à União.
A Praça Mauá foi o principal pólo de concentração artística das décadas de 1920 a 1970, período conhecido como a fase de ouro do rádio brasileiro.
Fonte: https://www1.folha.uol.com.br/folha/reuters/ult112u27952.shtml