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Em ano eleitoral, plano traça ações imediatas

 

FOLHA DE S. PAULO

07 de agosto de 2006

FOLHA Ilustrada

Fonte: FOLHA DE S. PAULO. Em ano eleitoral, plano traça ações imediatas. Jornal Folha de S. Paulo, Cad. Ilustrada, 07/08/2006. Disponível em http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ilustrad/fq0708200619.htm. Acesso em 09/08/2006.


Em ano eleitoral, plano traça ações imediatas

DA REPORTAGEM LOCAL

 

Seguido ao anúncio de que o professor Teixeira Coelho assumiria o cargo de curador coordenador do Museu de Arte de São Paulo (Masp), na última sexta-feira, a diretoria da instituição divulgou um "Plano Cultural" a ser implantado com "ações imediatas".
O escandaloso corte de energia, ocorrido em maio passado, decorrente da falta de pagamento das contas de luz, teve o mérito de tornar visível a crise do museu -e não apenas a financeira-, que há anos perdeu a importância cultural na cidade por ausência de profissionais qualificados para criar a programação do Masp.
Mesmo assim, a atual diretoria, com o arquiteto Júlio Neves à frente, não manifestou o desejo de alterar a rota que vinha seguindo. Durante o anúncio do restabelecimento da energia e do plano de pagamento, em maio passado, por exemplo, a diretoria do museu, por meio da responsável pela programação, a colecionadora Beatriz Pimenta Camargo, reafirmou que o Masp continuaria a organizar mostras a partir de sua coleção sem procurar vínculos com a produção contemporânea, produção esta que deveria ser objeto da ação de outros museus e da Bienal de São Paulo.
No plano anunciado na última quinta, contudo, há uma significativa alteração nos princípios da direção do museu. Entre as atividades básicas propostas estão a "maior abertura de seu acervo também para a contemporaneidade e mostras de arte com novas tecnologias de expressão e comunicação", a "premiação anual do Masp destinada a jovens artistas", "ações de apoio à arte brasileira" e a "utilização do vão livre para mostras de arte".
Graças ao corte de fornecimento de energia, a pressão pela profissionalização deixou de pertencer apenas a figuras externas ao museu, mas seus próprios conselheiros, especialmente os empossados recentemente, passaram a exigir medidas que dessem novos rumos ao Masp. Numa dessas reuniões, foi pedida até a renúncia de seu presidente.
Em outubro próximo, quando Neves irá alcançar 12 anos à frente do museu, o Masp passará por novas eleições. O "Plano Cultural" aponta para uma nova fase da instituição, que, na prática, significa a retomada de uma ação comum durante a gestão -que durou quase 40 anos (1947-1996)- de Pietro Maria Bardi: um comando curatorial forte, o que Teixeira Coelho pode e sabe fazer, e um diálogo com a produção de arte contemporânea, o que pode injetar vida ao museu.
Entretanto, lançar um plano três meses antes das eleições, após uma gestão de 12 anos e sob críticas generalizadas, soa como estratégia para manter a atual direção no museu. Não há dúvida de que, estruturalmente, a atual gestão capacitou o museu a manter e expor seu acervo dignamente, apesar de alterar drasticamente o projeto de exibição de Lina Bo Bardi, um dos primeiros desafios do novo curador. Irá ele manter as paredes que desconfiguraram a arquitetura original de Lina ou se submeterá ao tecnicismo característico dos últimos anos de gestão? Se conseguir devolver ao museu seu espírito original, o curador poderá mostrar que o "Plano Cultural" não é mero projeto eleitoral.
(FC)


Fonte: FOLHA DE S. PAULO. Em ano eleitoral, plano traça ações imediatas. Jornal Folha de S. Paulo, Cad. Ilustrada, 07/08/2006. Disponível em http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ilustrad/fq0708200619.htm. Acesso em 09/08/2006.