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Justiça pede plano para retirada de bilheteria no vão do Masp

Folha de São Paulo, 22.02.2014

ARTUR RODRIGUES

O Masp (Museu de Arte de São Paulo) se comprometeu com a Justiça a fazer um estudo para retirar a bilheteria e os biombos do vão-livre.

A liberação do espaço é uma cobrança de órgãos de proteção do patrimônio histórico e artístico, que afirmam que a estrutura instalada não faz parte do projeto da arquiteta Lina Bo Bardi.

A Procuradoria Geral do Estado entrou com ação civil pública após o Masp descumprir uma decisão do Condephaat (conselho do patrimônio histórico estadual), em março do ano passado.

Em audiência realizada em 22 de janeiro, o Masp se comprometeu a apresentar o estudo no prazo de 60 dias -ou seja, até o mês que vem.

A bilheteria foi colocada no local em 1997, para uma exposição de obras de Monet, visando ordenar a entrada.

"Há uma bilheteria provisória que há anos interrompe a visão no vão-livre", afirma a arquiteta Nádia Somekh, presidente do Conpresp (patrimônio histórico municipal), que participou da audiência na Justiça.

Além da bilheteria, o Masp mantém um guarda-volumes e uma estrutura de detectores de metais. "Existe necessidade de controle de acesso, mas achamos que isso deveria ser feito de maneira menos agressiva à arquitetura do museu", diz o arquiteto Renato Anelli, diretor do Instituto Lina Bo e P.M. Bardi.

Ele lembra que, antes da instalação da bilheteria, os visitantes entravam pelo subsolo do museu, onde era feito o controle do acesso.

"Depois, mudaram o piso, colocaram uma série de obstáculos em um espaço que deveria estar aberto."

Questionado pela Folha, o Masp afirmou que só se manifestará sobre o assunto após o fim do prazo judicial, que termina no mês que vem.

Segundo a Procuradoria do Estado, se o museu não apresentar o projeto, a ação será julgada e a Justiça definirá o que precisará ser feito.

A retirada da bilheteria divide visitantes do museu. "Acho que poderiam colocar essas estruturas em outro lugar. Assim, viraria, de fato, um vão livre", afirma o psicanalista Ademar Maurício, 44.

A estudante Laís Ikoma, 17, diz acreditar que a bilheteria é útil. "Acho que não atrapalha em nada. É tudo bem organizado visualmente."

Já a empresária Cristiana Tavanielo, 50, afirma que não se incomoda. "O que me incomoda são aquelas pessoas ali sem nada para fazer", diz ela, mostrando moradores de rua deitados no meio do vão.

O vão-livre do museu esteve no centro de uma polêmica no fim do ano passado, quando moradores de rua montaram barracas e passaram a viver no local.

O curador-chefe do museu, Teixeira Coelho, chegou a dizer que cercar o local "amenizaria a situação". A prefeitura retirou as barracas. O Ministério Público abriu um inquérito para investigar a situação e cobrou a manutenção do espaço aberto. Na tarde de ontem, já havia pelo menos uma barraca no local.

 

Link para a matéria original: https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2014/02/1416157-justica-pede-plano-para-retirada-de-bilheteria-no-vao-do-masp.shtml?fb_action_ids=10201084060058396&fb_action_types=og.recommends&fb_source=other_multiline&action_object_map=%5B1470057673206266%5D&action_type_map=%5B%22og.recommends%22%5D&action_ref_map=%5B%5D