Direção do Masp diz que vão-livre já é usado para traficar drogas
ARETHA YARAK
O vão-livre do Masp é um dos mais novos cenários paulistanos tomados pelo comércio de drogas, segundo a direção do próprio museu.
"Vende-se todo tipo de droga, principalmente na região dos bancos, que ficam próximos ao vão", afirma Fernando Pinho, superintendente do Masp, que tem reunido provas sobre a venda de drogas.
O espaço é de responsabilidade da prefeitura, mas vigiado de perto por uma base da PM -que a direção do museu afirma já ter alertado.
Na tarde de ontem, a Folha flagrou rapazes que usavam maconha e a intensa troca de embrulhos entre eles.
A movimentação de usuários de droga no vão do Masp se tornou mais preocupante no último mês, quando a exposição "A Terra vista do céu" foi inaugurada.
A coordenação afirma ainda que diariamente visitantes e monitores são até coagidos por moradores de rua que perambulam por ali.
Recentemente, uma das funcionárias teve de chamar a polícia para retirar um grupo que usava drogas dentro da tenda permanente da exposição. "Depois disso, fiquei com receio. Já presenciei venda e consumo de droga aqui", disse a funcionária, que preferiu não se identificar.
A situação pode colocar em risco parte do trabalho da exposição do vão-livre, com encerramento previsto para 15 de dezembro.
O curador Christian Boudier pensa em encerrar as atividades educativas, preocupado com a segurança dos monitores e mesmo dos alunos que vão ao local.
"Já fiz exposição até na Cinelândia. Nunca tive um problema similar." Na tarde de ontem, crianças corriam entre as fotos respirando um forte cheiro de maconha.
O consumo de drogas no vão-livre do Masp não é exclusivo de moradores de rua que fixaram moradia no local. De acordo com a direção e com funcionários do museu, é uma prática comum também entre pessoas que trabalham na av. Paulista.
Ontem, após a saída da reportagem do Masp, a PM deteve dois usuários, ambos estudantes de direito.
"A maior parte das prisões que efetuamos no vão do Masp é por uso de maconha", diz sargento Anderson, responsável pela Base Trianon, em frente ao museu.
O Masp tem feito sucessivos pedidos de apoio à Subprefeitura da Sé. "A guarda municipal aparece esporadicamente, mas não dispersa de vez", diz Fernando Pinho.
A queixa é de que, além de ponto de comércio de drogas, a área está cada vez mais suja, com acúmulo de entulhos e com os muros pichados.
Link para a matéria original: http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2013/11/1369104-direcao-do-masp-diz-que-vao-livre-ja-e-usado-para-traficar-drogas.shtml