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Masp libera entrada de menores na exposição sobre sexualidade, atendendo ao MPF

por ADRIANA FERREIRA SILVA

Ministério Público Federal emitiu nota técnica ao Ministério a Cultura que libera a entrada de menores de 18 anos à exposição "Histórias da Sexualidade", em cartaz no Museu de Arte de São Paulo (Masp)

 

Marie Claire - Cultura 07.11.2017 - 17h56 - ATUALIZADO ÀS 07.11.2017 18h04 | por ADRIANA FERREIRA SILVA

Link para a matéria original: http://revistamarieclaire.globo.com/Cultura/noticia/2017/11/masp-libera-entrada-de-menores-na-exposicao-sobre-sexualidade-atendendo-ao-mpf.html

Após a polêmica em torno da classificação indicativa imposta pelo Museu de Arte de São Paulo (Masp) à exposição Histórias da Sexualidade, cuja entrada estava liberada apenas para maiores de 18 anos, o Ministério Público Federal atua agora em sentido contrário, liberando a mostra para todas as idades. Em nota publicada na segunda (6/11), o MPF afirma que enviou aos ministros da Cultura, da Justiça e dos Direitos Humanos parecer técnico sobre "liberdade artística e proteção de crianças e adolescentes", no qual destaca que, "no âmbito da artes, a nudez e sua representação fazem parte do registro de todas as civilizações, e que apresentações envolvendo a nudez do artista ocorrem com frequência em museus de arte contemporânea e moderna do mundo".

Com isso, o Masp passa a permitir o acesso de menores de idade à exibição, que resgata a história da sexualidade na arte por meio de cerca de 250 obras de artistas de todas as épocas. Em comunicado à imprensa o museu afirmou que seguindo a orientação do MPF,  o "revisou a classificação etária de 18 anos para a exposição Histórias da Sexualidade, que deixa de ser restritiva e passa a ser indicativa. Desse modo, menores de 18 anos poderão visitar a exposição desde que acompanhados por seus pais ou responsáveis".

Entenda o caso
Há três anos, quando a equipe de curadores do Museu de Arte de São Paulo (Masp) idealizou seu programa de exposições, não podia imaginar que a mostra dedicada à sexualidade seria inaugurada num momento tão polêmico. A abertura de Histórias da Sexualidade, no fim de outubro, transformou-se num ato político que reu­niu artistas, incluindo o chinês Ai Weiwei (um dos mais importantes criadores contemporâneos), em defesa da liberdade de expressão. A manifestação foi convocada para apoiar o museu e protestar contra o cancelamento da exibição Queermuseu, no Santander Cultural, em Porto Alegre, acusada de ter imagens que fariam apologia à pedofilia e à zoofilia; e à condenação do Museu de Arte Moderna (MAM) por ter permitido que uma criança, acompanhada pela mãe, se aproximasse de um performer nu.

Em consequência, o Masp cercou-se de cuidados e adotou pela primeira vez a classificação indicativa de 18 anos. “Preparamos um programa para atender aos adolescentes do ensino médio que viriam à mostra mas, por causa do que está acontecendo, corríamos o risco de ser censurados e retirarem parte das obras”, explica Lilian Schwarcz, curadora-adjunta da instituição. “Fomos obrigados a fazer esse recuo: não vamos tirar nenhum artista. É um alerta para as pessoas agirem juntas.”

Dividida em núcleos como voyeurismo, jogos sexuais e mercado do sexo, reúne cerca de 250 peças de mais de 140 artistas – desde clássicos como Pablo Picasso e Francis Bacon a contemporâneos como Adriana Varejão, cujo quadro, que mostra personagens em diferentes posições sexuais, estava na Queermuseu. Entre corpos nus e esculturas fálicas, no entanto, nada choca tanto quanto a desproporcional reação ao anúncio da mostra.