Arte também pode retratar conteúdos pesados, diz colunista
A arte retrata as experiências humanas. Conteúdos pesados também são parte dessa experiência, lembra Renato Janine
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No último domingo, o presidente francês Emmanuel Macron visitou, em Paris, a exposição Picasso 1932: Ano Erótico. O nome da exposição é uma referência ao período de 12 meses, considerado o “ano das maravilhas” pelo mundo artístico, quando o pintor espanhol Pablo Picasso produziu mais de 300 obras. Enquanto isso, no Brasil, políticos estão censurando as exposições de arte. Esse é o tema da coluna semanal do professor Renato Janine Ribeiro.
O professor destaca que, ao longo da história, a arte sempre elaborou a experiência humana: a religião, a política, o amor, a natureza. Mas a arte também pode trabalhar com conteúdos pesados, como o estupro. “E se fizer uma representação artística disso, jamais será apologia ao estupro. Ao mesmo tempo, o estupro é muito frequente em nossa sociedade, com notícias quase que diárias. Essas histórias devem ser divulgadas nas mídias e é importante que elas sejam alvo de uma elaboração artística”, diz o docente.
Janine comenta que um museu ou galeria de arte não é o local onde se terá contato com a pornografia, no sentido de algo que procure incitar pessoas a praticarem sexo, mas sim a fazerem uma reflexão sobre isso. Além disso, exposições eróticas costumam ter entrada regulada, sendo que menores de idade somente podem entrar acompanhados dos pais ou responsáveis. “A arte é uma forma de pensamento. Não é um pensamento racional, mas é uma forma de pensamento. Então, toda tentativa de coibir isso é muito ruim. Até porque estamos diante de escolhas de adultos.”