Mantovani sobre saída da Funarte: 'Não sei, tem que ver com quem me demitiu'
Em entrevista à CNN, o maestro Dante Mantovani disse nesta quarta-feira (6) que não sabe por que foi exonerado do cargo de presidente da Fundação Nacional de Artes (Funarte). "Não sei, tem que ver com quem me demitiu", afirmou ele. "Não estou sabendo de nada, por que que anularam. Eu soube pela imprensa."
Mantovani foi nomeado e exonerado da presidência da Funarte em menos de 24 horas na terça-feira (5). Ele declarou que foi nomeado pelo ministro-chefe da Casa Civil, general Braga Netto, mas que o contato para voltar a presidir o órgão foi feito por "um assessor do Planalto", cujo nome Mantovani não quis revelar. O maestro já havia ocupado o cargo entre dezembro de 2019 e março deste ano.
"Na semana passada, houve contato do Planalto para eu voltar à Funarte", disse Mantovani. "Não foi nada muito certo, o assessor disse que ia falar com o presidente, se era possível eu voltar e se eu tinha interesse."
O maestro disse não ter ficado chateado com a revogação da nomeação para o cargo, e afirmou que "uma vez que você entra na política isso pode acontecer". O ex-presidente da Funarte disse que ficou mais incomodado com a imprensa pois, segundo ele, não foi dado espaço para se esclarecer sobre declarações feitas em seu canal no YouTube, como um vídeo em que associou o rock às práticas de aborto e satanismo.
"Não fui demitido por conta do vídeo. Eu gravei ele antes de ser nomeado. Era de uma aula de um curso de música", afirmou ele, acrescentando que, na ocasião, ele citou três livros que falavam sobre os assuntos mencionados no vídeo e teve sua frase tirada de contexto. "Não corresponde à minha opinião pessoal. Comecei minha carreira musical no rock."
Relação com Regina Duarte
O maestro descreveu uma relação distante com a secretária Especial da Cultura, Regina Duarte. "Nunca tive contato com ela", disse.
"Teria que ver as ações dela. Acho que tem condições [de executar um trabalho satisfatório], se ela quiser", declarou.
Em entrevista à revista Veja após sua saída do cargo, Mantovani criticou Regina Duarte e disse que a secretária "só promove diálogo com a esquerda".
O maestro criticou a esquerda e disse que ela sempre comandou a Secretaria Especial de Cultura, desde que foi criada. "Acho que em um governo conservador temos que ter uma Secretaria de Cultura com tonalidade conservadora. Precisa haver uma política cultural conservadora."
Questionado se acredita que há pessoas da esquerda infiltradas no governo, Mantovani disse achar "que isso é evidente".
"Uma política conservadora é exatamente o oposto do que está em vigência. Valores como patriotismo, família, liberdade... Você não vê esses valores sendo contemplados nas propostas de hoje", afirmou.
Sobre a relação entre os integrantes do governo de Jair Bolsonaro (sem partido), Mantovani disse que "falta entendimento". "A democracia deveria aprimorar o entendimento entre os atores políticos. A esquerda é muito articulada. Na direita, todo mundo briga com todo mundo", argumentou.
Vai e volta na Funarte
Nessa terça-feira (5), o Palácio do Planalto revogou a nomeação de Dante Mantovani para o cargo de presidente da Funarte, órgão responsável pelo desenvolvimento de políticas públicas de fomento às artes visuais, à música, ao teatro, à dança e ao circo no país. Ele havia sido reconduzido ao cargo pela manhã.
Graduado em música pela Universidade Estadual de Londrina (UEL), Mantovani foi nomeado à presidência da Funarte pela primeira vez em dezembro de 2019, indicado por Roberto Alvim, na época secretário especial da Cultura.
Mantovani exonerado do cargo em 4 de março, no mesmo dia em que a atriz Regina Duarte assumiu a Secretaria Especial da Cultura. Na época, ele foi demitido após a repercussão de posicionamentos polêmicos em seu canal no YouTube.
"O rock ativa a droga, que ativa o sexo, que ativa a indústria do aborto. A indústria do aborto por sua vez alimenta uma coisa muito mais pesada que é o satanismo. O próprio John Lennon disse que fez um pacto com o diabo", disse o maestro.
Em outra declaração, Mantovani afirmou que agentes comunistas infiltrados na CIA (Agência Central de Inteligência dos EUA) foram responsáveis por distribuir LSD para o público no festival de Woodstock, em 1969. Segundo ele, o objetivo seria "destruir a família" e, assim, afetar o capitalismo.