Ex-assessor de Carlos Bolsonaro, Luciano Querido é nomeado presidente da Funarte
Luciano Querido, ex-assessor do vereador Carlos Bolsonaro, foi oficializado como presidente da Fundação Nacional de Artes (Funarte) nesta segunda-feira. A nomeação assinada pelo ministro chefe da Casa Civil, Walter Braga Netto, foi publicada no Diário Oficial da União. Formado em direito, designer digital e técnico em TI (tecnologia da informação), Querido já estava comandando interinamente a entidade desde maio.
Ele é casado com Luciana Alves Miranda Barbosa, que foi lotada no gabinete de Jair Bolsonaro na Câmara dos Deputados, conforme mostrou levantamento do GLOBO sobre as famílias empregadas pelo clã Bolsonaro. Querido ainda é padrastro de Allan e Isabella Alves Miranda Bastos, que também foram empregados nos gabinetes de Jair e Carlos Bolsonaro, respectivamente.
No início de julho, o Ministério Público Federal (MPF) entrou com uma ação na Justiça pedindo que seja suspensa a nomeação de Luciano Querido para a presidência da Funarte. De acordo com o MPF, Querido não possui a formação específica ou a experiência profissional exigida por lei para ocupar o cargo de chefia.
Ele havia sido nomeado em maio para a diretoria executiva da Funarte, quando o governo reconduziu o maestro Dante Mantovani para a presidência do órgão. Porém, o presidente Jair Bolsonaro recuou da indicação de Mantovani e Querido passou a comandar a instituição. Antes de ser alçado para a diretoria, ele atuou ainda em um cargo comissionado no Centro de Programas Integrados da entidade.
Segundo seu currículo publicado numa rede social, ele atuou entre 2002 e 2017 no gabinete do filho do presidente Jair Bolsonaro, na câmara de vereadores do Rio de Janeiro. Sua função era cuidar de “toda a parte de informática, como designer gráfico, web designer e banco de dados e mídias sociais” do gabinete.
A avaliação sobre a atuação do designer digital como presidente da Funarte vem dividindo opiniões entre servidores e pessoas ligadas ao órgão ouvidas em caráter reservado pelo GLOBO. Enquanto alguns falam em "desmonte" da instituição devido nomeações por conveniência política e sem perfil técnico, outros servidores afirmam que Querido mostrou uma postura de diálogo com o corpo técnico da casa, ao contrário das últimas gestões como a de Dante Mantovani, por exemplo.
Após ele assumir interinamente a Funarte, o órgão anunciou o investimento de quase R$ 20 milhões em ações artísticas pelo Brasil. Porém, a maioria dos projetos já estava sendo elaborada pelo corpo técnico da Funarte nos últimos anos, mas vinha sendo retardada devido às constantes trocas de gestão na pasta
Históricamente vinculada à Secretaria Especial da Cultura, a Funarte passou neste ano a ser subordinada ao Ministério do Turismo, chefiado por Marcelo Álvaro Antonio.