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Fundação Bienal de São Paulo, Ministério das Relações Exteriores e Ministério da Cultura anunciam curadores e artista da participação nacional brasileira na 60. Exposição Internacional de Arte – La Biennale di Venezia

Este ano, a seleção do projeto curatorial e artístico do Pavilhão do Brasil adotou um novo sistema de avaliação, com uma comissão composta por representantes das três instâncias realizadoras avaliando projetos de curadores convidados, tornando o processo mais aberto e participativo. Como parte da proposta selecionada, o Pavilhão do Brasil será renomeado durante a exposição.
Fundação Bienal de São Paulo, Ministério das Relações Exteriores e Ministério da Cultura anunciam curadores e artista da participação nacional brasileira na 60. Exposição Internacional de Arte – La Biennale di Venezia

Fachada do Pavilhão do Brasil - © Riccardo Tosetto / Fundação Bienal de São Paulo

Fonte: https://bienal.org.br/participacao-brasileira-biennale-arte-2024/?utm_campaign=2023_11_01_newsletter_especial_anuncio-60bv&utm_medium=email&utm_source=RD+Station

 

BIENAL DE SÃO PAULO

01 de Novembro de 2023

 

A Fundação Bienal de São Paulo, em parceria com o Ministério das Relações Exteriores e o Ministério da Cultura, anuncia a participação brasileira na Biennale Arte 2024: a exposição Ka’a Pûera: nós somos pássaros que andam, de Glicéria Tupinambá e convidados, com curadoria de Arissana Pataxó, Denilson Baniwa e Gustavo Caboco Wapichana. A mostra prevê, ainda, que o Pavilhão do Brasil seja renomeado para Pavilhão Hãhãwpuá.

Vencedora do Prêmio PIPA 2023, a artista Glicéria Tupinambá, também conhecida como Célia Tupinambá, lidera a representação do Brasil na 60ª Bienal de Veneza, ao lado de sua comunidade e outros convidados que serão anunciados proximamente, trazendo a riqueza da cultura Tupinambá e sua jornada de resistência e ressurgimento.

Ka’a Pûera: nós somos pássaros que andam

O título Ka’a Pûera faz alusão a duas interpretações interligadas. Em primeiro lugar, ele se refere às antigas florestas desmatadas pelos Tupinambá para o cultivo agrícola, que posteriormente se regeneram, revelando potencial de ressurgimento. Além disso, a capoeira é também conhecida pelos Tupinambá como uma pequena ave que vive em florestas densas, camuflando-se no ambiente. A exposição Ka’a Pûera: nós somos pássaros que andam aborda questões de marginalização, desterritorialização e violação dos direitos territoriais, convidando à reflexão sobre resistência e a essência compartilhada da humanidade, pássaros, memória e natureza.

Glicéria Tupinambá foi encarcerada no ano de 2010, e vive a trajetória do povo indígena Tupinambá, que foi estrangeiro por séculos em seu próprio território, com suas lideranças criminalizadas, perseguidas, desaparecidas, tendo parte de seus bens culturais levados. Estrangeiros em seu Hãhãw (território ancestral), os Tupinambá eram considerados extintos até o ano de 2001, quando finalmente o Estado Brasileiro reconhece que os Tupinambá não só nunca haviam sido exterminados, como estão ativos na luta para reaver seu território e parte de sua cultura que fora retirada pela colonização. A exposição Ka’a Pûera: nós somos pássaros que andam celebra a resiliência e a memória das comunidades indígenas brasileiras no contexto do tema global da Bienal de Veneza.

“Em Tupi antigo, idioma dos Tupinambá, Ka’a Puera são antigas florestas derrubadas para se plantar roças. Após a colheita, esse espaço fica em repouso, surgindo assim um lugar com uma vegetação mais baixa. Ao primeiro olhar, esse espaço pode parecer infértil e inóspito, porém é na capoeira que está uma grande variedade de plantas medicinais. E, com o solo em recuperação, logo poderá ser uma nova roça para sustento da comunidade ou uma nova floresta. Onde aparentemente não há vida, é a possibilidade do ressurgimento. Porém, capoeira é também conhecida pelo povo Tupinambá como uma pequena ave que vive em densas florestas, possui suas penas de tons marrom, laranja e cinza que camuflam o pássaro no solo da mata”, explicam os curadores. Com essa dupla significação, a exposição propõe, assim, “que nos lembremos daqueles que estão à margem, desterritorializados, invisibilizados, encarcerados, violados de seus direitos territoriais, porém que nos chamam para a resistência, acreditando que, somos humanos-pássaros-memória-natureza, porque, sempre existirá a possibilidade de ressurgimento e resistência”.

Para José Olympio da Veiga Pereira, presidente da Fundação Bienal de São Paulo, o novo processo de seleção de projetos para a participação nacional brasileira em Veneza é motivo de celebração: “Desde a última Bienal de Arquitetura de Veneza, estamos aperfeiçoando nossa abordagem na escolha de projetos. O sucesso que nos brindou com nosso primeiro Leão de Ouro nos enche de confiança de que este projeto também será um triunfo. Através da seleção, por um comitê, de propostas apresentadas por diversos curadores, temos a oportunidade de ampliar diálogos e fortalecer a inclusão das vozes que ecoam por todo o nosso país nesta vitrine global da arte contemporânea que é a Bienal de Veneza. Desta vez, o pavilhão será imbuído da visão de curadores e artistas de povos originários, que trazem uma perspectiva urgente para o mundo, ligada ao tema global da edição.”

O Pavilhão Hãhãwpuá

O Pavilhão Hãhãwpuá simboliza o Brasil como território indígena, com “Hãhãw” significando “terra” na língua patxohã. O nome “Hãhãwpuá” é usado pelos Pataxó para se referirem ao território que, antes da colonização, era conhecido como Brasil, mas que já teve muitos outros nomes.

Explorando o tema Foreigners Everywhere da 60. Exposição Internacional de Arte – La Biennale di Venezia

A participação do Pavilhão Hãhãwpuá na 60. Exposição Internacional de Arte – La Biennale di Venezia está alinhada com o tema Foreigners Everywhere. A exposição destaca a memória da floresta, da capoeira e dos pássaros camuflados como uma metáfora das lutas dos povos indígenas brasileiros e suas estratégias de ressurgimento e resistência. A artista Glicéria Tupinambá, representante de seu povo, traz a perspectiva de Foreigners Everywhere para a realidade dos povos indígenas do Brasil, cuja história inclui séculos de marginalização em seu próprio território.