Museu Afro de SP demite 23 funcionários durante a pandemia; profissionais criticam 'falta de esforço' de gestão
Foto de arquivo mostra exposição no Museu Afro Brasil, no Parque Ibirapuera, Zona Sul de São Paulo — Foto: Paulo Liebert/Estadão Conteúdo
Grupo redigiu carta aberta em que critica Organização Social por não propor negociação, nem tentar manter o efetivo durante a crise. Em nota, Secretaria da Cultura disse que orientação foi para evitar demissões.
O Museu Afro Brasil, localizado no Parque Ibirapuera, Zona Sul da cidade de São Paulo, demitiu 23 de seus 84 funcionários durante a pandemia do coronavírus. O grupo redigiu uma carta aberta em que critica a Organização Social (OS) que administra o local por não propor negociação, nem tentar manter o efetivo durante a crise.
Fundado em 2004, o Museu Afro Brasil é uma conquista do Movimento Negro que, nos últimos 100 anos defendeu a necessidade de preservar a história afro-brasileira para compreender a cultura de toda a sociedade.
Por isso, os funcionários demitidos redigiram uma carta em que denunciam a demissão em massa na instituição, a gestão do Museu Afro Brasil na condução da crise do Covid-19 e os cortes no orçamento da cultura pelo governo do estado.
Em nota, a secretaria de cultura disse que o governo do estado realmente suspendeu despesas não emergenciais, mas com o objetivo de garantir recursos para as áreas de saúde e segurança pública por três meses, durante a pandemia da Covid-19. A pasta acrescentou que recomendou às OSs para que evitassem demissões (leia mais abaixo).
O que dizem os funcionários
Para o grupo de profissionais, a OS que administra o Museu Afro Brasil realizou as demissões sem se esforçar para manter o efetivo, sem qualquer tipo de negociação sobre a redução do salário e da carga horária de trabalho, por exemplo.
"A medida adotada pela direção do Museu Afro Brasil revela a irresponsabilidade dessa gestão na condução de uma crise dessa proporção, colocando uma grande quantidade de trabalhadores em uma situação de vulnerabilidade material em meio a uma profunda crise sanitária e econômica, sem antes apresentar o esforço de reduzir danos", escreveram os funcionários na carta.
Os trabalhadores demitidos também criticaram os corte de custos anunciado pelo governador João Doria (PSDB) em abril para o enfrentamento à pandemia, que atingiu duramente o setor, e representa uma redução pela metade no orçamento das OSs que fazem a gestão dos equipamentos de cultura do estado.
O que diz a Secretaria da Cultura
Em nota, a Secretaria da Cultura disse que o governo do estado realmente suspendeu despesas não emergenciais, mas com o objetivo de garantir recursos para as áreas de saúde e segurança pública por três meses, durante a pandemia da Covid-19.
A pasta confirma que houve redução de 14% no valor dos repasses em 2020 para as organizações sociais e explicou que cada uma tem autonomia para definir como aplicar a redução.
A secretaria acrescentou que recomendou que as OSs evitassem demissões e autorizou o uso do Fundo de Contingência de cada instituição, de modo que a decisão de demitir 23 funcionários foi tomada pela direção do Museu Afro, com amparo do seu Conselho de Administração.