Projeto do Guggenheim
Como seria o Guggenheim no Rio de Janeiro
Fonte:
Camila Pohlmann
O Globo On Line
10/09/2003 - 21h00m
Saia ou não saia da maquete, a oportunidade de conhecer o projeto do novo museu faz valer a visita o Centro de Arquitetura e Urbanismo (CAU)
Envolto em brumas de polêmica e, por hora, suspenso por força de uma liminar, o Museu Guggenheim Rio é o grande atrativo da exposição que o arquiteto Jean Nouvel abre nesta quinta-feira ao público no Rio.
Saia ou não saia da maquete, a oportunidade de conhecer o projeto do novo museu faz valer a visita o Centro de Arquitetura e Urbanismo (CAU). E, de quebra, convida a conhecer também destaques da carreira do arquiteto francês, considerado um dos mais importantes do mundo contemporâneo.
"Sempre achamos que se o carioca entrasse em contato com a obra de Nouvel, cresceria a aceitação do nosso Guggenheim. É mais fácil ter uma opinião sobre o que conhecemos", explicou o secretário municipal de Urbanismo, Alfredo Sirkis, apressando-se em acrescentar que a suspensão da obra, a seu ver, é só uma questão política que pode ser contornada.
"A verdade é que a construção do museu depende das eleições de 2004. Se Cesar Maia for reeleito, teremos museu. Se não, vamos ver."
O teto de água é uma das idéias polêmicas de Nouvel para o museu do Rio
Arquiteto diz que polêmica é comum em obras públicas
Nouvel, por sua vez, não se espanta com o imbroglio em que se meteu no Brasil. Ele explica que quase todas as suas obras públicas passaram por complicadas negociações políticas, incluindo aquela que é considerada uma de suas obras-primas, o Instituto do Mundo Árabe:
"Toda vez que se conta com dinheiro público é assim. Temos que ter paciência. De minha parte, encaro o projeto do Rio como mais um dos que tenho em andamento, não está nada suspenso", disse, lembrando a polêmica da construção do Centre Georges Pompidou (Beaubourg) nos anos 70 em Paris.
"A oposição é muito parecida com a que temos agora no Rio."
Na nova ala de vidro ficarão a biblioteca, o auditório e uma grande sala para exposições temporárias
Nouvel assina seis museus em construção no mundo
Em três salas escuras, estão expostos 14 projetos de museus que levam a assinatura de Nouvel ao redor do mundo, desde o inesquecível Instituto do Mundo Árabe, em Paris, ou o conceitual Guggenheim de Tóquio, fadado a nunca sair do papel.
Montada pelo escritório do próprio francês, a mostra é rica em ilustrações e material audiovisual: vídeos e projeções de slides estão por toda parte. Em comum, os projetos revelam a paixão do arquiteto pela luz, tratada por ele como um elemento fundamental, um material a mais na obra.
No projeto do Rio, não é diferente. Nouvel aposta nos raios de sol tanto para criar efeitos especiais nas salas de exposição submersas, com azulejos de vidro especial que filtrarão a luz inflitrada através do mar quanto nas calçadas de aço, que refletirão o brilho da luz quebrando nas ondas do mar.
Quem for à exposição vai perceber outras similaridades nos prédios que levam a marca Nouvel. No novo museu do Quai Branly, dentro de um parque aos pés da Torre Eiffel, a inspiração é a África, com florestas exuberantes e materiais naturais.
No Brasil, Nouvel planeja reproduzir a nossa mata atlântica num jardim secreto escondido debaixo d'água.
Um aviso: se não sair do papel, o projeto do museu carioca não será reaproveitado. Por isso, esta pode acabar se transformando numa oportunidade única.
"Cada prédio que construo é como um filho. Não tenho favorito, não consigo remendá-los, nem reaproveitá-los. Se o negócio não der certo, morre a idéia," lamenta Nouvel.
Uma das salas de exposição do futuro Guggenheim Rio de Janeiro, de acordo com o projeto
JEAN NOUVEL Centro de Arquitetura e Urbanismo: Rua São Clemente 117, Botafogo - 2503-2750. Ter a dom, do meio-dia às 20h.
