Decisões XVII CBA

Moção contra a construção do Museu Guggenheim no Rio de Janeiro realizada pelos arquitetos reunidos no XVII Congresso Brasileiro de Arquitetura.

Decisões do XVII Congresso Brasileiro de Arquitetos

Carlos Fernando de Souza Leão Andrade

Carlos Fernando de Souza Leão Andrade é arquiteto e presidente do Instituto de Arquitetos do Brasil, Departamento do Rio de Janeiro

Duas importantes decisões foram tomadas na Assembléia Geral de encerramento do XVII Congresso Brasileiro de Arquitetos. A primeira, apoiada pelo diversos órgãos representativos da categoria – Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB), Federação Nacional dos Arquitetos e Urbanistas (FNA), Associação Brasileira de Ensino de Arquitetura (Abea), Associação Brasileira dos Escritórios de Arquitetura (Asbea) e Associação Brasileira de Arquitetos Paisagistas (Abap) – propõe a imediata criação do Colégio de Arquitetos e consequente desligamento da categoria do sistema CREA-CONFEA. A segunda decisão versa sobre a necessidade de maior transparência e legalidade na contratação dos arquitetos responsáveis pelos projetos do Museu Guggenheim e Cidade da Música.

Colegio de Arquitetos

Uma das mais importantes decisões do XVII Congresso Brasileiro de Arquitetos, encerrado dia 3 de maio no Rio, foi a iniciativa de encaminhar ao Congresso Nacional o anteprojeto de lei que regulamenta a profissão de arquitetos e urbanistas, e desvincula a categoria do CREA. Por unanimidade, defendem a necessidade da existência de um conselho federal e conselhos regionais próprios, desligados da estrutura do CREA, de abrangência multiprofissional, que engloba atualmente, além de engenheiros e arquitetos, também agrônomos, geólogos, geógrafos e meteorologistas, dentre outras categorias.

O jurista Miguel Reale Júnior, responsável pela redação final do anteprojeto, lembra que desde 1933, quando a profissão foi regulamentada, seus profissionais vêm pleiteando legislação própria e direito a autogestão. E que de lá até hoje, "assistiu-se a um processo acelerado de urbanização, mudou o processo produtivo e tecnológico, mudaram as perspectivas educacionais e culturais que orientavam a educação dos jovens e a definição e vocações, e o Brasil se viu envolvido em novas demandas e desafios que afetam diretamente o exercício das profissões".

Em defesa da reivindicação, Miguel Reale ressalta que "nesse contexto se inserem as atividades de arquitetura e urbanismo, pelo interesse público, pelo caráter social e humano de que se revestem as ações que visam a atender a estratégia de ocupação do território nacional, à organização do habitat, aos assentamentos humanos, à preservação do meio ambiente e do patrimônio histórico, cultural, tecnológico, arquitetônico, paisagístico e urbanístico".

O anteprojeto se articula ainda a um Código de Responsabilidade Profissional, a um Código de Ética, a outras normas constitucionais, e em especial à lei 9.610/98, que trata de direitos autorais.

Museu Guggenheim e Cidade da Música

Os arquitetos reunidos no XVII Congresso Brasileiro, que terminou dia 3 de maio no Rio, aprovaram na última sessão plenária, por unanimidade, uma moção de protesto contra a construção do museu Guggenheim na cidade. E pedem o cancelamento da contratação assinada pela prefeitura, pelo menos nos termos em que tem sido anunciada.

Eis a íntegra:

Moção contra a construção do Museu Gugenheim

Considerando:

  • a notícia veiculada pelos jornais de que a prefeitura da cidade do Rio de Janeiro assinou contrato com o Museu Guggenheim visando à construção de uma filial daquela instituição no Rio de Janeiro;
  • que a citada contratação contraria os preceitos basilares das leis federais 5.194/66 e 8.666/93;
  • que os estudos apresentados pela própria prefeitura apontam para a necessidade de que vultosas somas venham a ser necessárias para cobrir os déficits operacionais do museu;
  • que a cidade do Rio de Janeiro já dispõe de um invejável conjunto de centros culturais e museus, como prova a realização da Mostra Internacional Rio Arquitetura, que neste momento ocupa 35 estabelecimentos com mais de 40 exposições;
  • e, finalmente, que a cidade do Rio de Janeiro já é repleta de símbolos reconhecidos nacional e internacionalmente, ao contrário de outros centros urbanos que necessitaram encontrar artificialmente marcas que os identificassem,
  • Os arquitetos reunidos no XVII Congresso Brasileiro de Arquitetos, na cidade do Rio de Janeiro, no dia 3 de maio de 2003, deliberaram:

1 – Requerer o cancelamento da contratação, pela prefeitura da cidade do Rio de Janeiro, do Museu Guggenheim, ao menos, os termos em que vem sendo anunciada;

2 – Requerer que a contratação de projetos de arquitetura, como os do Museu Guggenheim e da Cidade da Música, se faça através de concursos públicos, e que, quando o porte aconselhar, que se organizem certames internacionais segundo as normas preconizadas pela UIA-Unesco