Mulheres que adotam papéis alternativos nas sociedades indígenas
Escrita em 1576, a primeira história do Brasil, de Gandavo, traz este interessante, embora exíguo, registro de mulheres que adotam papéis alternativos nas sociedades indígenas.
Pero de Magalhães Gandavo, História da Província de Santa Cruz,
“Do gentio
que há nesta província, da condição
e costumes dele, e de como se governam
na paz”
Algumas índias há também entre eles que determinam de ser castas, as quais não conhecem homem algum de nenhuma qualidade, nem o consentirão ainda que por isso as matem. Estas deixam todo o exercício de mulheres e imitam os homens e seguem seus ofícios como se não fossem fêmeas. Trazem os cabelos cortados da mesma maneira que os machos, e vão à guerra com seus arcos e flechas e à caça perseverando sempre na companhia dos homens, e cada uma tem mulher que a serve com que diz que é casada, e assim se comunicam e conversam como marido e mulher.
Fonte: Pero de Magalhães Gandavo, História da Província de Santa Cruz. São Paulo: Hedra, 2008.
* Imagem da capa: anotações pessoais de Betty Mindlin, com rascunho de tradução Suruí Paiter – Português, por volta 1985. Está no prelo, hoje, um livro dos Suruí Paiter organizado por Ana Suelly Cabral em lingua Suruí, sobre o corpo humano.