Artistas-professores debatem o lugar e o papel da arte na universidade
Exposição 'Transformandos': obras dos alunos formados em artes plásticas e artes visuais pela ECA-USP em 2015
O episódio recente da tentativa de rebaixamento do Ministério da Cultura a uma secretaria do Ministério da Educação expôs o questionamento ao incentivo das artes e da cultura no Brasil. Em períodos de crise econômica, não são raras as declarações que incentivam os cortes orçamentários nesse segmento. Na academia sua presença também é controversa.
“Apesar da inclusão na estrutura universitária e científica no país, as artes não são vistas como uma área do conhecimento equivalente às biológicas, engenharias e medicina”, afirma Martin Grossmann, coordenador acadêmico da Cátedra Olavo Setubal de Arte, Cultura e Ciência, que organiza o encontro Arte, Artista, Universidade, às 9h30 do dia 15 de agosto, na Sala de Eventos do IEA. O debate será transmitido ao vivo pelo site do IEA.
Em formato de mesa-redonda, o evento reunirá artistas-professores e Sergio Paulo Rouanet, primeiro titular da Cátedra, para contextualizar e problematizar o lugar e o papel da arte na universidade, bem como o papel da universidade no incentivo e fomento à cultura na sociedade contemporânea. A Cátedra Olavo Setubal de Arte, Cultura e Ciência é resultado de uma parceria entre o IEA e o Itaú Cultural.
Para debater o assunto, estarão presentes o artista e professor do Instituto de Artes da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), Ricardo Basbaum; a artista e professora da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), Raquel Garbelotti; a artista, cineasta e professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Katia Maciel; o artista Rubens Mano, de São Paulo; e o artista Marco Giannotti, professor da Escola de Comunicação e Artes (ECA) da USP. Cada um deles irá apresentar suas ideias sobre o tema, com comentários posteriores de Rouanet e debate moderado por Grossmann.
A discussão terá como ponto de partida textos escritos por Rouanet e Barbara Freitag sobre a teoria kantiana da arte e a teoria de Walter Benjamin sobre a perda e recuperação da aura na era da reprodutibilidade técnica da obra de arte, tema que será explorado pela dupla na tarde do mesmo dia, na conferência O Prazer Desinteressado da Arte? De Kant à Cultura Pós-Aurática de Walter Benjamin, no IEA.
Iniciado nos anos 70, o ensino das artes nas universidades brasileiras ainda tem, em sua maioria, cursos pautados na Crítica do Juízo de Kant, que, segundo Grossmann, não garante à arte o "estatuto da objetividade". "Nessa condição, a arte não está fundada e circunscrita por princípios objetivos como a ciência. No entanto, a cultura pós-aurática propicia à arte outros estatutos que ainda não estão suficientemente esclarecidos e explorados, principalmente no contexto universitário", explica o coordenador acadêmico da Cátedra.
A atividade é a primeira da série de três encontros da Cátedra para o mês de agosto. Além da conferência sobre o prazer desinteressado da arte, na manhã de 17 de agosto o titular volta ao IEA para o debate A Ciência e suas Fronteiras.