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Técnicas de Apagamento e Reconstrução da Memória da Escravidão nos Espaços de Eugenia Urbanística

Por Cláudia Regina para o IEA/USP em 02/08/2019

18° encontro da Jornada Relações do Conhecimento entre Arte e Ciência: Gênero, Neocolonialismo e Espaço Sideral

Da abolição ao presente, inúmeras técnicas de controle social procuraram ocultar a cultura negra e os sítios fundamentais da história da escravidão, como no caso da proposta de Rui Barbosa de destruir os arquivos da escravidão como modo de apagar a chaga do cativeiro. Outras formas da desmemorização foram a ideia de “higienização” das cidades, a teoria do embranquecimento e a apropriação de padrões afro-brasileiros por discursos de exotização. Jaime Lauriano reconfigura a memória da escravidão em mapas do Brasil ou plantas do centro de São Paulo. É tarefa do artista afrodescendente estabelecer um foco em questões de sua origem? Rommulo Vieira Conceição reivindica o direito a trabalhar sobre qualquer pauta como qualquer outro artista. Quais são as alianças necessárias à discussão da dimensão afro do Brasil? Como a exclusão dos negros afeta os campos da arte, da academia, da crítica e da ciência?

Comemoração da Semana da Consciência Negra.

Homenageados: Manuel Querino e Abdias do Nascimento. Manuel Querino foi um abolicionista e historiador da arte que criou o mais radical corte analítico na história da arte brasileira, que é o reconhecimento do valor estético dos objetos de culto dos orixás. Essa posição no início do século XX resiste às teorias de embranquecimento e antecipavam ideias europeias sobre art nègre, numa compreensão que o próprio modernismo brasileiro não atingiu plenamente. Abdias do Nascimento, nascido em Franca, mudou-se para o Rio de Janeiro, onde criou o Teatro Experimental do Negro, desenvolveu um ativismo cultural ao longo de sua vida. Sua resistência à ditadura de 1964, o levou ao exílio nos Estados Unidos, onde lecionou, desenvolveu sua pintura e fez contatos políticos com os black panthers. Grande referência para a emancipação dos negros no Brasil, foi eleito senador pelo Rio de Janeiro na abertura democrática.

Organização

Programação

  • Paulo Herkenhoff. Arte dos afro-descendentes e os movimentos da história da arte no Brasil no século XXI. (Moderador).

  • Igor Simões. Eugenia, entre a arte e a ciência; tarefas do curador afro-descendente? O direito a tratar do mundo.

 

Sobre a Jornada

A jornada de seminários compõe a disciplina "Relações do Conhecimento entre Arte e Ciência: Gênero, Neocolonialismo e Espaço Sideral", oferecida pela Pró-Reitoria de Pós-Graduação da USP em associação à Cátedra Olavo Setubal de Arte, Cultura e Ciência, uma parceria entre o IEA-USP e o Itaú Cultural.

O programa da disciplina foi formulado pelos dois titulares da Cátedra em 2019: o crítico, curador e historiador de arte Paulo Herkenhoff e a biomédica Helena Nader, professora da Unifesp. A intenção é promover uma discussão profunda sobre as inter-relações arte e ciência ao longo dos tempos, perpassando por aspectos como proeminência cultural de um país sobre outro, questões de gênero, de estilos e formatos.

No total, serão 19 aulas entre os meses de agosto e dezembro, sempre às quintas e sextas-feiras, das 14h às 17h, que irão reunir palestrantes e debatedores de diversas áreas do conhecimento e que são lideranças em suas áreas de atuação. Cada seminário terá um homenageado e abordará um tema específico.

Veja o programa completo (sujeito à alteração).

Fonte: http://www.iea.usp.br/eventos/jornada-arte-e-ciencia-18