Arte urbana produzida pelas periferias brasileiras é tema de encontro na Cátedra Olavo Setubal
Uma das obras do artista plástico paulistano Michel Onguer
Após refletir sobre a literatura produzida nas periferias, a Cátedra Olavo Setubal de Arte, Cultura e Ciência promoverá um debate sobre arte urbana a partir de experiências estéticas como o grafite, pixo e HQ produzidas por artistas das periferias das cidades. Esse diálogo reunirá artistas do Rio de Janeiro e de São Paulo com o objetivo de propiciar trocas de experiências e reflexões sobre a percepção dessas artes pela população das cidades.
O encontro Marcas na Pele da Cidade: Narrativas Visuais das Periferias é o segundo do ciclo Centralidades Periféricas, organizado pela cátedra sob a coordenação de Eliana Sousa Silva, e será realizado no IEA, no dia 28 de setembro, a partir das 14h. Para acompanhar presencialmente é preciso se inscrever, o que não é necessário para os interessados em acompanhar a atividade ao vivo pela internet.
Participarão Panmela Castro, artista visual e mestre em processos artísticos contemporâneos, Carlos Esquivel, artista carioca conhecido como “Mestre Acme”, Marcelo D'Salete, professor, ilustrador e autor de histórias em quadrinhos, Michel Onguer, artista plástico e fundador da Ciclo Social Arte, e Sérgio Miguel Franco, curador e produtor cultural.
Segundo Marcio Vidal, poeta e colaborador da cátedra, representações visuais como pichações e grafite “carregam histórias e contextos específicos, vindos de lugares e repertórios que nos deslocam na cidade”. Para ele, trazer para a USP artistas oriundos da periferia e que estampam toda a cidade com suas intervenções é uma maneira de demonstrar à Universidade a relevância de diferentes movimentos artísticos.
“A ideia da Eliana com a cátedra é justamente trazer a periferia para dentro da USP e levar a USP até a periferia também, mas não de uma forma vazia”, lembra. Por isso, Vidal reitera que o propósito do encontro é que o público e os debatedores reflitam sobre como é possível ultrapassar o diálogo e estabelecer um vínculo real entre a periferia e a universidade. “Além de um evento, o que isso pode virar?”
Por divergir do método academicista, ele acredita que o conhecimento produzido nas periferias raramente é aceito nas universidades. “É exatamente isso que o Centralidades Periféricas quer discutir”. Segundo ele, o tema é “velho” no Rio de Janeiro, que conta com projetos como o Universidades das Quebradas, que leva todo o conhecimento gerado pelas periferias para a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e vice-versa. “Os professores vão até o subúrbio para dar aulas e as pessoas saem da periferia para dar aulas na UFRJ também.”
O ciclo Centralidades Periféricas apresenta diálogos para o público geral entre docentes, técnicos, estudantes, artistas, intelectuais, ativistas e moradores de periferias brasileiras sobre o tema geral “Democracia, Artes e Saberes Plurais”.
Foto: Michel Onguer/Facebook