Descrição da Obra e Desenhos Esquemáticos Preliminares
O projeto proposto para o Espaço de Instalações do Museu do Açude consiste na construção de uma passarela de madeira que percorre o espaço aéreo entre as árvores numa determinada área da floresta.
O lugar escolhido para a instalação do trabalho é uma encosta coberta de vegetação, com declive acentuado no terreno, onde se encontram diversas árvores altas. Partindo de um ponto dessa encosta, acessível ao público, a passarela se apoiará nas árvores e, num movimento ascendente, percorrerá o espaço aéreo, oferecendo ao visitante imersão no ambiente da floresta.
A construção da estrutura obedecerá a um desenho de projeto que prevê um percurso ascendente, mas sua forma final será determinada pelo posicionamento das árvores, uma vez que o apoio da estrutura se dará unicamente nos troncos das árvores mais altas que tenham capacidade de sustentação. Seu desenho será, portanto, o resultado de uma combinação da intenção do artista e das condições impostas pelo ambiente.
A topografia do local escolhido possibilitará a visão da peça a partir de vários ângulos – desde um ponto situado muito abaixo do local da instalação até uma vista superior, a partir de um ponto mais alto da encosta.
A escolha da madeira como material, tanto para a estrutura, como para o piso e o guarda-corpo, visa a uma integração natural da peça ao meio ambiente. Vale registrar que o contato entre a estrutura da obra e o caule das árvores obedecerá a critérios ambientalmente responsáveis, de modo a não infringir danos físicos à natureza. Serão adotados procedimentos construtivos adequados, afim de não prejudicar o desenvolvimento das espécies.
O projeto proposto segue uma linha de pesquisa que tenho desenvolvido nos últimos dez anos, com a realização de trabalhos que exploram de diversas maneiras as questões da paisagem e da criação de estruturas arquitetônicas que
possibilitam experimentações diferenciadas do espaço real. Tanto as instalações em espaços institucionais, como as construções em espaços abertos, realizadas
ou propostas em maquetes, são meios de que me utilizo para discutir a paisagem e sua relação com a arquitetura.
A idéia da passarela proposta para o Espaço de Instalações do Museu do Açude é a de criar uma presença escultórica no meio da mata que atrairá o olhar do público, provocando a aproximação e criando a possibilidade de entrar na floresta e fazer um passeio pelo alto das árvores. Esse deslocamento de pontos de vista, entre uma obra feita para o olhar e uma obra que convida a olhar, gera uma reflexão sobre a condição de bem tombado (o parque do Museu do Açude). Isto é, somos observadores do passado ou criamos as condições para que o passado faça sentido para o nosso presente?
Eduardo Coimbra
outubro 2007