Inhotim ensaia reabertura
Museu terá 14 galerias abertas, mas obras cuja fruição envolvem contato físico, como Viewing machine, de Olafur Eliasson, permanecerão interditadas
Instituto de Arte Contemporânea passa a receber a partir de hoje público restrito a 10% de sua capacidade. Determinadas obras e galerias permanecerão fechadas por razões sanitárias.
Há quase oito mesas fechado à visitação pública, o Instituto de Arte Contemporânea Inhotim reabre neste sábado (7), com restrição da entrada a 10% de sua capacidade de lotação, o que quer dizer que serão permitidos apenas 500 visitantes simultâneos. Para eles, estarão disponíveis 14 galerias, oito jardins temáticos, além das obra dispostas no Jardim Botânico. O instituto adota protocolos para evitar a contaminação pelo novo coronavírus e investe em programação virtual neste período de transição. Para a visitação, é necessário retirar ingresso com antecedência no site Sympla.
Os últimos três anos foram marcados por dificuldades no Inhotim. No início de 2018, o surto de febre amarela em Minas Gerais causou uma queda significativa na bilheteria do museu, que passou a exigir cartão de vacinação dos visitantes. Um ano depois, o rompimento da barragem da Vale prejudicou o funcionamento do espaço, que teve de fechar suas portas por 10 dias.
Entretanto, nada se compara aos efeitos da pandemia da COVID-19, neste 2020. O Inhotim interrompeu suas atividades em 18 de março passado. "O impacto financeiro, assim como em todas as outras instituições artísticas e culturais pelo mundo, foi muito forte. No caso do Inhotim, que depende da sua bilheteria, o abalo foi bastante grande", afirma Antonio Grassi, diretor-presidente do Instituto Inhotim.
Grassi aponta, no entanto, avanços na relação com os parceiros neste período da crise sanitária. Durante a pandemia, a Vale se tornou patrocinadora máster do museu, por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura, contrabalanceando financeiramente a falta de bilheteria para a manutenção do espaço. Ainda assim, o Instituto dispensou funcionários em maio, priorizando a preservação do emprego dos moradores de Brumadinho.
A reabertura do museu obedece a um planejamento de retorno gradual ao padrão anterior à pandemia. "É importante que a gente não tenha um funcionamento com ocupação total, tanto de visitantes como de funcionários, para que, num segundo momento, a gente possa ampliar o número de visitantes. Nós precisamos também aprender a treinar algumas questões para esse formato novo", diz o diretor-presidente.
INTERDIÇÃO. Obras e galerias cuja visitação implica interação, contato físico ou manuseio por parte dos visitantes ficarão interditadas. É o caso de alguns dos maiores hits do Inhotim, como as obras Viewing machine, de Olafur Eliasson, Magic Square, de Hélio Oiticica, e Piscina, de Jorge Macchi. As galerias Cosmococa, de Hélio Oiticica, e Fonte, dedicada a mostras audiovisuais, também seguirão fechadas.
"Como a quantidade de obras são bastante amplas, a gente vê que a interdição de algumas obras, neste momento, não danifica a visitação", avalia Grassi.
Segundo ele, apesar do cenário adverso, a retomada das atividades é importante. "A gente vem notando um desejo e uma necessidade grande das pessoas, depois de tanto tempo de quarentena, de estarem num lugar como o Inhotim".
O Inhotim recomenda aos visitantes consulta prévia em seu site dos novos protocolos de saúde e segurança, que estarão vigentes nas 14 galerias abertas. Há regras como o uso obrigatório de máscara e especificações de funcionamento dos pontos de alimentação, circulação e transporte interno.
Para os que preferirem continuar em casa, o museu continuará oferecendo neste mês de novembro uma programação virtual. Durante a quarentena, o instituto teve um aumento de mais de 10 mil seguidores no Instagram e somou mais de 2.400 novas inscrições em seu canal no YouTube. No mesmo período, o alcance das publicações no Facebook foi de 335.518 para 890.256, enquanto o número de visualizações dobrou. "Isso foi um passo muito importante, e a gente acredita que não deveria perder essa conquista", comenta Grassi.
Neste domingo (8), às 11h, a Orquestra de Câmara Inhotim interpreta clássicos da MPB, como Tropicália e Alegria, alegria, numa apresentação gravada dentro de Inhotim, que marca a retomada da orquestra, formada por jovens prioritariamente da Escola de Cordas de Inhotim, que seguiram o período de isolamento social tendo aulas remotas.
O documentário Hélio Oiticica, dirigido por César Oiticica, ficará disponível nas redes sociais do instituto até o próximo dia 27. E em 28 de novembro, será exibido o show Besta fera, de Jards Macalé, em homenagem a Hélio Oiticica. A apresentação será gravada ao lado da Margic Square.
Antonio Grassi se diz animado e ansioso com a retomada das atividades presenciais do Inhotim. "Acho que essa quarentena mostrou a importância da arte e da cultura para as pessoas. O que estamos sentindo é que a arte e a cultura serão muito mais valorizadas do que tinham sido até agora".
INSTITUTO INHOTIM
Visitação: sextas (das 9h40 às 16h30), sábados, domingos e feriados (das 9h30 às 17h30). Ingressos: R$ 44 e R$ 22 (meia).
Passaporte 2 dias: RS 76 e R$ 38 (meia). Passaporte 3 dias: R$ 106 e R$ 53 (meia).
Na última sexta feira de cada mês (exceto em feriados) a entrada é gratuita. É preciso retirar ingresso on-line via Sympla, com antecedência.
Protocolo de funcionamento disponível em: http://conteudo.inhotim.org.br/inhotimdevolta-protocolo-de-funcionamento