Histórico! Sandra Benites é a primeira curadora indígena de um museu de arte no Brasil
Demorou, mas aconteceu. Enfim, temos uma indígena no posto de curadora de arte em um dos maiores e mais importantes museus da América Latina.
Doutoranda em Antropologia Social pelo Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Sandra Benites acaba de ser contratada pelo MASP. A Guarani Nhandewa é doutoranda em Antropologia Social pelo Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e curadora.
A contratação fortalece a presença de vozes e arte indígenas no programa do museu e sua presença será especialmente crucial em 2021, ano em que o MASP dedicará toda a sua programação às Histórias indígenas ao redor do mundo - contatando curadores de tribos locais para compor a exposição.
Como Vogue adiantou pelo Instagram, o projeto recentemente ganhou o fomento do Sotheby’s Prize, que visa reconhecer excelência curatorial e apoiar exposições que exploram temas sub-representados ou negligenciados da história da arte.
Vale mencionar que Sandra Benites trabalha desde 2004 com educação indígena. Foi professora de arte em uma escola de ensino fundamental em Aracruz, Espírito Santo, na comunidade Guarani entre 2004-2012 e coordenadora pedagógica na Secretaria de Educação em Maricá, no Rio de Janeiro, assessorando escolas indígenas. No currículo, estão as curadorias da exposição DjaGuata Porã: Rio de Janeiro Indígena no Museu de Arte do Rio em 2017-18, além de também assinar a co-curadoria da exposição sobre lideranças indígenas no Sesc Ipiranga a ser realizada em 2020.
“O projeto da exposição ‘Histórias indígenas’ no MASP é muito importante para despertar memórias indígenas, muitas das quais se encontram adormecidas. Quando falamos em histórias, sempre falamos de um conhecimento ancestral, e o objetivo será o de narrar essas histórias a partir de uma visão indígena sobre o ‘ywy rupa’, que é a territorialidade Guarani”, diz Sandra via comunicado para imprensa.
“Estamos nos sentindo extremamente sortudos em poder trazer Sandra para nosso time e já estamos colaborando com ela de diferentes formas”, afirma Adriano Pedrosa, diretor artístico do MASP. “Essa é uma virada para o MASP e também para o cenário museológico como um todo, já que lideramos esse caminho para construção de narrativas mais plurais, diversas e inclusivas, não apenas discutindo e exibindo arte indígena, mas ao conseguir fazer isso sob a orientação excepcional de Benites.”