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SIMPÓSIOS | 26o ENCONTRO ANPAP 2017

SIMPÓSIOS | 26o ENCONTRO ANPAP 2017

SIMPÓSIO1. HISTÓRIA DO ENSINO DAS ARTES VISUAIS: CONVERGÊNCIAS E DIVERGÊNCIAS ENTRE POLÍTICAS

PÚBLICAS E PRIVADAS NAS MEMÓRIAS E INVENTAÇÕES

Ana Mae Barbosa [USP e UAM], Rejane Galvão CouRnho [UNESP], Fernando Antonio Gonçalves de Azevedo [UFPE] Dando con(nuidade ao processo de busca de interpretação da história do ensino das Artes Visuais no Brasil, tendo em vista os desafios do presente, propomos ampliar as discussões sobre os princípios epistemológicos, metodológicos e políticos na confluência entre a experiência do passada e os dilemas atuais. O próprio tema do Congresso – Memórias e inventAÇÕES – nos desafia nessa direção, especialmente, quando somos impulsionados a rever a epistemologia colonizadora que dominou e ainda domina o campo das Artes Visuais. Isso na busca de inventar ações descolonizadoras, portanto, reinventar teorias e metodologias. Movidos, nesse sen(do, pelo desejo de explicar o presente e de revelar os processos construtivos e identitários de nossa profissão, pesquisadoras e pesquisadores estão produzindo valiosos textos para entendermos que os tempos se intercomunicam. O hoje tem ramificação de vários ontens. História não é apenas o estudo do passado, mas o aqui e agora já é História que, se organiza nos intervalos da tessitura entre a interpretação, a imaginação e a plausibilidade. Propomos, assim, nesta 26a edição do Encontro da ANPAP, este simpósio que se abre para explorar a historicidade da nossa profissão, numa perquirição acerca do tempo em uma perspec(va epistemológica descolonizadora: o tempo heterogêneo e conYnuo, capaz de propor saltos sociais, culturais, polí(cos e também induzir retrocessos e provocar destruições culturais. Acreditamos que nas convergências e nas divergências entre as polí(cas públicas e projetos privados podem-se abrir fissuras desestabilizadoras.

Palavras-Chave. História do ensino das Artes Visuais; Espistemologias descoloniais; Arte/Educação.

SIMPÓSIO2. MEMÓRIAS NA/DA FORMAÇÃO DE PROFESSORES DE ARTES VISUAIS: HERANÇAS E MEDIAÇÕES

Maria Cristina da Rosa Fonseca da Silva [UDESC], Consuelo Alcioni Borba Schlichta [UFPR], Gerda Margit Schutz Foerste [UFES]

Memórias fazem parte da Formação de Professores de Artes Visuais, não apenas enquanto heranças, mas enquanto processos sociais que engendram novas prá(cas, instrumentos e materiais. Problema(zamos a memória como sinônimo de passado, daquilo que se guarda ou armazena, mas também ques(onamos as diferentes formas de ocultação e esquecimento a que são subme(das as memórias de grupos minoritários, entre eles os professores de arte. Nos perguntamos, como se produz socialmente a memória? Desta forma, o conceitos de memória é por nós revisitado na dimensão histórica (LeGoff, 1994), social (Halbwachs, 1994, 2006) , cultural (Eagleton, 2005) e política (Marx & Engels, 2010) que assume. A memória como reflexão/ação do presente, em cul(vo do passado e projeção do futuro. Conforme Gilberto Velho (1994, p.101), “se a memória permite uma visão retrospectiva mais ou menos organizada de uma trajetória e biografia, o projeto é a antecipação no futuro dessas trajetória e biografia, na medida em que busca, através do estabelecimento de objetivos e fins, a organização dos meios através dos quais esses
poderão ser atingidos”. Nesse sentido, os estudos e investigações realizadas pelos professores, artistas e pesquisadores que integram o Observatório da Formação de Professores de Artes Visuais analisam as diferentes mediações das memórias e história na formação docente. O simpósio aqui proposto fomenta reflexões sobre os lugares de memória enquanto espaços da formação docente. Ao mesmo tempo, propõe discussões contextualizadas acerca das memórias enquanto espaços de conflitos sociais (Bosi, 1987 e Pollak, 1989), com afirmações e ocultamentos. Destacamos em nossa interlocução as contribuições da Pós-Graduação na sistema(zação de estudos sobre espaços expositivos na formação docente, sobre a utilização da fotografia, vídeos, objetos e instalações no cultivo da memória docente de
artes. Interessa ao debate do simpósio aproximar a academia de escolas, museus, centros de memória e institutos históricos para refletur sobre a formação docente e os diferentes contextos de produção de memórias. O debate se estabelece a partir das diferentes perspectivas epistemológicas de inventariar, cultivar e publicar para projetar criar e recriar a sociedade.

Palavras-Chave. Memórias de professor; artes visuais; pós-graduação.

SIMPÓSIO3. PASSADOS PRESENTES: A TEMPORALIDADE HETEROGÊNEA NA HISTÓRIA DA ARTE

Ana Maria Albani de Carvalho [UFSM], Ana Maria Tavares Cavalcanti [UFRJ], Luiz Cláudio da Costa [UERJ]

A historia da arte tem buscado novos modelos de temporalidade. A imagem do tempo já não condiz com as ideias de origem e linearidade provenientes do historicismo positivista de Ranke e do idealismo universalista de Hegel. Embora a concepção de uma evolução linear do tempo permaneça presente nas narrativas da cultura de massa, as concepções criticas da temporalidade que tiveram inicio no século XX no âmbito da teoria da historia tendem a ser retomadas. Os discursos da Pos-modernidade colaboraram para novas concepções de tempo, mas o momento foi de perda da historicidade. Seja na critica de Jean-François Lyotard às grandes narrativas, seja na complexa arquitetura do tempo de Gilles Deleuze, a historia foi posta sob suspeita. Todavia, distanciando-se do Pos-modernismo, a historia da arte busca novos modelos de temporalidade historica. Autores como Aby Warburg e Walter Benjamin, bem como conceitos da Psicanálise e da Antropologia vem sendo recuperados para pensar a historia da cultura sob a perspectiva de modelos temporais heterogêneos. As reflexões de Michel Foucaut e de Jacques Derrida sobre a noção de arquivo como prova e origem da verdade também tem sido de grande proveito para as reflexões da historia. O próprio arquivo já não é prova de uma origem. Ele é vestigio, traço da memória esquecida, a ser nao decifrado, mas interpretado. As imagens não são apenas formas da semelhança com a origem, mas sintomas da dessemelhança, dos deslocamentos, das transformações. Enquanto o passado sobrevive no presente, o presente torna-se anacrônico. Novos lugares para a historia da cultura, incluindo o trauma e os sofrimentos de grupos singulares, tem aberto o discurso da historia da arte a outros modelos de verdade e de temporalidade. As instituições de arte tem incorporado narrativas de grupos marginalizados, cultural ou economicamente. As memórias individuais, as historias familiares, as vozes marginais contribuem para a construção de uma historia cole(va da cultura. Neste simpósio, propomos seis eixos para pensar novos modelos de temporalidade histórica no campo da arte:

1. Modos de perceber o tempo nas artes visuais;
2.Memórias individuais, historias coletivas;
3. O inatual, o anacrônico e o intempestivo na historia da arte;
4. Arte e trauma;
5. Tempos expostos: relatos curatoriais e historias narradas nos espaços de exposição;
6. Condições de elaboração do discurso histórico: a pesquisa em arte contemporânea.

Palavras-chave. temporalidades heterogêneas; historias coletivas; arte e trauma

SIMPÓSIO 4. VISUALIDADES CONTEMPORÂNEAS: MEMÓRIAS E APRENDIZAGENS EM REDE

Alice Fátima Martins [UFG], Aline Nunes da Rosa [UDESC], Lara Lima Satler [UFG]

Tendo em vista os princípios das aprendizagens colaborativas, dos processos de criação compartilhados, tendência de um contexto digital de rede 2.0, neste simpósio propõe-se discutir pesquisas em andamento voltadas para a produção de imagens, a invenção de narra(vas, em conexão com a memória. A noção de memória, aqui, não reporta possíveis experiências (ultra)passadas, mas território de atualização de experiências, de movimentação de novas relações, de conformação do sujeito em continua autorrecriação, um sujeito que não para de se produzir, inventar, torcer, em termos deleuzianos. A exemplo do documentário Jogo de cena (2007), de Eduardo Coutinho, a memória não pretende representar uma realidade. Ao contrário, faz sen(do pensar nela como uma fabulação, uma invenção das participantes que, ao narrar suas histórias ao cineasta, reinventam-se, em um processo dinâmico. Também o artista plástico Cao Guimarães, na obra intitulada Memória (2008), propõe uma metáfora para ela: a pequena imagem do que ficou para trás exposta em um retrovisor colado em um parabrisa de um carro onde se vê a paisagem do que ainda está por vir. Este diálogo entre presente passado e futuro expresso por meio de imagens em movimento exige pensar no processo de ir e vir das janelas do lembrar. Assim, a memória pode ser entendida como um acionador de narrativas, de experiências que agenciem imagens e sentires, que nos ajudem a dar conta de viver e sobreviver em nosso cotidianos. Nesses termos, a memória, em tensionamento com as visualidades, propicia também a produção de sentidos e reinvenção da experiência, em narrativas e processos de aprendizagem deflagrados tanto nos ambientes de educação formal, quanto por onde os sujeitos aprendentes disponham-se a modificar-se, em diálogo com o ainda não sabido. E diálogo supõe encontro com o outro, o estabelecimento de conexões. Redes de relações mediadas por narrativas entre memórias, aprendizagens, negociações. Narrativas encharcadas de experiências do já vivido, em processo de atualização continua. Fluxos de visualidades atravessando memórias. Fabulações.

Palavras-Chave. visualidades; memórias; aprendizagens em rede.

SIMPÓSIO 5. HISTÓRIA DAS EXPOSIÇÕES

Lisbeth Ruth Rebollo Gonçalves [USP], Bruna Wulff Feier [UFRS]

No campo das artes visuais, as exposições constituem um lugar para se pensar e discutir a arte. Funcionam como espaço de ativação e experienciação esté(ca, mas também como espaço de construção conceitual, que pode interferir na prática historiográfica e na elaboração de teorias. Considerando o crescente interesse de pesquisadores e demais atores do campo artistico pela temática da história das exposições, o presente simpósio objetiva reunir pesquisas que observam, analisam e refletem sobre como artistas e obras tem sido incorporados à história da arte a partir de elementos, relações de poder e intenções que extrapolem a questão estética por si só. Dessa forma, a proposta é abrigar discussões que apresentem diferentes perspectivas sobre como a história social da arte, ou a história das instituições e exposições tem contribuído para a legitimação da produção artistica e sua inserção na escrita de histórias da arte no Brasil, na América Latina e no mundo. Considerando as atuais configurações do sistema da arte, seus mecanismos, atores e instâncias de legitimação, a intenção é debater tópicos que questionem - a partir da análise de exposições emblemáticas, bienais, projetos curatoriais inovadores e mesmo feiras - a noção contemporânea de autonomia; a geração de novos cânones curatoriais, críticos e expositivos; as estratégias de visibilidade e circulação em um âmbito global; bem como as narrativas que englobam a assimilação de práticas artisticas tanto por instituições quanto pelo mercado.

Palavras-Chave. história das exposições; processos de legi(mação; sistema da arte.

SIMPÓSIO 6. HISTORIOGRAFIA DA ARTE NO BRASIL: MEMÓRIAS E INVENTAÇÕES

Vera Pugliese [UnB], Patrícia Correia [UFRJ]

O simpósio propõe uma discussão sobre a historiografia da arte no Brasil, voltando-se a explorações da escrita da história da arte no país. A proposta se alinha ao tema do 26o Encontro da ANPAP, concernente à articulação de memória e história da arte, bem como à "inventio" em dois sentidos: o de inventário, na acepção expandida de
arquivo, e o de inventar, como elaboração ou reelaboração de objetos, problemas e sentidos da arte no Brasil/ brasileira. Trata-se de uma discussão ainda recente e exígua, porém de crescente importância. Nossa historiografia da arte tem sido marcada por precariedades institucionais, pelo isolamento dos regionalismos e especialidades ou pela dificuldade de organização de uma memória artistica ancorada em narrativas mais abrangentes, mesmo que sob o modelo historicista da construção da singularidade nacional pela identificação de seu caráter artistico. O simpósio pretende acolher trabalhos que estimulem o pensamento e o debate sobre os limites e potencialidades da produção historiográfica da arte no Brasil. Interessam especialmente textos que abordem:
- Conceitos operativos e a historicidade de seus usos no Brasil: barroco, acadêmico, moderno, contemporâneo etc.; período e es(lo; derivação e inovação – tensões entre perspectivas regionais e nacionais ou locais e globais.
- Questões metodológicas e teóricas específicas da história da arte, sua recepção e desenvolvimento no Brasil – teorias e métodos interpretativos; filiações e deslocamentos; contextualização de debates; contribuições intelectuais.
- Construção de nexos e paradoxos entre matrizes eruditas e populares, europeias, indígenas e africanas na historiografia da arte brasileira – invenção e desconstrução do nacional; tensões entre modelos “hegemônicos” e “marginais”; colonialidade do discurso histórico da arte.
- Produção de narrativas e temporalidades na historiografia da arte no país: continuidade e causalidade; memória, tradição e iden(dade; ruptura, “saltos dialé(cos” e montagem; repetição, sobrevivência e esquecimento.
- Biografia como problematização historiográfico-artistica – revisão e reelaboração de percursos de artistas, críticos, historiadores e pensadores da arte no Brasil.

Palavras-Chave. historiografia da arte no Brasil; arte no Brasil; problemas teórico-metodológicos.

SIMPÓSIO 7. HISTÓRIA E OS PERCURSOS DA ARTE E TECNOLOGIA DIGITAL NO BRASIL

Nara Cristina Santos [UFSM], Priscila Arantes [PUC São Paulo, UAM], Cleomar Rocha [UFG]

O simpósio aborda a História e os percursos da Arte e Tecnologia Digital, com foco na produção brasileira, sua repercussão e presença no mundo. Busca resgatar ações que construíram a vertente tecnológica da arte no Brasil, desde os pioneiros até nossos dias, a partir do olhar de quem as protagonizou, testemunhou ou investigou. Ao tematizar os percursos, o lastro se estrutura nos artistas, nas obras e projetos, nas exposições e festivais, nos veios poéticos e estéticos que consolidaram a área. Nesse sentido, interessa ao simpósio não exatamente o escrutinio histórico, mas as investigações que permeiam a História e Teoria da Arte, a Crítica e Curadoria, a Educação e Arte, a Conservação e as Poéticas Artisticas, em abordagens transversais que, juntas, revelam a complexidade das ações que tecem a memória recente da arte e tecnologia no país.

Palavras-Chave. arte e tecnologia; arte digital; história da arte.

SIMPÓSIO 8. INVENTARIAR A GUERRA ENTRE MUNDOS: ARTE MODERNA, REALISMO E PADRÕES CULTURAIS EM DISPUTA

Marcelo Mari [UnB], Daniela Pinheiro Machado Kern [UFRGS]

Se a Semana de Arte Moderna foi no campo da produção simbólica consequência necessária da sociedade de economia cafeeira, com a crise da Velha República, o surgimento e irradiação das novas ideias políticas revolucionarias da Europa, onde o confronto entre fascismo e comunismo se intensificaria na década de 1930, o debate brasileiro nas artes visuais ganharia partidarizações, visões de mundo dispares e muitas vezes conflitantes. Como diria Mário Pedrosa em "Entre a Semana e as Bienais", seu célebre texto sobre o projeto moderno no Brasil, “o ambiente de alta tensão social e de crise institucional não permitia mais as explosões puramente estéticas ou culturais da Semana”. De fato, a revolução de 1930 e a consolidação do golpe da ditadura estadonovista em 1937 abririam espaço para os realismos estéticos e para uma volta à ordem no sentido, às vezes, mais problemático do termo. Este estado de coisas esteve conjugado a posturas ambíguas como a adesão de uma parte dos modernistas históricos, tais como Manuel Bandeira, Mário de Andrade, Lúcio Costa, entre outros, ao establisment, ao passarem a colaborar com o Estado Novo. Nos anos que se seguiram até o início dos anos de 1940, parte importante de nossa produção visual e arquitetônica ganhou reconhecimento internacional por via da política pan-americanista no continente. Dois nomes se destacaram: Candido Portinari e Oscar Niemeyer. Com a abertura política no pós-Segunda Guerra, especialmente entre 1945 e 1951, cresce a disputa no Brasil sobre seu lugar específico no reordenamento mundial produzido pelas zonas de influência determinadas pelos Estados Unidos e pela União Soviética. Deriva daí o debate do projeto moderno no Brasil e no mundo. Este simpósio pretende recuperar e inventariar a memória das relações entre crítica de arte e militância política a partir dos anos de 1930 até 1950, que se cristalizaram em uma tradição ligada à crítica dos modernismos e também dos realismos, como manifestações vigentes de políticas culturais estabelecidas no Brasil e no Mundo.

Palavras-Chave. padrões de modernismo em disputa; realismos versus modernismos; guerra entre mundos.

SIMPÓSIO 9. HISTÓRIA DA ARTE E MEMÓRIAS MARGINAIS. ESQUECIMENTOS, CONTRADIÇÕES, FLUXOS E CONTRA/ NARRATIVAS.

Carlos Henrique Romeu Cabral [Université Toulouse II], Madalena de FaRma Zaccara Pekala [UFPE]

A História da Arte é um campo de conhecimento um tanto antigo se considerarmos os primeiros procedimentos metodológicos utilizados por Vasari em meados do século XXVI. Ao pensarmos sobre o desenvolvimento desse campo, passados alguns séculos desde sua emergência, nos confrontamos com uma historiografia construída por meio do dialogo com diversas áreas de conhecimento e marcados por campos discursivos em disputas. Os resultados desses cruzamentos têm aproximado cada vez mais o campo da História da Arte de outras ciências como a Filosofia, a Psicanálise, a Sociologia, a Arqueologia, a Antropologia, a Crítica, etc... A História da Arte hoje, pode considerar-se como um campo plural, híbrido, em trânsito, aberto para dialogar com novas formas de produção de conhecimento e com o constante objetivo de investigar a dimensão teórica dos fenômenos estéticos. Entre os diferentes modelos metodológicos que caracterizam as inúmeras correntes teóricas da historiografia da arte, é evidente na contemporaneidade, o advento de novos fazeres que se constroem a partir de perspectivas individuais e sintetizadoras. Essas recentes experiências revelam a possibilidade de construir memórias e narrativas históricas inovadoras, baseadas em novos olhares sobre os objetos de estudo e novos modos de operação sobre as fontes de pesquisa. A abertura do campo da História da Arte para o dialogo com outras ciências tem distanciado alguns pesquisadores de perspectivas então consideradas como lineares e formalistas. Isso tem gerado uma produção cientifica cada vez menos comprometida com modelos canônicos de trabalho e marcada pela individualidade e liberdade de escolhas. A ampliação das possibilidades de transitar entre domínios cientificos e a liberdade em pensar de forma não linear, tem aproximado o historiador da arte de questões que anteriormente poderiam ser consideradas como irrelevantes ou ate mesmos tabus dentro do seu campo de trabalho. Essas fissuras têm o seu terreno construído a partir de novas geografias, de novas políticas, de eixos não hegemônicos, de trocas, de ambiguidades e de contradições. São processos geralmente traumáticos, hiatos de memórias esquecidas daquilo que esta à margem, nas bordas do proibido, do periférico. Considerando o supracitado, este simpósio está aberto para pesquisadores que identifiquem em suas pesquisas relações entre as dimensões teóricas da arte e os sujeitos e práticas considerados à margem dos seus contextos. Serão aceitas comunicações que abordem essas questões e que possam contribuir para o domínio da História da Arte através da construção de outras memórias e narrativas discursivas. Atentas para os esquecimentos, os fluxos, as recusas, as interdições, as transgressões e o não dito, essas novas experiências de pesquisa deverão contribuir para a construção de uma vitrine das zonas de conflito e de tensão em diferentes períodos.

Palavras-Chave. memórias; esquecimento; contra/narra(vas.

SIMPÓSIO10. MEMÓRIAS, EXPERIÊNCIAS E INVENTAÇÕES PEDAGÓGICAS: COMPARTILHANDO PESQUISAS NARRATIVAS EM ARTES VISUAIS

Raimundo Martins [UFG], Luiz Carlos Pinheiro Ferreira [UFG], Erinaldo Alves do Nascimento [UFPB]

São diversas as abordagens metodológicas que orientam o processo de formação docente e seus desafios epistemológicos. As histórias de vida contribuem para ampliar e aprofundar interesses de investigação que incluem as ciências humanas, a educação e, no caso, as artes visuais. De modo transdisciplinar, a pesquisa narrativa utiliza grafias que vão desde as biografias e autobiografias até as fotografias, fotobiografias, vídeografias, cinebiografias, webgrafias, manifestações e registros nos quais o sujeito é ao mesmo tempo objeto e instaurador de reflexão. As vidas de professores, suas histórias, memórias e experiências, funcionam como disposi(vos de reflexão para as práticas de formação docente e para a pesquisa. A capacidade humana de se apropriar de marcas/recursos ideográficos, herdados culturalmente, por meio dos quais os sujeitos se colocam como centro do discurso narrativo ou situam o ‘outro’ comopersonagem de um enredo é a principal característica da pesquisa narrativa. Ela explora o enlaçamento entre grafias, pensamento e prática social oferecendo a possibilidade de integrar, organizar e interpretar espaços, temporalidades e experiências que configuram aspectos da trajetória de sujeitos e seus contextos histórico-culturais. Indagamos: pesquisas no campo da educação em artes visuais tem examinado momentos de construção do sujeito em interação dialógica com o contexto social e a vida/espaço pessoal? Como pensar, compar(lhar memórias e experiências a partir de registros narrativos e autobiográficos? Como interligar pesquisa narrativa e inventAÇÕES pedagógicas? Experiências constituídas ao longo de diferentes etapas da vida profissional são guardadas na memória como representações construídas através de interações humanas. Elas se transformam, modificam, acompanham as mudanças sociais e o desenvolvimento dos sujeitos adequando-se aos lugares e ins(tuições por onde passam. Associadas à construção de identidades e à docência, as experiências se movimentam e evocam questionamentos acerca dos modos de produzir conhecimento que vazam da esfera pessoal e permeiam a vida cotidiana. Esta proposta de simpósio convida pesquisadores a refletir sobre aspectos de sua própria história de vida, sua genealogia profissional e pedagógica e as práticas docentes. Manifesta o desejo de investigar, compartilhar e compreender como sujeitos/docentes pensam sobre si, sobre outros, sobre percursos profissionais, sobre o mundo, conferindo sentido às suas ações edeslocamentos.

Palavras-Chave. histórias de vida; memória; pesquisa narra(va.

SIMPÓSIO 11. O POLÍTICO, O ESTÉTICO, O CRÍTICO: DIMENSÕES DA ARTE E DO ARTISTA NO CONTEMPORÂNEO

Luiz Sérgio de Oliveira [UFF], Mauricius Martins Farina [UNICAMP], Marta Luiza Strambi [UNICAMP]

Algumas questões deflagram inquietações diante de complexidades que banham a produção de arte contemporânea: se a arte se fez política, o que esperar das relações entre política e arte? Qual o teor de arte nas manifestações recentes de arte política? Muito da produção de arte contemporânea apresenta perspectivas e escopo políticos, nos quais arte e artistas assumem características e atitudes que parecem negligenciar ou mesmo apostar na superação da dimensão estética da arte. Na medida em que a produção de arte política proclama sua condição para justificar sua presença e para afirmar-se como fenômeno contemporâneo pareado aos bastiões das vanguardas, essa produção parece distanciar-se de uma vocação crítica imprescindível para qualquer arte que se quer política. Quando, ao contrário, a arte assume sua inclinação crítica se credencia para enfrentar a problematização das condições que norteiam e rodeiam as intenções, os comprometimentos e a eficácia da arte política, assim como a própria natureza da arte. Neste sentido, os debates em torno do político, do estético e do crítico na arte contemporânea parecem afirmar aurgência de um enfrentamento inadiável. Para além de modelos autorreferenciados e excludentes, a arte que se faz crítica não se furta em avocar para si o escrutinio das relações entre arte e política, levado a cabo no interior do próprio campo da arte, entendido como campo de instauração da arte e de atuação do artista, ressaltando-se que esse processo autocrítico não se fecha sobre si nem tampouco se basta, pareando com a ampliação do território da arte a transbordar no campo do real. Neste cenário de encontros, de escrutinios, de crítica e de autocrítica, o artista se lança em processos dialéticos de diálogo e de contaminação com o outro, sem que renuncie às singularidades que o constituem. Um cenário de encontros entre diferentes, eventualmente opostos, que afirmam suas autobiografias enquanto reconhecem que um contém o outro, um outro que, por sua vez, está contido naquele um. Com frequência crescente, o artista contemporâneo tem se lançado nas aventuras e nas seduções das coletividades, ora com seus pares, ora em manifestações que se projetam em noções ampliadas de experiências. Neste cenário de encontros e de contaminações, os debates em torno de questões que circundam a afirmação do sujeito, das autobiografias, dos encontros, do artista e do outro afirmam uma urgência cujo enfrentamento não pode ser postergado.

Palavras-Chave. arte crítica; arte política; coletividades, singularidades, autobiografias.