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Política de Acervo MAM-SP

Meios para a constituição do acervo do MAM.


HISTÓRICO DO ACERVO

Encabeça a genealogia do MAM – e, portanto, de sua coleção – uma carta enviada, em 1946, por Sérgio Millet, então diretor da Biblioteca Municipal de São Paulo, ao magnata norte-americano Nelson Rockefeller, presidente do Museum of Modern Art (MoMA) de Nova York. A correspondência falava de um grupo interessado em formar um Museu de Arte Moderna em São Paulo e a resposta, entusiasta, era de que a instituição nova-iorquina fundada em 1929 poderia servir de modelo a “todas as entidades que se abririam com esse nome no mundo ocidental”; palavras de Rockefeller.

No final do mesmo ano, a comunicação de Milliet com o conselheiro do MoMA Carleton Sprague Smith acertava a doação que viria dos EUA para iniciar o acervo de dois novos museus brasileiros. Ao todo seriam 14 trabalhos, sete para o MAM paulistano e sete para o MAM carioca, entregues ao Instituto dos Arquitetos do Brasil – Seção SP, nos termos de guarda provisória. Da Europa, o empresário Francisco Matarazzo Filho acompanha os preparativos e destaca o secretário Carlos Pinto Alves para fazer a diplomacia das relações com o MoMA.

Em janeiro de 1948, Ciccillo Matarazzo Sobrinho cria a Fundação de Arte Moderna, por meio da qual encomenda a Rockefeller uma exposição de arte abstrata, “que causaria grande repercussão e levaria o público a discutir essa forma especial de pintura”, como escreve o industrial ítalo-brasileiro em carta. Enfim, em julho de 1949, é criado o Museu de Arte Moderna de São Paulo. A ata de constituição da sociedade civil, registrada no Tabelionato Nobre da cidade, leva a assinatura de 68 artistas, empresários, intelectuais e arquitetos. Entre eles, Tarsila do Amaral, Villanova Artigas, Oswald de Andrade, o próprio Ciccillo e Milliet.

Antes da inauguração da sede à rua Sete de Abril, o MAM expunha tímida coleção – constituída, por exemplo, de telas de Chagall, Dufy, Kandisky, Miró e Picasso, entre os estrangeiros, e Anita Malfatti, Di Cavalcanti, José Antônio da Silva, Mário Zanini e Volpi, entre os brasileiros – no endereço da Metalúrgica Matarazzo. A maior parte das obras, supõe-se, pertencente a Ciccillo – as doações do casal Matarazzo são imprecisas até hoje. Os trabalhos doados por Rockefeller chegam ao museu em dezembro de 1949. São eles um móbile de Alexander Calder, aquarelas de George Grosz e de Marc Chagall, uma têmpera de Morris Grave, um óleo de Byron Browne e guaches de André Masson e de Fernand Léger.

Durante toda a década seguinte, a coleção amplia-se por meio de aquisições, realizadas sobretudo durante o período das Bienais, e doação de artistas, como é o caso de Emiliano Di Cavalcanti, que cedeu ao museu, em meados daquele decênio, mais de 500 de seus desenhos. Em 1963, Ciccillo apoiou-se no artigo de número 52 da escritura de constituição do MAM – o qual reza que “o patrimônio da associação se reverterá, no caso de dissolução, em benefício da Fundação de Arte Moderna”, dirigida por ele – para transferir acervo e tudo o mais ao nascente Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo.

Membros da associação do MAM perpetram a tentativa inglória de rever a coleção; conseguem, apenas, sustentar o nome do museu. É só em 1967 que o museu reinicia a formação de um novo (ou segundo) acervo, com a doação da coleção do tesoureiro da instituição na época, Carlo Tamagni. Outra alternativa foi muito bem pensada por Diná Lopes Coelho, secretária do MAM, idealizadora do Panorama de Arte Atual Brasileira, exposição periódica que traçaria a mais recente produção artística do Brasil, cujos prêmios, aquisitivos, engordariam a coleção. Em paralelo a isso, contava-se com doações generosas de artistas, colecionadores, empresas etc.

De todo modo, as circunstâncias que se impunham fizeram o museu volver a diretriz do acervo: daí em diante, o MAM privilegiaria a arte do pós-guerra, produzida a partir dos anos 50. Nas décadas posteriores, até meados de 90, o museu valia-se muito de doações e das aquisições do Panorama. A coleção dá uma guinada exponencial a partir do final do século passado. Se em 1998, a instituição contava com cerca de 2.500 obras, hoje a coleção constitui-se de mais de 4.000 peças, entre pintura, escultura, desenho, fotografia, vídeo, instalação e performance, concebidas por quase 1.000 nomes da arte brasileira. Entre eles, nomes importantes da ou para a atual produção, como Cildo Meireles, Beatriz Milhazes, Rafael França, Marepe, Rivane Neuenschwander, Valdirlei Dias Nunes, Leda Catunda, Rubens Mano, Daniel Acosta, Laura Lima, Nelson Leirner e Carlos Fajardo.

Texto extraído do site www.mam.org.br


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