Leilão de Jackson Pollock do MAM gera reações opostas em órgãos federais
RIO — A decisão do Museu de Arte Moderna (MAM) do Rio de leiloar a tela "Nº 16", de Jackson Pollock, vem gerando reações diversas nos órgãos federais de cultura do país. Enquanto o Instituro Brasileiro de Museus (Ibram) se manifestou contrário à venda, o Ministério da Cultura apoiou a decisão.
Segundo afirmou o diretor do MAM em entrevista ao GLOBO, a venda servirá para sustentar o museu e permitir investimentos, já que a instituição enfrenta dificuldades para captar recursos.
Na segunda-feira, o Ibram publicou nota afirmando ter recebido com "surpresa" a decisão e pedindo sua suspensão para "procurar outras soluções possíveis para os desafios enfrentados pelo MAM Rio" . Porém, a autarquia vinculada ao Ministério da Cultura não possui poder jurídico para evitar a transação.
O MinC, por sua vez, se manifestou apoiando a decisão do museu carioca. O órgão afimou que "reconhece e valoriza a autonomia do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro", que é uma instituição privada. A nota diz ainda que a venda do quadro de Pollock, de valor estimado em US$ 25 milhões, "irá assegurar a conservação adequada" de todo o acervo remanescente do museu.
Leia na íntegra a nota do Ministério da Cultura:
O Ministério da Cultura reconhece e valoriza a autonomia do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, uma instituição privada que presta relevantes serviços à cultura brasileira, à sociedade e ao país. Por isso, respeita e apoia a decisão de sua diretoria, tomada com o propósito de buscar a sustentabilidade da instituição, de vender a pintura “No.16”, de autoria do pintor norte-americano Jackson Pollock. O MAM-Rio pretende criar um fundo patrimonial permanente com a receita obtida, e deste modo constituir uma fonte permanente de recursos, com regras sólidas de governança. Também pretende constituir um fundo para a aquisição de obras de artistas brasileiros contemporâneos e modernos, sua grande vocação. A venda de obras de acervo com objetivos específicos é prática comum em museus norte-americanos e europeus e muitas vezes serve ao objetivo de garantir a sustentabilidade financeira dessas instituições. No caso em questão, embora a obra seja de inquestionável relevância, sua venda, isoladamente, mostra-se suficiente para angariar os recursos necessários à criação de um endowment que irá assegurar a sustentabilidade do MAM-Rio. Ao buscar o modelo de endowment para a construção de uma base financeira mais sólida, a instituição demonstra estar olhando para o futuro, alinhando-se com as tendências internacionais de excelência em gestão de museus. Com o novo modelo, o MAM-Rio se tornará menos vulnerável a crises e menos dependente de doações e patrocínios, com maior estabilidade financeira e viabilidade operacional. O resultado disso, no longo prazo, será a permanência da instituição e a melhoria dos serviços que presta à arte brasileira e ao público. A venda de uma obra irá assegurar a conservação adequada e a exibição das 16 mil remanescentes, assim como o incremento da coleção de arte brasileira. A direção do MAM-Rio tem o total apoio do Ministério da Cultura e de suas instituições.