Artistas, curadores e galeristas lançam manifesto contra venda de Pollock pelo MAM-RJ
RIO DE JANEIRO Artistas, curadores e galeristas de arte lançaram um manifesto contra a proposta de venda, pelo Museu de Arte Moderna do Rio, da tela "No 16, de Jackson Pollock. No texto, os signatários dizem que o museu precisa de um "choque de gestão".
O grupo se junta ao Ibram (Instituto Brasileiro de Museus), que em março já havia se manifestado contra a venda da obra, a única do artista em acervo de museus brasileiros.
De acordo com o curador Leonel Kaz, que integra o conselho do Ibram, o número de signatários do manifesto já passa de 200. "Apesar de o MAM ser uma instituição privada, (seu acervo) é um patrimônio de interesse público também", diz ele.
A administração do MAM estima que o quadro valha US$ 25 milhões, recursos que seriam investidos em um fundo de investimento, com o rendimento destinado a despesas de custeio do museu.
A lista de signatários do manifesto inclui artistas como Adriana Varejão, Luis Zerbini e Vik Muniz, colecionadores, marchands e curadores, incluindo Luiz Camillo Osório, que já foi curador do próprio MAM.
"Defendemos a existência de museus para cumprir sua função: preservar e exibir obras de arte. A venda do Pollock é uma demonstração de que, no momento, o MAM necessita de um 'choque de gestão'", diz o texto.
O documento cita o Masp como exemplo de instituição que saiu de crise com mudanças administrativas e não vendeu obras de arte no processo.
"Defendemos que se convoque uma administração ativa, com visão estratégica e plano de governança, antenada com a contemporaneidade da arte para que o MAM volte a ser o mais importante museu da cidade", conclui o manifesto.
Procurado, o MAM ainda não se pronunciou sobre o assunto. Em nota divulgada no dia 18 de março, o museu diz que os recursos de aluguel de espaços e de doações têm sido insuficientes para a manutenção da instituição.
Diz ainda que a escolha da obra do Pollock se deve ao fato de não ser um artista brasileiro e que a coleção de pinturas estrangeiras não constitui um dos carros chefes do museu.