Incêndio em Taboão da Serra atinge galpão com obras de arte de grandes galerias
Incêndio de grandes proporções no galpão do grupo Alke, em Taboão da Serra Foto: Reprodução/Facebook
Galpão pertence a empresa de logística que presta serviço para galerias como Nara Roesler, Luciana Brito e Simões de Assis
Um incêndio de grandes proporções em Taboão da Serra, na Região Metropolitana de São Paulo, no fim da tarde desta quinta-feira, 25, atingiu um galpão que abrigava obras de arte de grandes galerias da cidade. Entre os espaços expositivos que tiveram seus acervos ao menos parcialmente destruídos pelo fogo estão as galerias de Nara Roesler, Luciana Brito e Simões de Assis.
O grupo Alke, empresa especializada em logística que administra o galpão atingido pelas chamas, estava em meio a um processo de mudança de local, o que faz com que ainda não se tenha a noção clara de quais obras se perderam.
“Muita coisa estragou, ainda estão avaliando as perdas”, informou por telefone a galerista Luciana Brito ao Estadão. Ela afirma ainda que entre 90% e 95% das obras de sua galeria não foram prejudicadas pelo incêndio, pois já haviam sido transportadas para o novo galpão do grupo Alke. A Luciana Brito Galeria representa artistas como a performer Marina Abramovic, o poeta concretista Augusto de Campos e o fotógrafo Thomaz Farkas.
O galpão abrigava uma parte considerável do acervo da galeria Nara Roesler, que representa artistas como Abraham Palatnik, Vik Muniz, Amelia Toledo, Tomie Ohtake e Antonio Dias. A galeria ainda tem boa parte de seu acervo nas unidades de São Paulo, Rio de Janeiro e Nova York, e informou ao Estadão que está “realizando um levantamento completo das obras atingidas. É um processo longo, porém necessário, para termos uma avaliação precisa do acontecimento”.
Após a emissão do laudo do corpo de bombeiros e o registro do boletim de ocorrência, procedimento padrão para qualquer incêndio, haverá uma perícia técnica da polícia civil e ainda uma outra das seguradoras, além do levantamento, por parte das galerias, de quais obras estavam no local. Só então se saberá ao certo o que se perdeu no incêndio.
“Não passa um ano sem que um museu ou um acervo queime no Brasil”, lamentou o galerista Antônio Almeida, da Almeida e Dale. Por uma questão de dias, uma de suas obras em trânsito para o Rio de Janeiro não estava no galpão. Mas ele reiterou a solidariedade ao grupo Alke, que “faz um trabalho muito bom”.
Outra galerista que não quis se identificar fez coro: “É um dia de luto para todos, estamos acompanhando com as pessoas do meio a apuração e o levantamento. Não sabemos o que foi destruído, mas é certamente uma parcela importante da história”, afirmou à reportagem. “Mas incêndios acontecem em qualquer lugar do mundo, com mais frequência do que gostamos de admitir, até Notre Dame pegou fogo.”
Por meio de sua assessoria de imprensa, o artista Vik Muniz afirmou ao Estadão que não sabe quantas obras perdeu, mas está “menos preocupado com as minhas obras do que com a galeria e as obras de outros artistas que já morreram, porque essas são perdas definitivas”. É o caso, por exemplo, de Abraham Palatnik, morto em 2020, cujas obras possivelmente estavam lá.
Abraham Palatnik. Obras eram artesanais: difícil refazer. Foto: DENISE ANDRADE/ ESTADÃO
O grupo Alke, em nota à imprensa, afirmou que registrou um boletim de ocorrência e está colaborando com as autoridades para descobrir as causas do ocorrido. O estabelecimento, ainda de acordo com a nota do grupo Alke, “estava em dia com Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros (AVCB), licença emitida pelo corpo de bombeiros que comprova legalmente que o estabelecimento está seguro”. A empresa também acrescentou: “Ainda não há estimativa de valores de obras atingidas pelo incidente. Não é possível acesso ao local, que vai passar por perícia. Portanto, ainda não há informações de prejuízos financeiros bem como obras atingidas”.
A galeria Vermelho publicou em suas redes sociais: “Hoje, estamos de luto pela memória da arte e por nossos colegas, artistas, galeristas, colecionadores e pelos amigos da Alke”. É possível que a galeria Simões de Assis tivesse no galpão 13 esculturas de Emanoel Araújo que estavam indo para uma exposição nos EUA. A galeria Strina também mantinha obras no local.
Emanoel Araújo. É possível que tivesse 13 obras no local. Foto: DENISE ANDRADE/ESTADAO
Confira a nota do grupo Alke
O grupo Alke, empresa especializada em logística, mantendo a política de transparência, informa que o incêndio ocorrido no início da noite desta quinta-feira (25/03) na Rua Áurea Tavares no município de Taboão da Serra, em São Paulo, foi controlado pelo corpo de Bombeiros. A Brigada de Incêndio da unidade local atuou imediatamente para debelar as chamas e as operações de rescaldo continuaram ao longo da manhã desta sexta, dia 26. Ninguém ficou ferido.
O local abrigava algumas obras de artes. Todos os clientes já foram informados do ocorrido pelos representantes do grupo Alke. Ainda não há estimativa de valores de obras atingidas pelo incidente. Não é possível acesso ao local, que vai passar por perícia. Portanto, ainda não há informações de prejuízos financeiros bem como obras atingidas.
O Grupo ALKE está colaborando com as autoridades na apuração dos fatos que culminaram no incidente e já lavrou o boletim de ocorrência. Na história da empresa nunca existiu caso semelhante. A empresa ressalta, ainda, que estava em dia com Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros (AVCB), licença emitida pelo corpo de bombeiros que comprova legalmente que o estabelecimento está seguro.