Para diretor do Iphan, furto no Masp pode afastar exposições do Brasil
A direção do Masp (Museu de Arte de São Paulo) começou a mudar os procedimentos de segurança do museu segundo José do Nascimento Júnior, diretor do departamento de museus do Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional). Nascimento Júnior se reuniu nesta quarta com o presidente do Masp, Júlio Neves, e outros membros da diretoria.
"[O furto] mostrou que alguns procedimentos tem de ser mudados, disse o diretor do Iphan. Segundo Nascimento Júnior, o Masp deve mudar, entre outras medidas, o tratamento em relação ao público e mudanças nos horários da troca da guarda --momento aproveitado pelos criminosos para levar as telas-- e outras "rotinas internas". "Toda a instituição que passa por um caso desse tem que mudar", afirmou.
Nascimento teme que o furto das telas pode provocar a fuga das grandes exposições internacionais do Brasil. "O que aconteceu no Masp prejudica a imagem do país. Fica mais difícil [trazer] exposições que se queira trazer", afirmou.
Para o diretor do Iphan, no entanto, o caso é também um reflexo do "crescimento dos museus no país". "À medida que os museus e os acervos brasileiros vão tendo mais visibilidade, cria interesse não só do publico, mas das quadrilhas", pondera.
Furto
O Masp teve duas das mais importantes obras de seu acervo, 'O Lavrador de Café', de Portinari, e 'O Retrato de Suzanne Bloch', de Picasso, furtadas no dia 20 deste mês. Segundo a polícia, a ação foi rápida e durou exatos três minutos. O museu não dispõe de alarme, sensor e seguro para as obras avaliadas em US$ 1 bilhão.
As gravações feitas pelas câmeras do Masp, que estão sendo analisadas por técnicos da Polícia Civil e do Ministério Público, são a única prova do furto. Na ação, os ladrões usavam luvas brancas e não foram encontrados vestígios de digitais no interior do museu nem no macaco hidráulico e no pé-de-cabra usados na invasão e abandonados no local.