Ministério Público fará perícia no Masp
O Ministério Público Estadual anunciou ontem que iniciará uma perícia no Masp (Museu de Arte de São Paulo) a partir da próxima quarta-feira, dia 2 de janeiro. Com a ação, o órgão pretende ter documentos e informações sobre a situação financeira do museu, o montante de dívidas e o impacto nas atuais condições de funcionamento e segurança.
Segundo Mariza Schiavo Tucunduva, promotora de Meio Ambiente Cultural, a investigação sobre a situação financeira da entidade começou em julho e ganhou novos contornos após o furto de duas obras, de Candido Portinari e Pablo Picasso, no último dia 20.
"O roubo reflete na esfera cível" afirmou a promotora em relação à fragilidade da segurança do Masp em decorrência de problemas financeiros. A falta de um sistema de segurança mais efetivo e as luzes apagadas durante a madrugada seriam reflexos da crise financeira da entidade, que nos últimos anos teve a luz e o telefone cortados por falta de pagamento.
Na esfera criminal, o crime é investigado pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado).
Conhecendo a situação financeira do Masp, o Ministério Público decidirá a medida a ser tomada, se será "no sentido de um eventual acordo ou ação", disse Mariza. Não está descartada, portanto, a possibilidade de intervenção no museu.
A promotora participou na tarde de ontem de uma audiência com o presidente do Masp, Júlio Neves, que fora intimado por ela a comparecer ao Ministério Público, e com o secretário adjunto de Cultura do Estado, Ronaldo Bianchi.
Apesar das quase quatro horas em que estiveram conversando, Neves não forneceu nenhum dado novo sobre as finanças, segundo Mariza.
Documentos pedidos pelo Ministério Público tampouco foram apresentados. "Ele [Neves] disse que ficou inviável trazer em virtude do ocorrido."
O presidente do Masp disse que o motivo do encontro foi receber apoio do governo estadual. Segundo ele, o Estado pode ajudar o Masp com programas específicos. Ele não informou o tamanho da dívida do museu e não revelou detalhes sobre a audiência de ontem.
Neves afirmou que o poder público já vem colaborando com diversas ações, e citou como exemplo a instalação de câmeras na avenida Paulista, onde está localizado o museu.
O representante do Executivo estadual na reunião, Ronaldo Bianchi, afirmou que o Estado propõe ao Masp desde o início do ano uma alternativa para socorrê-lo financeiramente.
Trata-se de um convênio com ônus, que teria que acontecer com autorização da Assembléia Legislativa em razão de o Masp ter dívidas, o que impediria um convênio direto.
Outra oferta é a transferência da administração do Masp, que atualmente é uma entidade de direito civil de direito privado. Entretanto, Bianchi disse que "não há possibilidade imediata de a gente oferecer ajuda financeira para o Masp."
Fonte: https://www1.folha.uol.com.br/folha/cotidiano/ult95u358869.shtml