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Coleções

FOLHA DE S. PAULO

03 de janeiro de 2006

FOLHA Opinião


Coleções
Carta de Edemar Cid Ferreira

"Gostaria de expressar o meu absoluto repúdio à notícia publicada no domingo, de autoria de Mario Cesar Carvalho, o qual se utiliza de extrema má-fé para lançar acusações absurdas à minha pessoa, além de trazer diversas informações equivocadas. Inicialmente, vale a pena lembrar que os órgãos competentes para investigar e julgar no Brasil são a polícia e a magistratura, respectivamente. Ao que tenho conhecimento, o jornalista deve apenas informar à opinião pública sobre acontecimentos verídicos, o que definitivamente não foi o caso da reportagem em voga. Além disto, o jornalista citou, diversas vezes, a existência de "arquivo digital" que estaria em sua posse, sem esclarecer maiores dados sobre esse arquivo digital. Importante ressaltar que a Constituição Federal, em seu artigo 5º, prevê a inviolabilidade do sigilo de dados, que não pode ser quebrada por decisão do jornalista. Quanto às informações expostas, o quadro de Picabia não está na minha residência, conforme erroneamente exposto pelo jornalista. A informação que forneci à Justiça Federal corresponde à verdade. As outras obras estão exatamente onde informei ao juiz federal, e espanta o fato de o jornalista julgar tais informações mentirosas, por si próprio, sem qualquer base. Gostaria ainda de reiterar que todas as obras da Cid Collection estão registradas na Receita Federal e foram adquiridas regularmente. O intuito das coleções sempre foi a de exposição ao público e enriquecimento da cultura nacional. Tanto é assim que a coleção sobre cartografia foi exposta no saguão do Banco Santos, em São Paulo, no Rio de Janeiro e ainda no Palácio das Artes, em Belo Horizonte. Outras coleções inéditas, como a Escrita da Memória, única no país e no mundo, foi exposta ao público nacional com grande sucesso, o que demonstra que o intuito das obras sempre foi o desenvolvimento da cultura. No que tange à acusação de que eu teria tirado obras do país, cabe ainda lembrar que as obras são de propriedade das empresas Wailea e Cid Collection, as quais poderiam gerir seu acervo conforme bem entendessem, não caracterizando qualquer irregularidade o transporte das obras regularmente adquiridas. Aliás, fosse o meu propósito esconder obras de arte, não teriam sido seqüestradas e inventariadas, em março de 2005, mais de 700 peças em minha residência, das quais sou o depositário, e milhares de outras na sede do banco e na reserva do acervo, muitas delas valiosíssimas. O jornalista utiliza informações esparsas para deduzir acusações ilógicas e surreais, sem atentar aos regulamentos profissionais da atividade jornalística. Por fim, para cumprir um manual formal de publicação, o jornalista descreveu suposta manifestação da parte contrária, pinçando de documentos sigilosos alguns trechos do meu interrogatório na Justiça Federal, totalmente alienados de seu contexto. Por tudo exposto, novas providências cabíveis, criminais e junto aos órgãos de classe, particularmente a ABI, serão tomadas, como forma de clamar pela existência de um jornalismo efetivamente profissional no país."


Edemar Cid Ferreira (São Paulo, SP)