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Intervenção não é primeiro percalço

FOLHA DE S. PAULO

21 de novembro de 2004

Folha Dinheiro


INTERVENÇÃO NÃO É PRIMEIRO PERCALÇO

DA REPORTAGEM LOCAL

Edemar Cid Ferreira e Marcia têm uma história de folhetim. Conheceram-se em 1976 no casamento de Roseane Sarney com Jorge Murad na catedral de São Luís (MA), de quem foram padrinhos. Edemar fora escolhido pela amizade com o senador José Sarney; Marcia, filha do senador Alexandre Costa (1921-1998) era amiga de infância de Roseana.

Em 1978, foi a vez do casal Roseana-Murad apadrinharem o casamento de Marcia e Cid Ferreira.

A intervenção no Banco Santos não é o primeiro percalço pelo qual passa. Cid Ferreira já foi acusado de fazer lobby para o banco BCCI, que provocou um rombo de US$ 15 bilhões, mas negou que tivesse ajudado a instituição.

Em 1992, Pedro Collor, irmão do presidente Fernando Collor de Mello (1990-1992), acusou-o de ser o elo entre o Esquema PC, de desvio de verbas públicas, e os fundos de pensão das estatais.

A acusação nunca foi comprovada, mas foi para se livrar da artilharia que Cid Ferreira resolveu dedicar-se ao mecenato.

Ainda em 1992, foi eleito presidente da Fundação Bienal, uma instituição combalida à época, e ajudou a transformar as mostras em fenômenos de massa.
Não tem modéstia sobre o seu papel: "Eu sou a reencarnação do Chatô", dizia em tom de blague, citando o apelido de Assis Chateaubriand (1892-1968), o empresário que criou o Masp (Museu de Arte de São Paulo) em 1947.

Como Chatô, Cid Ferreira não separa a arte dos negócios. "A cultura é um abre-alas. A gente vem atrás fazendo negócio".

Foi com esse objetivo que criou a Brasil Connects em 2001. Com a entidade, trouxe exposições antológicas para o Brasil, como a dos guerreiros em terracota de Xi'an, em 2003, e a de Picasso, neste ano.

Para forjar a sua imagem de mecenas, levou mostras de arte brasileira para Nova York e Pequim e tem três exposições agendadas para 2005 em Paris. (MCC)