Você está aqui: Página Inicial / Dossiês / 28ª Bienal / Curadores anteriores criticam proposta

Curadores anteriores criticam proposta

FOLHA DE S. PAULO

12 de novembro de 2007

FOLHA Ilustrada

Fonte: FOLHA DE S. PAULO. Curadores anteriores criticam proposta. Folha de S. Paulo. Cad. Folha Ilustrada, 12/11/2007. Disponível em http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ilustrad/fq1211200710.htm. Acesso em 15/11/2007.


Curadores anteriores criticam proposta

DA REPORTAGEM LOCAL

Equipe responsável por edição de 2006 reclama de falta de publicações

Co-curadora espanhola ainda não recebeu por sua participação; "Obrigação era terminar o processo da 27ª Bienal", diz colombiano

A equipe curatorial da última Bienal de São Paulo, "Como Viver Junto", critica a instituição por iniciar um novo projeto sem ter concluído o anterior.
"Antes de começar qualquer outro projeto, inclusive a participação nas Bienais de Valência e Veneza, a obrigação da Fundação Bienal era terminar o processo da 27ª Bienal", afirma o colombiano José Roca, um dos co-curadores da mostra.

Para a curadora geral da 27ª Bienal, Lisette Lagnado, "é inadmissível que ainda se mantenha uma administração desacreditada, que não conseguiu honrar suas dívidas para com a última edição da Bienal. A falta de tempo e de dinheiro é conseqüência de uma incapacidade de captar recursos".

Quase um ano após o fim da mostra, os curadores aguardam as publicações programadas. "Até agora não se publicou o catálogo, parte da proposta de Lisette e do time curatorial, pois havia artistas que teriam participação apenas no projeto editorial. Tampouco se publicou o texto dos seminários, um espaço de discussão e reflexão da 27ª Bienal", diz Roca.

Participante da organização de várias bienais, a co-curadora espanhola Rosa Martinez diz ter sido a primeira vez que enfrentou situação parecida.
"Parece-me muito triste que a instituição mais prestigiada da América Latina esteja passando por essa crise lamentável, na qual se misturam corrupção, má gestão e falta de respeito aos trabalhadores. Não sou a única a não ter recebido os honorários, há dívidas com outros co-curadores e artistas. Isso não é só um problema econômico, mas de falta de ética institucional."

Mesquita, porém, é poupado das críticas. "Ainda bem que surgiu um profissional competente para aceitar a missão de dar continuidade a um evento historicamente tão importante. Se a instituição conseguir recuperar sua reputação internacional, terá valido a pena", diz Lagnado. Ele também é apoiado por outros curadores da Bienal anterior. "É uma proposta radical, mas coerente com este momento", diz o alemão Jochen Volz.

"Ela me parece bastante pertinente para um ano em que a Bienal está com o orçamento apertado e atravessa uma crise de identidade. O que me parece belíssimo, porém complicado para uma bienal sem muitos recursos, é o projeto de se retirar os vidros do piso térreo", diz Adriano Pedrosa, co-curador de "Como Viver Junto".

Na história das Bienais de São Paulo, a próxima terminaria um ciclo: "A 25ª e a 26ª mostraram os limites do modelo bienal em sua vertente espetacularizante, enquanto a 27ª sofreu as conseqüências institucionais de tentar recriar sua estrutura; já a 28ª tem a oportunidade de mostrar a instituição em toda sua nudez, literal e metaforicamente", avalia Roca. (FC)



Fonte: FOLHA DE S. PAULO. Curadores anteriores criticam proposta. Folha de S. Paulo. Cad. Folha Ilustrada, 12/11/2007. Disponível em http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ilustrad/fq1211200710.htm. Acesso em 15/11/2007.