Fundação Bienal vai divulgar arte do Brasil no exterior
matéria originalmente publicada na Folha de S. Paulo
Com convênio de R$ 1,8 mi com o MinC, instituição oferecerá editais
para que artistas realizem residências, publiquem livros e participem
de mostras fora do país
A partir do próximo mês, a
Fundação Bienal de São Paulo
se transformará em uma agência de divulgação da arte brasileira no exterior.
No início de março, serão divulgados quatro editais que
permitirão a concessão de verbas para artistas realizarem residências artísticas, participarem de mostras e publicarem
livros com subsídios da Fundação, através de um convênio
que foi firmado com o Ministério da Cultura (MinC).
"No ano passado, visitamos a
Inglaterra, a França e a Espanha e conhecemos os órgãos
daqueles países que fomentam
a arte no exterior e achamos
que esse tipo de ação tem a ver
com a Bienal, que produz muitos vínculos entre a produção
nacional e o exterior", diz Heitor Martins, presidente da
Fundação Bienal.
Segundo o diretor de estudos
e políticas culturais do MinC,
Afonso Luz, o convênio com a
Bienal foi possível por conta da
Portaria 61, assinada pelo ministro da Cultura, Juca Ferreira, em agosto de 2009, criada
com "o objetivo de estabelecer
instrumentos à internacionalização da arte contemporânea
brasileira". "A Bienal foi a primeira entidade a apresentar
uma proposta de convênio, mas
iremos estabelecer outras parcerias", contou Luz à Folha.
No total, o MinC está repassando R$ 1,8 milhão à Fundação Bienal, que irá alocar, como
contrapartida, mais R$ 200 mil
para o projeto, sendo que o total deve ser gasto até o fim do
ano. Serão disponibilizados
prêmios de R$ 10 mil para que
50 artistas participem de mostras, R$ 12,5 mil para 15 residências artísticas e R$ 25 mil
para apoio a 15 publicações em
línguas estrangeiras.
As solicitações deverão ser
feitas diretamente pelos artistas no site da Bienal, que também será lançado no próximo
mês. O programa prevê ainda
20 prêmios de R$ 6,5 mil para
textos acadêmicos que abordem arte contemporânea brasileira e economia da arte, além
de três estudos a serem encaminhados ao MinC: o mercado
de arte no exterior, a circulação
de obras de arte e o regime tributário.
Com isso, a Fundação Bienal
se torna uma espécie de Conselho Britânico, órgão público inglês que fomenta arte no exterior. E o que levou o MinC a
terceirizar essa função? "Esse é
um debate de uma década
atrás. Se o setor público quiser
fazer tudo sozinho, ele já não
consegue. Parcerias são necessárias e a Bienal tem sido a
ponta de lança da arte brasileira no exterior", afirma Luz.
Além de lançar esse novo
programa, Martins comemora
o pagamento de todas as dívidas da fundação, de cerca de R$
4 milhões, além de ter R$ 9 milhões em caixa, com a garantia
da captação de R$ 20 milhões,
o que chegará perto dos R$ 30
milhões (orçamento da 29ª
Bienal de São Paulo, programada para setembro).