Evento terá "terreiros" entre a exposição
por Fabio Cypriano (Folha de S. Paulo, 6/3/2010)
matéria originalmente publicada na Folha de S. Paulo
Em 1998, com a antropofagia como tema central, o curador Paulo Herkenhoff, da 24ª Bienal de São Paulo, tornou o tema uma referência internacional. Para a 29ª edição, Agnaldo Farias, o cocurador brasileiro da mostra, diz que já encontrou o mote que vai marcar essa Bienal: a noção de terreiro.
"Essa é uma bienal que pretende celebrar a política, mesmo enquanto os políticos a desmoralizam. Não poderíamos organizar uma mostra que fosse simplesmente contemplativa e, por isso, vamos ter seis terreiros, que é o lugar da festa, do sagrado e do profano, como espaços para encontro em meio à exposição", conta Farias.
A ideia surgiu na primeira reunião do time curatorial, a partir da canção de Assis Valente, "Brasil Pandeiro", que se popularizou com os Novos Baianos, e tem o verso "Brasil, esquentai vossos pandeiros, iluminai os terreiros/ que nós queremos sambar". Segundo Farias, "foi no morro que o Oiticica criou os parangolés, e o terreiro é uma construção essencialmente brasileira, o que faz todo sentido para o caráter que queremos dar à mostra".
Assim, no pavilhão do Ibirapuera, em meio à mostra, serão dispostos seis terreiros, cada um organizado por um artista, de acordo com os temas usados na 29ª Bienal. Ernesto Neto, o único até agora confirmado, será o criador do terreiro da "Lembrança e Esquecimento", uma reflexão sobre o papel do monumento. Os demais temas são "Dito, Não Dito e Interdito", uma tribuna para debates, inspirada em Guimarães Rosa; "Pele do Invisível", o espaço para projeção de filmes; "Longe Daqui, Aqui Mesmo", que irá abordar as utopias; "Eu Sou a Rua", espaço para palestras e debates; "O Mesmo, o Outro", o lugar das performances, a partir de um texto de Jorge Luis Borges. "Durante a Bienal vamos ter entre 200 e 300 ações acontecendo nesses espaços, seja a apresentação do coro da Osesp, seja uma peça de dança contemporânea", diz Farias.
Na próxima quarta, um ciclo gratuito de palestras dá início à programação da 29ª Bienal. Organizado por Helmut Batista, coordenador do projeto Capacete, o primeiro debate será com o artista albanês Anri Sala, no teatro Arena. No dia seguinte, o brasileiro Amilcar Packer e o britânico Jeremy Deller irão abordar suas trajetórias artísticas, no mesmo local. "O Arena foi cedido ao Helmut pela Funarte e toda a programação dele, durante esse ano, terá apoio da Bienal. Creio que essa é uma forma de mostrar o que entendemos por política, adensando o debate e colaborando com outras instituições, em vez de ficarmos apenas no Ibirapuera", conta Farias.
Em 1998, com a antropofagia como tema central, o curador Paulo Herkenhoff, da 24ª Bienal de São Paulo, tornou o tema uma referência internacional. Para a 29ª edição, Agnaldo Farias, o cocurador brasileiro da mostra, diz que já encontrou o mote que vai marcar essa Bienal: a noção de terreiro.
"Essa é uma bienal que pretende celebrar a política, mesmo enquanto os políticos a desmoralizam. Não poderíamos organizar uma mostra que fosse simplesmente contemplativa e, por isso, vamos ter seis terreiros, que é o lugar da festa, do sagrado e do profano, como espaços para encontro em meio à exposição", conta Farias.
A ideia surgiu na primeira reunião do time curatorial, a partir da canção de Assis Valente, "Brasil Pandeiro", que se popularizou com os Novos Baianos, e tem o verso "Brasil, esquentai vossos pandeiros, iluminai os terreiros/ que nós queremos sambar". Segundo Farias, "foi no morro que o Oiticica criou os parangolés, e o terreiro é uma construção essencialmente brasileira, o que faz todo sentido para o caráter que queremos dar à mostra".
Assim, no pavilhão do Ibirapuera, em meio à mostra, serão dispostos seis terreiros, cada um organizado por um artista, de acordo com os temas usados na 29ª Bienal. Ernesto Neto, o único até agora confirmado, será o criador do terreiro da "Lembrança e Esquecimento", uma reflexão sobre o papel do monumento. Os demais temas são "Dito, Não Dito e Interdito", uma tribuna para debates, inspirada em Guimarães Rosa; "Pele do Invisível", o espaço para projeção de filmes; "Longe Daqui, Aqui Mesmo", que irá abordar as utopias; "Eu Sou a Rua", espaço para palestras e debates; "O Mesmo, o Outro", o lugar das performances, a partir de um texto de Jorge Luis Borges. "Durante a Bienal vamos ter entre 200 e 300 ações acontecendo nesses espaços, seja a apresentação do coro da Osesp, seja uma peça de dança contemporânea", diz Farias.
Na próxima quarta, um ciclo gratuito de palestras dá início à programação da 29ª Bienal. Organizado por Helmut Batista, coordenador do projeto Capacete, o primeiro debate será com o artista albanês Anri Sala, no teatro Arena. No dia seguinte, o brasileiro Amilcar Packer e o britânico Jeremy Deller irão abordar suas trajetórias artísticas, no mesmo local. "O Arena foi cedido ao Helmut pela Funarte e toda a programação dele, durante esse ano, terá apoio da Bienal. Creio que essa é uma forma de mostrar o que entendemos por política, adensando o debate e colaborando com outras instituições, em vez de ficarmos apenas no Ibirapuera", conta Farias.