Curadoria foca em lista de preocupações
matéria originalmente publicada na Folha de S. Paulo
Apenas daqui a três meses a
29ª Bienal de São Paulo deve ganhar contornos definidos. Reunido durante essa semana, o time curatorial do evento está
trabalhando em um "dicionário de preocupações", como define Chus
Martínez, curadora convidada da mostra, além de curadora-chefe do Museu
de Arte Contemporânea de Barcelona.
Será em maio, quando pela
segunda vez todo o time estiver
reunido, que se chegará ao formato final. "Falamos fisicamente da Bienal, mas em termos abstratos, pois não temos a
lista final dos artistas nem a lista de obras. Discutimos mais
em termos de atmosfera, no
sentido geral da exposição, mas
é impossível saber como ela será concretamente agora", disse o curador geral Moacir dos Anjos, anteontem, à Folha, acompanhado por Martínez.
De acordo com alguns verbetes do "dicionário de preocupações" que
Martínez apresentou, o projeto é muito ambicioso. Segundo ela, algumas
das questões trabalhadas são: como se educa o indivíduo contemporâneo;
que posição tem o sujeito dentro do sistema de liberdade e coação;
quais as relações possíveis entre os mil mundos que vivemos, desde o
mundo cotidiano até o mundo que chega pela televisão.
Nesse sentido, a Bienal "Há
Sempre um Copo de Mar para
um Homem Navegar" certamente será um evento que irá
tratar do mundo atual. "A arte,
o tempo todo, propõe novas
formas de relação com o mundo, e estamos interessados nessa relação produtiva, que gera
conhecimento quando o público se depara com essas formas
que não mimetizam o dia a dia", conta Dos Anjos.
O reposicionamento do Brasil dentro do sistema global e como pensar a arte a partir dele
é outro verbete dos curadores.
Contudo nem tudo é abstração. Espacialmente, a 29ª Bienal deverá
possuir vários ritmos, graças à criação de seis pavilhões dentro
daquele projetado por Oscar Niemeyer.
Cada um deles será comissionado a um artista ou arquiteto,
e eles funcionarão como pausas reflexivas dentro da mostra. Segundo Martínez, eles
irão representar "momentos
de suspensão da mostra, onde
será possível ver vídeos, performances, encontrar pessoas, para alterar o ritmo da visita".