Bienal de SP busca consenso político
Lista provisória obtida pela Folha adianta nomes dos 148 convidados para a 29ª edição, que começa em setembro
A relação entre arte e política, na concepção dos curadores
da 29ª Bienal de São Paulo, será
vista por um espectro de artistas com visões bem distintas.
A extensão dessa concepção
parece abarcar modalidades
tão diversas de produção que a
lista dos selecionados para a
mostra sugere que a curadoria
está criando um consenso no
circuito artístico.
A política, assim, ganha um
caráter inclusivo no evento. Essa é umas das possíveis leituras
da lista de trabalho com 148 artistas previstos para a exposição, com início em setembro.
Até agora, a Fundação Bienal
já havia confirmado a presença
de 48 nomes. A listagem obtida
pela Folha, de 4 de maio, reúne
artistas já convidados, mas
nem todos confirmados.
A assessoria de imprensa da
Fundação Bienal informou que
a lista final será anunciada no
dia 1º de junho.
Segundo a nota da instituição, "toda e qualquer versão da lista
divulgada antes da coletiva oficial de imprensa não é definitiva,
estando sujeita, portanto, a informações equivocadas e a possíveis
alterações".
Contudo, mesmo sendo uma
lista ainda em caráter transitório, devem ser anunciados cerca de 120 artistas, segundo o
novo site da fundação.
Por esse inventário, é possível identificar algumas marcas
da curadoria chefiada por Moacir dos Anjos e Agnaldo Farias
com a assistência de outros
cinco curadores estrangeiros.
Entre os 51 brasileiros, há
uma grande diversidade, que
vai de nomes como Flávio de
Carvalho (1899-1973) e Oswaldo Goeldi (1895-1961) a artistas
da nova geração como Jonathas de Andrade, que já participou da Bienal do Mercosul no
ano passado.
Entre esses dois pólos, há todo tipo de produção. De um lado, estão as experimentais da
década de 1970, como as de Hélio Oiticica (1937-1980) e Lygia
Clark (1920-1988).
De outro, as da Geração 80,
como as de Daniel Senise e Rodrigo Andrade, ambos com
obras centrada na pintura.
Segundo a lista, também já
estão definidos os responsáveis
pelos seis "terreiros" da mostra, espaços que terão temáticas e arquitetura próprias.
São eles os brasileiros Carlos
Teixeira, Ernesto Neto, Marilá
Dardot e, em dupla, o arquiteto
Roberto Loeb e Kboco. Já entre os nomes do exterior, foram
escolhidos o sloveno Tobias
Putrih e o escritório holandês
UN Studio.
Entre os 97 estrangeiros, um
destaque é Aernout Mik, que
participou da 26ª Bienal de São
Paulo e da 52ª Bienal de Veneza, em 2007, com a instalação
"Citizens and Subjects" (cidadãos e temas), uma das mais
comentadas daquela edição.
Outro nome com grande
projeção é o do escocês Douglas Gordon, especialmente
por conta do filme realizado
com Philippe Parreno, sobre o
jogador Zidane, em 2006.
Vinculado também ao cinema, Kutlug Ataman, da Turquia, é mais um selecionado,
assim como Ilya Kabakov, o artista russo com maior projeção
no cenário internacional.
Também faz parte da lista a
sul-africana Marlene Dumas,
que pela pintura alcança uma
forte narrativa sobre questões
políticas, caso da exposição na
galeria David Zwirner, em Nova York, encerrada no mês passado, que abordou as relações
entre Palestina e Israel.
Depois do Brasil, o país com
maior presença na Bienal será
a Argentina, com 11 artistas selecionados. A África inteira terá oito, estando inclusa aí Dumas, que vive na Holanda.
Na maioria, os argentinos escolhidos possuem forte projeção desde os anos 1970, como
Leon Ferrari, Marta Minujin,
Victor Grippo e o grupo Tucumãn Arde, que esteve na última
Documenta, em Kassel.