Apresentação
Em 2005 o Paço das Artes realizou o I Simpósio Internacional de Arte Contemporânea. Reunindo conferencistas internacionais, nomes importantes da cena artística nacional e centralizando as discussões ao redor do tema “Padrões aos Pedaços”, o I Simpósio congregou críticos, teóricos, curadores e demais agentes do sistema da arte. Procurando dar continuidade ao debate acerca da arte contemporânea , o Paço das Artes realiza nos dias 28, 29 e 30 de outubro deste ano o II Simpósio Internacional de Arte Contemporânea - Espaço, aceleração e amnésia: arte e pensamente na contemporaneidade.
Pensando no sistema da arte, composto pela equação produção artística, crítica e curadoria, instituições, mercado e mídia, uma questão coloca-se de saída: como vive esse sistema frente a uma situação universal em trânsito, que vê alterada a sua tradicional noção de espaço e experimenta, portanto, uma situação existencial que é feita consecutivamente de aceleração e amnésia?
Na arte a configuração destas novas espacializações corresponde à prática dos deslocamentos, às desterritorializações, ao ativismo em rede, às comunidades virtuais; enfim, às novas configurações espaciais das propostas artísticas. Configuram-se eixos de ação em espaços coletivos e colaborativos que, muitas vezes, colocam em debate as questões mais gerais da sociedade globalizada.
De um lado, vemos curadores trabalhando a partir de re-inserções no presente, promovendo movimentos antiglobalizantes, muitas vezes de teor sócio – assistencialista. De outro, vemos os artistas voltados a paradigmas do pensamento em arte que resultam em jogos entre o real e o ficcional, gerando estéticas e des-estéticas. Um terceiro aspecto é a emergência de um neo-populismo na arte sob influência direta do multi-culturalismo dos anos 80 e 90.
A decomposição do paradigma social na arte resultou no gigantismo expositivo e em estratégias corporativas na arte como supostas porta-vozes da diferença, que requerem uma reavaliação: não estaria surgindo, então, uma nova subjetividade burguesa que termina por mesclar a arte com interesses do capital privado e das instâncias públicas por meio do assistencialismo?
Paralelamente verifica-se uma modificação crescente na idéia do tempo. Da idéia de duração passamos para uma visão mais instantânea do tempo, imediata, que acompanha, obviamente, a ideologia imposta pelo consumo em tempo real
Dentro desta aceleração constante o esquecimento e a amnésia parecem se tornar um lócus privilegiado de discussão. Como falar em memória, em história, em uma sociedade que prega a instantaneidade? Como os artistas vêm potencializando esta discussão?
Como pensar a documentação, a pesquisa, a coleção pública e sua conseqüente difusão nas instâncias da formação ? Se o arquivo vivo é a fonte para a construção da memória e história da arte, como pensar o museu do futuro? Como pensar a memória do passado recente e do presente acesso à arte, a distribuição de registros e informações, o papel das instituições nos dias de hoje?
Estas entre outras questões semelhantes integram o II Simpósio Internacional de Arte Contemporânea do Paço das Artes. Esperamos que as discussões ao redor do tema “Espaço, aceleração e amnésia” possam incentivar o debate e o diálogo construtivo para o sistema das artes na contemporaneidade. Desta forma, o Paço das Artes, em conjunto com os seus parceiros, cumpre com a sua ampla missão que é: mostrar e pensar a arte contemporânea.