museu_interface_notas
1. SILVETTI, Jorge, “The Beauty of Shadows”, in Oppositions N. 9, 1977, pp 43–61.
2. GROSSMANN, Martin, Museum Imaging: modelling Modernity, PhD Thesis, Liverpool University, 1993, pp. 333.
3. GROSSMANN, Martin, Hipermuseu: a arte em outras dimensões, Razoado crítico apresentado para Concurso de Habilitação à Livre Docência junto ao Departamento de Bibioteconomia e Documentação da Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo na especialidade de Ação Cultural / Tese de Livre Docência, 2001.
4. Condição do museu de arte moderna explorada na tese de doutorado tendo como base a dialética negativa de Adorno, em especial os conflitos / contradições entre os valores da alta cultura e os da Sociedade de Massa, como também leituras críticas da obra de Adorno como as de Andreas Huyssen.
5. O termo “flâneur” vem do verbo francês “flâner”, que significa caminhar, ou “to stroll” em inglês. Está diretamente associado à teoria da Modernidade cujo marco inicial é a obra de Charles Baudelaire, em especial o tratamento que este poeta e ensaísta dá a caracterização do homem moderno cujo habitat é a própria cidade, a metrópole. Outros autores que complementam e atualizam esta conceituação são Walter Benjamin, Georg Simmel, Sigfried Kracauer, entre outros. O flâneur também está associado, na atualidade, à experiência de navegação na virtualidade, em especial no hipertexto que conforma a internet. Um site interessante que associa o flâneur à noção de hipertexto: O projeto do projeto das arcadas: O Flaneur, http://www.thelemming.com/lemming/dissertationweb/home/flaneur.html.
6. BENJAMIN, Walter, One Way Street, New York Harcourt Brace Jovanivich, 1978, p. 96.
7. Como sugerido por Walter Benjamin em relação à alegoria do Angelus Novus em seu ensaio “Teses sobre a Filosofia da História”, de 1940.
8. O conceito de anti-museu também foi desenvolvido durante o doutorado, resultado de um processo de desconstrução do conceito preponderante de museu, aquele que corresponde a seu universalismo. A possibilidade de explorar outros modelos e modos transversais ou até excêntricos mas ainda relacionais à prática e pensamento museológico gerou este conceito que foi fundamental para a constituição de uma nova lógica explorada pelo doutorado voltada à reflexão do papel do museu de arte na contemporaneidade. Além da tese, ver também GROSSMANN, Martin, “O Anti-Museu”, in: Revista Comunicações e Artes, ano 15, nº 24, 1991, pp 5–20.
9. Uma versão multimídia deste texto está disponível no site do Fórum Permanente http://www.forumpermanente.org
10. O primeiro edifício projetado para ser museu de arte foi o Museu Fridericianum em Kassel, Alemanha, em 1779. Neste mesmo país registra-se o primeiro boom de construção de museus, à partir dos anos 1830, em cidades como Berlin e Munique.
11. O’DOHERTY, Brian No interior do Cubo Branco, a ideologia do espaço da arte, São Paulo, Martins Fontes,2002
12. A trajetória das Grandes Exposições Internacionais inicia-se em 1º de Maio de 1851 com a abertura do Crystal Palace instalado no Hyde Park de Londres. Projetado por Sir Joseph Paxton, um engenheiro, esta construção transparente de 70 mil m², feita à partir de peças pré-fabricadas de ferro fundido e de vidro, tinha 610 metros de comprimento por 150 de largura e 22 de altura. Em exposição, a magnitude e diversidade da produção colonial, desde produtos industrializados, maquinários, a obras de arte, dispostos em mais de 13 mil expositores, seja do Reino Unido como de outros países europeus e dos EUA. Esta 1ª Exposição Internacional no Palácio de Cristal recebeu por volta de 6 milhões de visitantes. Recursos provenientes dos lucros obtidos pelo seu enorme sucesso possibilitaram a construção de importantes museus, como o Science Museum, o National History Museum e o Victoria and Albert Museum, todos localizados no distrito de South Kensigton em Londres. Na sequência vieram as grandes exposições de Dublin (1853), Nova York (1853), Munique (1854), Paris (1855), e muitas outras. Além do Crystal Palace outras construções baseadas nesta nova tecnologia do ferro e vidro foram concretizadas graças ao sucesso comercial e popular das Grandes Exposições. Um dos principais marcos deste grandioso período é a “Torre Eiffel” com 300 m de altura, pesando mais de 7 mil toneladas, parte central da Grande Exposição em Paris de 1889. O modelo das grandes exposições perde peso principalmente com o advento das grandes guerras.
13. Termo cunhado por Guy Debord explorado em seu livro de 1967 La Société du Spectacle.
14. Reflexões e entendimentos acerca dessa passagem do internacionalismo para a globalização têm sido desenvolvidos por vários campos de estudos. No caso da arte contemporânea e suas instituições, quem tem se debruçado sobre este assunto com especial atenção é o GAM-Global Art and the Museum, plataforma de pesquisa e ação cultural sediada no ZKM em Karlsruhe na Alemanha, comandada por Hans Belting e Andrea Buddensieg. Consulte o site: <http://www.globalartmuseum.de/> e também os dois livros até agora publicados: WEIBEL, Peter & BUDDENSIEG, Andrea, Contemporary Art and the Museum, a Global Perspective, Ostfildern, Hatje Cantz Verlag, 2007, p.256 e BELTING, Hans & BUDDENSIEG, Andrea, The Global Art World, audiences, markets and museums, Ostfildern, Hatje Cantz Verlag, 2009, p.408
15. Ver KRAUSS, R. (1986), The Originality of the Avantgarde and other Modernist Myths, (London, MIT).
16. (…) um conceito de periodização cuja principal função é correlacionar a emergência de novos traços formais na vida cultural com a emergência de um novo tipo de vida social e de uma nova ordem econômica – chamada, frequente e eufemisticamente, modernização, sociedade pós-industrial ou sociedade de consumo, sociedade da mídia ou do espetáculo, ou capitalismo multinacional. Podemos datar esta nova fase do capitalismo a partir do crescimento econômico do pós-guerra nos Estados Unidos, no final dos anos 40 e começo dos 50, ou então, na França, a partir da instituição da Quinta República, em 1958. (JAMESON, Fredric, “Pós-Modernidade e Sociedade do Consumo” Novos Estudos Cebrap; n. 12/ 1985 b. p. 16–26.
17. In: Mildred S. Friedman; Joseph Giovannini; et al Graphic design in America: a visual language history; Minneapolis: Walker Art Center; New York: Abrams, 1989.
18. STEIN, C. S., The art museum of tomorrow. Architectural record, v. 67, jan. 1930, p. 5.
19. A tipologia de museu que incorpora todas estas características é o do Museu de História Natural.
20. M.D. Levin, The Modern Museum: temple or showroom? Tel Aviv: Dvir Publishing House, 1983.
21. GROSSMANN, Martin. “Apresentação da versão em português”, in: O’DOHERTY, Brian. No interior do cubo branco: a ideologia do Espaço da Arte. São Paulo, Martins Fontes, 2002, p. XIV.
22. O’DOHERTY. op cit., p. 3.
23. Este desejo pela “forma pura” em arquitetura pode ser encontrado na maioria dos movimentos de vanguarda do século XX: no Futurismo, na Bauhaus, na Arquitetura Plástica do De Stijl e principalmente no Estilo Internacional.
24. GROSSMANN, O Anti-Museu, op cit p.20
25. GROSSMANN, O Anti-Museu, op cit. p. 18
26. André Malraux foi um homem multifacetado, comprometido com causas nobres. Lutou pelos Republicanos na Guerra Civil Espanhola, organizando a Força Aérea das Brigadas Internacionais (1936–39). Lutou também na Segunda Guerra Mundial e fez parte da Resistência Francesa durante a ocupação alemã. Destemido aventureiro, participou de algumas expedições arquelógicas na Indochina. Escritor, ensaísta, historiador da arte e estadista, atuou como Ministro da Cultura no governo de Charles De Gaulle por onze anos, de 1958 a 1969.
27. MALRAUX, A. “Museu Imaginário”, in: As Vozes do Silêncio, Lisboa, Livros do Brasil, vol. 1, s/d.
28. GROSSMANN, Martin. “Pensando el Museo de Hoy”, in: art.es n.3, mayo_junio 2004, p. 16.
29. GIRARD, Augustin, “1961. Ouverture de la première maison de la Culture”, Lettre d’information n° 43, 17 février 1999, Ministère de la Culture et de la Communication, France
30. Em 1956, Brancusi doou ao Estado francês seu estúdio com todos os seus conteúdos (obras concluídas, desenhos, mobiliário, ferramentas, biblioteca, discoteca …). Com a intenção de manter a integridade desta coleção, o Museu Nacional de Arte Moderna decidiu reconstituí-lo como foi deixado pelo artista, nas adjacências do Beubourg e para tanto convidou o arquiteto Renzo Piano para executar esta difícil transmutação: de ateliê para ateliê-exposição. Trata-se, sem dúvida, de uma das mais impressionantes instalações do século XX assim como também o é o Palácio Itamaraty projetado por Niemeyer para Brasilia e que foi inaugurado em 1970.
31. Ver BAUDRILLARD, Jean, “O efeito Beaubourg: implosão e dissuasão” (1977), in: A arte da desaparição. Rio de Janeiro: Editora UFRJ, pp. 165 e 173. (Coletânea de textos organizada por Kátia Maciel).
32. Entrevista com Pontus Hulten realizada por Hans Ulrich Obrist em 1997 in OBRIST, Hans Ulrich, A Brief History of Curating, Zurich & Dijon, JRP/Ringier & Les Presses du Réel, 2008, p-45 [nota: o Kulturhuset existe, consultem: http://www.kulturhuset.stockholm.se/]
33. GLEADOWE, Teresa, et al. Exhibiting the New Art: “Op Losse Schroeven” and “When Attitudes Become Form” 1969, Afterall, Londres, 2010.
34. Kunsthalle é um termo em Alemão usado comumente no mundo da arte para categorizar espaços de exposição temporária de arte.
35. Entrevista com Harald Szeemann por Hans Ulrich Obrist em 1995, in: OBRIST, Hans Ulrich, A Brief History of Curating, op. cit., p. 87.
36. Entrevista com Walter Zanini realizada pelo Fórum Permanente. Entrevistadores: Martin Grossmann, Pamela Prado, Vinicius Spricigo, Isis Baldini Elias, São Paulo 16/12/2009, (inédita, em fase de edição e revisão).
37. Para maiores detalhes sobre o papel da arte postal na estratégia curatorial do MAC na gestão de Walter Zanini (1963–78) e também na 16ª Bienal de São Paulo, consulte: BALDINI ELIAS, Isis, Conservação e Restauro de Obras com Valor de Contemporaneidade; a arte postal da XVI Bienal de São Paulo, Tese de Doutorado, ECA-USP, São Paulo, 2010, pp. 207.
38. SULZBACHER, Tatiana Cavalheiro, Laboratório no Museu: Práticas Colaborativas dentro de Instituições de Arte, Dissertação de Mestrado, CEART/UDESC, Florianópolis, 2010
39. Entrevista com Walter Zanini realizada pelo Fórum Permanente. Op cit.
40. GROSSMANN, Martin. Pensando el Museo de Hoy, Op. cit p. 17. Neste mesmo texto há também um comentário importante acerca das visões opostas, acerca do museu, de Valéry e Proust: (…) Valéry considerava o museu como um repositório funesto. (…) Proust considerava o museu como local ideal ao encantamento. Valéry estava muito interessado na mecânica do pensamento humano e em construir uma poesia que fosse pura em si mesma, na qual a linguagem poderia se expressar de forma total. Proust tomou a arte como o coração da existência humana e entendia que sua função era a de recriar o passado. Do ponto de vista mais objetivo de Valéry, os museus eram como túmulos para as obras de arte. Sua crítica voltou-se para a excessiva acumulação de obras em museus como o Louvre e seu argumento era o de que nenhuma mente seria capaz de lidar com tamanha disparidade de informação. Já Proust percebe a história como paisagem e consequentemente o museu como meio insubstituível no apoio a joie enivrante que essa experiência possibilita”. p. 17.
41. GROSSMANN, Martin. Seduccion y Crítica; arte y arquitectura em Brasil, Sublime N.6, noviembre_diciembre 2002, p. 20.
42. O’DOHERTY. Op. cit.
43. Outros projetos de Lina que merecem destaque são: Museu de Arte Moderna da Bahia (1959), o Teatro Oficina (1984), Fundação Pierre Verger (1989).
44. GROSSMANN, Martin. “A atualidade do Centro Cultural São Paulo”, seção TENDÊNCIAS/DEBATES do Jornal Folha de São Paulo em 14 de Julho de 2010, p. 3.
45. GROSSMANN, Martin. “Outra objetividade – o CCSP no olhar dos artistas”, texto de apresentação de exposição realizada no Centro Cultural São Paulo de maio a agosto de 2007 http://www.centrocultural.sp.gov.br/expo_programacao_outraobjetividade.asp
46. São elas: Coleção de Arte da Cidade, Arquivo Multimeios, Missão de Pesquisas Folclóricas, Discoteca Oneyda Alvarenga
47. MARAR, Ton. Ao Hipercubo in catálogo da exposição AO³ CUBO, curadoria de Luciana Brito e Martin Grossmann, Paço das Artes, São Paulo, março_abril 1997, p.25
48. Hiperespaço, na geometria, refere-se a espaços com mais de três dimensões, ou seja, n-dimensionais.
49. O conceito de ação / gestão crítico-criativa – ainda em processo de formulação, surge da conjunção de várias teorias, ações, estratégias e também de um processo de apropriação. Foi nominado no desenvolvimento do programa institucional do Centro Cultural São Paulo, na gestão na qual o autor deste artigo foi seu diretor-geral de julho de 2006 a maio de 2010. Trata-se de um conceito híbrido conjugado principalmente pelas práticas promovidas, entre outros, por ações culturais como as destacadas neste texto – as do anti-museu, a do museu-imaginário, as dos museus-laboratórios, bem como as dos artistas que não só produzem para o sistema da arte como também operam neste sistema de forma autocrítica e metalinguística. Exemplos desta forma de atuação pontuam criticamente a História da Arte. Um ponto de partida instigante são as gravuras de Albrecht Dürer presentes em sua obra “didática” composta por quatro livros intitulados Underweysung der Messung mit dem Zirckel und Richtscheyt de 1525. Nestes, os bastidores dos processos de criação do artista são desvelados, mostrando como a perspectiva é obtida por meio de um conjunto de apparatus, procedimentos e técnicas específicas, ancorados por sua vez em uma ideologia de espaço e de representação que perpassa a obra. Um outro momento marcante é a pintura As Meninas de 1656 que expõe a ação política consciente de Diego Velásquez no seio da corte do Rei Filipe IV da Espanha, situação metalinguistica explorada, entre tantos outros por Foucault em seu livro “As Palavras e as Coisas” de 1966. Seguem a estas, atuações como a de Casper David Friederich (1774–1840), Gustave Courbet (1819–1877), Édouard Manet (1832–1883) e Paul Cézanne (1839–1906) culminando com Marcel Duchamp que é um marco neste tipo de atuação crítico-criativa no sistema da arte. Sua ação artístico-cultural é referencia central na produção da arte contemporânea e principalmente na relação entre o artista e a instituição.
50. GROSSMANN, Martin. “O Museu na Virtualidade” in: Hipermuseu: a arte em outras dimensões (2001), op.
cit.
51. Museológicas não só no sentido de correspondência direta com a Museologia – área de estudos que trata dos museus, as técnicas correspondentes, como conservação e catalogação, sua história e relações com a sociedade-, como também às diversas lógicas desenvolvidas relacionadas ao universo do museu, seja a do anti-museu, a dos próprios artistas (ex. Marcel Duchamp, Marcel Broodthaers, Joseph Kosuth, etc), ou até mesmo as de curadores como Szeemann, quando este explora na Documenta 5 (1972), em uma secção especial, o significado e a psicologia do lugar sagrado hoje em dia.
52. LÉVY, Pierre. As tecnologias da inteligência-o futuro do pensamento na era da informática. Rio de Janeiro: Editora 34, 1995.
53. DUARTE, Claudia. Marcel Duchamp, olhando o Grande Vidro como interface. Rio de Janeiro: Rios Ambiciosos & N Imagem, 2000, pp. 10–11.
54. LONG, Norman, Development Sociology: Actor Perspectives, Routledge, 2001, p 243
55. Sociologia do Desenvolvimento é o ramo da sociologia que analisa os efeitos da mecanização generalizada da produção adotando uma perspectiva de interdependência entre as dimensões econômica, social e política. Inicialmente, pelo viés da Teoria da Modernização, tratou do estudo das condições necessárias para o acesso dos países não industrializados ou em desenvolvimento (o chamado “terceiro-mundo”) à revolução industrial. Nos anos 1980–90 surge uma crítica a este modelo centrada principalmente ao fato deste ainda estar associado à relações de dominação pós-colonialistas. Estas críticas abriram espaço para a proposição de outros modelos e entendimentos, como o em destaque neste texto.
56. Interfaces de navegação: O Mosaic, lançado em 1993, foi o primeiro browser disponível gratuitamente na internet que visava uma melhor usabilidade da rede por meio da geração de interfaces gráficas multimídia. No entanto, foi o Netscape o navegador que de fato marcou esta abertura sendo seguido pelo Explorer da Microsoft, ainda hoje o mais popular navegador sendo usado por quase 40% dos usuários da internet.
57. DUCHAMP, Marcel. “The Creative Act”, Houston, 1957. In: BATTCOCK, Gregory, A Nova Arte. São Paulo Perspectiva:
1975, pp. 71–74.
58. GROSSMANN, Martin, “Do Ponto de Vista à Dimensionalidade”, ITEM, Revista de Arte, n.3, Rio de Janeiro, fevereiro 1996, p. 29–37.
59. GROSSMANN, Martin. “Museum Imaging: modelando a modernidade”, texto síntese das principais ideias desenvolvidas na Tese de Doutorado, publicado em inglês, “Spatial Imaging: Modelling Modernity” in (anais) First Symposium Multimedia for Architecture and Urban Design, São Paulo, FAU-USP, abril 1994, pp. 51–62.
60. SULZBACHER, Tatiana Cavalheiro, op. cit.