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Relato da mesa “Todo homem é um artista”

Por Marina Capusso

27 de novembro de 2010. Cheguei ao SESC Pompéia munida de papel e caneta para participar da terceira mesa do Seminário Joseph Beuys – A revolução somos nós denominada Todo homem é um artista. Cheguei bem antes da palestra, poderia almoçar e ver a exposição. Curioso notar o público da exposição e os participantes da palestra. O primeiro era mais amplo, contava com algumas pessoas que, num sábado de calor, resolveram almoçar e passear no SESC e aproveitaram para “dar uma passada” na exposição. No mais, jovens, em sua maioria os ditos “descolados”, absolutamente confortáveis na exposição. O público da palestra era muito pequeno, talvez vinte pessoas. Alguns eram do próprio educativo[1], outros eram conhecidos dos palestrantes, uma socióloga, uma ex-aluna de Dora Longo Bahia, um empresário “do ramo da arte”, um “jovem artista”[2] eu e alguns etc. que não foi possível identificar.

A percepção do público é importante para a análise desta mesa. Primeiramente, porque todos os palestrantes, Monica Nador, Luiz Guilherme Vergara e Dora Longo Bahia, deram como evidente que todos daquela sessão do seminário conheciam Joseph Beuys. Tendo em vista o público descrito, provavelmente isso era verdadeiro.  Se alguma pessoa, das que passeavam pelo SESC, resolvessem, desavisadamente, participar do seminário sem conhecer Beuys, afinal o titulo da mesa era bem convidativo, as falas fariam pouco sentido. Especulo que tenha sido este o motivo da saída de um casal de idosos, público assíduo do SESC Pompéia, no meio das falas. Se todo homem é um artista[3], nem todos têm o conhecimento da arte da qual se fala.

A mesa se organizou da seguinte forma: foi aberta com a fala de Monica Nador, depois Dora Longo Bahia e, em seguida, Luiz Guilherme Vergara. No final, os três palestrantes subiram ao palco e houve um debate com o público. 

“Faz dois anos que a cultura entrou na agenda daquela comunidade”[4]

Tendo como eixo central da fala o vídeo da varrição da Praça no Jardim Miriam, Monica Nador explanou brevemente sobre a sua vivência neste bairro. Há sete anos vivendo no “Brasil profundo de São Paulo”, abriu um espaço de cultura e de pensamento, o JAMAC (Jardim Miriam Arte Clube), que, a partir deste ano, se tornou um Ponto de Cultura.[5] De acordo com Monica, quando chegou ao Jardim Miriam, as demandas e os movimentos se referiam à educação e à saúde. Hoje, e o JAMAC contribuiu para isso, a estas demandas agregou-se a demanda por cultura. Inúmeras atividades são desenvolvidas no JAMAC (e fora dele!), o café filosófico, a rádio poste, um projeto realizado por jovens do local, patrocinado pela Prefeitura de São Paulo, que visa promover um dia de cultura “para as pessoas do bairro saberem o que é cultura. Para elucidar a população, para todo mundo saber o que é cultura e para que a cultura serve, pra somar no pró centro cultural gigante que eles tão afim agora”. A ação de varrição de rua foi realizada no âmbito deste projeto. Homenageando Beuys, “o cara”, segundo Monica, a artista propôs, junto a outras pessoas, varrer a Praça do Bairro, “lugar desejado por todos os grupos, as forças políticas ali do bairro. É o espaço de maior visibilidade” e apresentar “cultura num outro nível”. Enquanto a Praça era varrida, Monica, além de exaltar os passantes à varrição, explanava sobre Joseph Beuys, argumentando como a varrição da Praça poderia ser considerada um ato artístico.

Muitas questões podem ser levantadas, tanto pelo vídeo, quanto pela fala da Monica.[6] A meu ver, uma questão bastante interessante e ligada diretamente à discussão sobre a capacidade de transformação da arte se refere à capacidade de fruição desta arte e, portanto, às disposições que as pessoas devem ter para perceber determinada ação como arte e perceber a arte como possibilidade de transformação e, assim, passível de gerar mudanças de percepção, de participação e de posicionamento frente ao mundo.

Ao contrário do público presente na palestra, os moradores do Jardim Miriam devem ser convencidos sobre o que é cultura. Em inúmeros momentos Monica frisou esta questão. Mas, em certo momento da sua fala, quando frisava novamente a importância destes moradores entenderem o que é cultura, disse: “Eles entendem. Isso é bobagem. O que é legal mesmo é a convivência. E se troca, se vai informando. E eu também vou entendo um monte de coisa, claro”.  Num lampejo de reconhecimento da cultura do outro, como diriam alguns antropólogos, Monica tenta amenizar o que reforçou em toda a sua fala, que é a necessidade destes moradores de se apropriarem das disposições para fruir uma arte, que é a arte legitimada como cultura e, portanto, a única que possui reconhecimento social e é capaz de operar transformações na vida destes moradores que, através da fruição de algo legitimado pelo grupo social que define o que é cultura, podem galgar reconhecimento social, ainda que somente alguns consigam. Monica, muito perspicaz, saca (como ela gosta de dizer) isso. Ela sabe da importância de reconhecer o modo de vida e os gostos destes moradores, mas sabe que sem que eles dominem outros códigos, a possibilidade de mudanças é limitada. A artista não só percebe isso, como, ao vivenciar esta experiência de viver com o diferente buscando propiciar elementos para que estas diferenças diminuam, sabe que isso não se faz sem conflitos. Conflitos baseados no que ela chama de gap entre as classes sociais. Monica fala do próprio processo pelo qual passou para que reconhecesse Joseph Beuys como um artista, num tom confessionário afirma: “Eu achava Beuys um bobo. Quer dizer, eu respeitava, afinal tanta gente gostava. Eu tive que entender a arte através da teoria para poder entender o Beuys. E hoje eu acho que ele é a ponta. Ele é o cara, eu acho. E todas estas pessoas que se envolvem realmente com a real”.  É nítido como o reconhecimento passa por um aprendizado que está longe de ser um processo natural, o que, dessa forma, nos faz questionar a própria pretensão de pensarmos que a arte é transformadora da realidade social, se esta mesma arte não opera nenhum tipo de sentido para a maioria das pessoas. Se não há compartilhamento de signos, fica impossibilitada a existência de um diálogo e, dessa forma, a instauração de um espaço público onde a política acontece.

 “Fazer arte é fazer política”[7]

O inicio da fala de Dora Longo Bahia se relaciona diretamente com a fala de Monica.  Ainda que o cerne da fala de Dora fosse o limite do artista e, assim, da própria política em tempos do que ela denomina capitalismo fictício, Dora nos falou da fundação da Universidade Internacional Livre em 1974, que tinha como “objetivo ajudar a tornar real a capacidade de todo homem ser criativo”, fazendo-nos, assim, repensar a frase de Beuys que dá nome à mesa, um belo slogan, e questioná-la. Se todo homem é um artista, não seria necessário ajudá-lo a realizar a sua capacidade criadora, a não ser que entendamos a frase no sentido de que todo homem é potencialmente um artista. Infelizmente, a meu ver, Dora não explorou esta questão. A capacidade de criar e de fruir foi tomada como dado e as questões de Dora se relacionaram a impedimentos estruturais impostos a esta capacidade. Diferente de Monica, cujo cerne da fala é o fomento da capacidade de criar, Dora nos colocou outro problema, também bastante interessante, que é a impossibilidade da arte, da criação, tendo em vista o sistema em que “todos nós estamos mergulhados”. 

Para Dora, fazer arte é fazer política, entendendo política como a “arte de lidar com a cidade, a arte de agir sobre a sociedade, criar paradigmas, sinalizar novas formas de organização”. Como através da arte você proporciona transformações na sociedade, de acordo com Dora, “um artista, como um governante, é responsável tanto pela sua obra, quanto pelas relações dela na esfera pública, as implicações públicas do seu trabalho, pela articulação da sua obra com os sistemas de poder, sejam eles o Estado, a mídia, o poder privado, o poder corporativo”.

Mas, se desde a Idade Média estas articulações são inevitáveis, atualmente, na visão da artista, elas impossibilitam a própria realização da arte. Num clima de “tá tudo dominado” Dora argumenta que se até os anos 60 havia alternativa ao mercado, o marginal, as vanguardas, atualmente “com a aceleração do tempo de giro de consumo e a superação das barreiras espaciais em que a imagem e o sistema de signos se tornaram a mercadoria ideal do sistema”, há uma onipotência do mercado contra qualquer tipo de subversão. “As vanguardas foram capturadas, os movimentos de resistência foram paralisados, a subversão foi transformada em mercadoria. A insubordinação das vanguardas foi domesticada pelo capitalismo”.

Ainda que com algumas nuances, principalmente no momento do debate[8], a fala de Dora nos leva para a impossibilidade da arte e, dessa forma, da própria política. A artista se questiona sobre quais as possibilidades de atuação do artista neste contexto: “Quais são as opções do artista? Assumir o papel de bobo da corte? Reivindicar uma posição de silêncio político? Abster-se de fazer arte? Bravatear por aí uma posição marginal? Mas marginal a quê, se a gente pensar que marginal precisa de uma margem e no sistema capitalista não existe mais fora ou dentro, a gente já tá mergulhado totalmente dentro deste sistema.”

Beuys acreditava na arte como mobilização social e na potência da revolução. Mas que revolução é possível, se questiona Dora, se neste sistema a capacidade de criação e destruição do capitalismo é a própria revolução.  Porém, ao contrário do que sua análise nos parece levar, Dora se propõe a pensar o que seria um ato político/artístico radical, de certa forma, contradizendo sua análise de total imersão neste sistema e, portanto, a impossibilidade de uma ação não cooptada.

Para pensar o que seria este ato, Dora traz diferentes definições de revolução[9] e acaba por concluir, deixando aos participantes a tarefa de contrapor estas definições, que assim como na postura de Veronique, que pensa que uma revolução pode ser feita por um pequeno grupo que pensa pelos outros, e de Bobby Sands, que se contrapõe a um sistema colocando em risco uma vida que nada vale para este próprio sistema, “há na arte uma postura que tem algo de infantil. Às vezes é violenta, às vezes é suicida e às vezes é ridícula, mas eu acho que pode ser um ato de risco”. Dora adota como definição de ato de risco a definição de ato político radical de Slavoj Zizek, a saber, “uma intervenção específica, num contexto sócio-simbólico que, apesar de sempre estar situado num contexto concreto, não é inteiramente determinado por ele. Esse ato sempre envolve um risco radical, já que é um passo no desconhecido, sem garantias quanto ao resultado final, porque um ato altera retroativamente as coordenadas em que interfere.”

No debate, Dora salientou que exibiu os trechos dos filmes por achar que “com a arte, às vezes sem querer, você dá uma facada no capitalismo, abre uma fenda”. Mas, ainda que Dora tenha sinalizado para algum tipo de esperança, sua conclusão nos faz pensar que a inserção de uma possibilidade de quebra no sistema foi somente uma estratégia argumentativa, pois ela retorna para a análise inicial da imobilidade a que estamos condenados quando coloca um outro problema, que é o papel das instituições. Pergunta-se: “Como pode haver dentro das instituições lugar para estes atos de risco? Como uma escola de arte pode estimular o aluno a posições radicais e ao mesmo tempo exigir que este aluno respeite as regras?”

Mesmo que no debate Dora tenha citado o trabalho de Monica como uma destas fendas, ainda que o JAMAC também pertença ao circuito do mercado, levando a análise da artista às últimas conseqüências, o trabalho desenvolvido por Monica, por exemplo, seria em vão. Basta-nos saber se as pessoas do Jardim Miriam que tiveram, de alguma forma, seu cotidiano alterado concordariam com esta proposição.[10]

“Temos que saber de cor todas as vanguardas européias, mas a gente não sabe pensar o tempo presente”[11]

A fala de Luiz, baseada no texto de Beuys Conclamação para uma alternativa global quando da sua participação na Bienal de São Paulo em 1979, retomou o papel das instituições na formação do artista, não somente uma formação relacionada a determinadas linguagens, mas a uma formação humanista. Argumentando a atualidade do texto de Beuys, que propõe com o seu texto “uma arrancada para um futuro inteiramente novo”, Luiz discorreu sobre inúmeras questões abordadas pelo texto, passando pelos problemas de um hiper armamento, as questões ecológicas, a vontade firme de autodeterminação e responsabilidade, o não se achar mais atrelado às relações de ordem, submissão, poder e privilégio, o que seria ingênuo se levarmos em conta a fala de Dora, à proposição da decisão clara de agir, que relacionou com o trabalho desenvolvido por Monica, entre outras questões.

Ainda que procurasse estabelecer relações com as falas anteriores, visto o papel de mediador que também lhe cabia nesta mesa, por ter preparado uma apresentação que permeava diversas questões, esta tarefa foi prejudicada. Dessa forma, focarei em um argumento de Luiz que, a meu ver, pode ser relacionado com as falas anteriores, seja convergindo para a proposta de Monica, seja se posicionando frente aos problemas levantados por Dora.

Para Luiz, Beuys é, antes de tudo, um educador. Instigado pela declaração de Beuys de que devemos agir baseados no tempo presente, Luiz coloca a questão de como pensar a formação dos jovens a partir do tempo presente. Se contrapondo à fala de Dora, que bloquearia a possibilidade de pensar uma formação transformadora dentro das instituições, afirmando, como fez no debate, “a importância de abrir mão de algumas perguntas”, visto que “estamos acumulando uma critica histórica tremenda e isso imobiliza”, Luiz aproxima-se de Monica quando propõe uma formação em que se estimule o pensamento da realidade local, do lugar onde estamos inseridos, que nos permita pensar as especificidades das diferentes cidades, dos estados, dos países, das instituições, que pense o presente e que não seja fragmentada. Amparado em Beuys, Luiz propõe formar para que ajamos a partir de uma reflexão, reflexão esta que é pessoal. 

Para Luiz, o mote “A revolução somos nós” é um chamado para pensarmos o contexto, pensarmos em que contexto trabalhamos. E ao pensarmos este contexto, pensarmos qual o sentido de vida na realização dos nossos trabalhos. “Qual o sentido de vida que as escolas de arte ensinam?” pergunta-se. Partindo da afirmativa de Beuys de que todo homem é um artista que do seu estado de liberdade aprende a determinar as posições do todo numa obra de arte total, Luiz se questiona se “o século XXI vai manter isso da formação do artista, ou vamos falar de formação humana, a formação do político. Será que o projeto desta arte total é um projeto de uma humanidade total?” Argumenta, assim, que o campo ampliado de atuação é a educação e ”a revolução radical é mudar o ser humano no seu entendimento de sentido de vida, no seu posicionamento”.

De acordo com Luiz, é preciso pensar como estamos atuando de uma forma descentrada e formando novas gerações no sentido de uma construção coletiva, que realizem o “exercício do ser humano sendo humano”. Propõe pensar as “micro revoluções”, afirmando que se ainda há muito para ser alterado, é preciso admitir que muito já foi feito, que mudanças foram realizadas. Há pessoas em vários lugares, trabalhando para esta formação, transformando através da prática, ainda que em escala micro.

E é por pensar este contexto que Luiz, se contrapondo a certa demonização do dinheiro, provoca, argumentando a importância de formar os jovens para aprender a lhe dar com o “bolo de recursos que tem este país” com “responsabilidade social com estes recursos públicos”, defendendo uma transformação funcional do dinheiro. Para Luiz, “é preciso aprender a trabalhar com este dinheiro, para que gente do Jardim Miriam possa fazer projetos e conseguir estes recursos”, argumentando que o domínio destes recursos talvez esteja relacionado à autonomia e descentralização proposta por Beuys no texto exposto. Pensar nesta transformação funcional do dinheiro é pensar, inclusive, nas próprias contradições de Beuys que, como artista, precisa vender a sua obra, e nas limitações apresentadas por Dora em sua fala. Para Luiz, a sociedade é contraditória e nem por isso devemos deixar de agir nela, a questão é pensarmos como podemos atuar nela no nosso tempo.

***

No debate algumas questões/observações foram levantadas. Procurei inserir as que, a meu ver, dialogavam melhor com o caminho trilhado no decorrer do texto. De forma geral elas versaram sobre a relação arte e mercado, a complexidade do ensino de arte institucionalizado, os resultados das ações apresentadas e a definição de arte e artista de Beuys. Esta última surgiu como um respiro final, como algo que estava sufocando alguns participantes, que, afinal, queriam entender melhor, de forma mais direta, a frase que dava título à mesa. Sendo assim, vale a pena registrá-la.

Segundo o entendimento de Dora, dizer que todo homem é um artista é dizer que todo homem tem uma capacidade criativa. O que Beuys entende como criatividade é do ponto de vista quase econômico. A criatividade é um capital e ela pode ser colocada no sistema para a produção de um bem econômico, que seria produzido dentro dos centros culturais, da mídia, que pegariam esta criatividade e produziriam uma matéria que gera valor econômico. Monica discorda da concepção de Beuys de que todo homem é um artista, afirma que todo homem não é um artista, por que nem todo homem tem a formação de arte e que a questão é trabalhar o ser humano como um sujeito emancipado. Uma participante da mesa, pertencente ao educativo, argumentou que arte para Beuys é criatividade. Beuys se interessava muito pela criatividade orgânica. A noção de criatividade, de que todo homem é um artista, significa que todo homem interfere na estrutura da sociedade. Dizer que todo homem é uma artista, não significa dizer que todo homem sabe pintar, tem o domínio da linguagem artística, mas que age nessa escultura que está se constituindo, o homem é o criador, e o que é o criador se não o artista? Argumenta que Beuys precisa da idéia de arte para encontrar um paralelo entre a natureza e a cultura. Dizer que todo homem é um artista é um modo de dizer que todos somos parte importante da estrutura da sociedade. Por fim, Luiz afirmou que todos concordam com a análise realizada pela participante, mas que não podemos esquecer o contexto em que Beuys está inserido. É preciso pensar a época em que seu argumento se desenvolve, um momento de contracultura, onde a relação entre espectador e espetáculo é questionada.



[1]  Ver sobre o educativo em http://www.sescsp.org.br/beuys/

[2]  Após este termo ter sido ironizado por Dora Longo Bahia em sua fala, como se ser jovem e artista conferisse atributos específicos, um participante da palestra se apresentou, um pouco constrangido, como jovem artista ao fazer uma pergunta. Para Dora, a concepção de jovem artista é a expressão do artista como mercadoria, visto que a cada ano entram jovens artistas no mercado e a cada ano estes jovens artistas são substituídos por outros jovens artistas.

[3] Ciente de que a concepção de artista de Beuys envolve não somente o domínio de determinada linguagem e as técnicas e teorias que a compõe, mas a capacidade humana de criar e, portanto, transformar, conforme exposto no final desta mesa.

[4] As aspas deste tópico se referem à fala de Monica Nador.

[5] http://www.cultura.gov.br/culturaviva/ponto-de-cultura/

[6] Como adotarei um foco específico na realização deste relado, tendo em vista que a mesa teve três horas de duração, sugiro, aos que tiverem interesse no tema da mesa e/ou em criarem um diálogo com este relato, que vejam a gravação da palestra em  http://www.forumpermanente.org/.event_pres/jornadas/joseph_beuys

[7] As aspas deste tópico se referem à fala de Dora Longo Bahia.

[8] Ao ser questionada no debate por um “jovem artista” sobre a possibilidade de um trabalho marginal, Dora argumenta sua impossibilidade, afirmando que “para você estar fora do mercado, o único jeito seria não fazer. Mas ai se você não faz, você não existe, né?  O artista marginal, hoje em dia, é marginal por uma fração, até alguém ver ele”. Citou o exemplo da Monica que, ainda que não ganhe dinheiro com a arte, no momento em que o trabalho dela sai em jornais, por exemplo, ela entra no mercado, no processo de circulação de capital. Dora matizou seu argumento afirmando que a arte pode sim provocar fendas no sistema, mas ela não acredita que estas proverão dos denominados marginais. “Acho que dá para fazer, mas não sei se como artista marginal”. Luiz chamou atenção para o perigo deste tipo de análise bastante desestimulante, que poderia ter sido dirigida aos palestrantes quando do inicio das suas carreiras os impossibilitando de seguir o caminho que seguiram.

[9]  Trotsky, Heidegger e Godard. Este no filme “A Chinesa” (1967), notadamente a cena em que Veronique discute com o seu professor no trem.  Dora também nos trouxe uma releitura feita por Steve McQueen  no filme “Fome”(2008) da referida cena do filme  de Godard. Na cena exibida do filme de Steve McQueen, Bobby Sands discute com o padre a sua decisão de não se alimentar em defesa dos direitos dos militantes do IRA (Exercito Republicano Irlandês) presos pelo governo inglês.  À época do protesto de Sands, 1981, Godard comparou a postura de Sands ao que ele denominou postura infantil dos jovens revolucionários.

[10] Cabe ressaltar que para Monica “a gente perdeu!”. Ou seja, não há possibilidade de real transformação. E conclui: “mas temos que continuar vivendo. Felizes!”

[11] As aspas deste tópico se referem à fala de Luiz Guilherme Vergara