Feira de arte em Madri homenageia o Brasil em 2008
O Brasil será o país homenageado na Arco 2008, feira internacional de
arte contemporânea em Madri, que reúne anualmente, em fevereiro, cerca
de 300 galerias do mundo todo. Aproveitando a visita à Bienal de São
Paulo, aberta ao público no último sábado, as diretoras da Arco,
Lourdes Fernández, e do também madrilenho Museu Reina Sofía, Ana
Martínez de Aguilar, passaram dois dias no Rio.
Representação do Brasil vai ocupar 1.000m2 Além das principais galerias
de arte da cidade, elas visitaram os museus Nacional de Belas Artes, do
Açude, da Chácara do Céu, de Arte Moderna e de Arte Contemporânea, de
Niterói.
— Uma de nossas vias de trabalho é o colecionismo que vem da América
Latina, sobretudo do Brasil — afirmou Lourdes, em encontro com
galeristas, artistas, curadores, diretores de museus e colecionadores,
no Museu do Açude, na semana passada. — Esperamos que o Brasil abra um
grande caminho para a América Latina, onde a Europa tem que trabalhar
para abrir mercado e fazer intercâmbio com artistas e museus. Temos que
conhecer melhor a arte brasileira. Queremos que, além dos cinco dias de
feira, haja uma continuidade nessas relações. Somos a esquina da
Europa, temos uma cultura muito próxima.
É diferente da Suíça (país homenageado em 2003), que teve uma presença
estupenda na Arco, mas foi um país difícil para continuarmos essas
relações — disse ela.
O Ministério da Cultura,
responsável pela vinda das diretoras junto com o Ministério das
Relações Exteriores, selecionou os curadores Moacir dos Anjos, diretor
do Museu de Arte Moderna de Recife, e Paulo Sergio Duarte para cuidar
da representação nacional, que ocupará um espaço de cerca de mil metros
quadrados na Arco. Eles vão não apenas definir as galerias e trabalhos
participantes da feira, mas também pensar em projetos que possam ser
realizados concomitantemente a ela.
— O Reina Sofía colaborará com a Arco, possibilitando a aproximação com
a cultura do Brasil. Provavelmente convidaremos algum artista para
intervir no museu, como já fizemos (no ano passado, a artista plástica
Regina Silveira ocupou o Palácio de Cristal do museu, um dos mais
importantes da Espanha) — disse Ana, lembrando que o museu passa por um
momento de redefinição, procurando dar mais atenção à arte
contemporânea.
Instituições de Madri planejam mostras de arte brasileira Segundo
Lourdes, além do Reina Sofía, outras instituições de Madri já mostraram
interesse em projetos com artistas brasileiros, como La Casa Encendida,
o Canal de Isabel II, a Alcalá 31 e a Filmoteca de Madrid, que em 2007
terão projetos de artistas da Coréia, país homenageado no evento do ano
que vem.
— A Arco convida galerias e colecionadores e também facilita todo o
programa-satélite ao redor da feira, para que artistas brasileiros
tenham exposições durante o período. O Brasil é um dos países mais
criativos e interessantes do mundo, por isso estou muito tranqüila em
relação ao resultado — afirmou Lourdes, que, em São Paulo, visitou,
além da Bienal, a mostra “Paralela”, de galerias, o MAM, o Masp, o MAC,
a Pinacoteca e o Instituto Tomie Ohtake.
Segundo Moacir dos Anjos, no fim do mês já começará a ser definido um plano para a Arco.
— O projeto é uma possibilidade de legitimação econômica e também
simbólica da arte brasileira. Esperamos que ajude a quebrar
estereótipos e clichês, que ainda existem, e também a pensar o que é a
nossa arte contemporânea, e que sentido faz hoje pensar numa arte
brasileira.