Arco 2008 enfrenta boicote da Espanha
FABIO CYPRIANO
da Folha de S.Paulo
Há dois anos como diretora da Arco, Lourdes Fernandez pode enfrentar um boicote nesta edição da feira de arte espanhola, o que pode atrapalhar sua missão em recuperar o prestígio do evento.
Segundo a revista "El Cultural", do jornal "El Mundo", várias galerias espanholas não foram aceitas para a Arco e foram reclamar no Ministério de Cultura. Como resultado, o diretor-geral de Belas Artes, José Jiménez, anunciou que o governo, ou seja, o Museu Reina Sofía, a Junta da Andaluzia e a Comunidade Valenciana não irão comprar na feira, o que representa uma perda de cerca de 4 milhões (R$ 10 milhões), quase quatro vezes todo o investimento do Brasil nesta edição da Arco.
Nova fase
Segundo o galerista Ricardo Trevisan, "mesmo que a Arco seja uma espécie de bienal para os espanhóis, com o sucesso recente de feiras como a Frieze, em Londres, e da Basel Miami Beach, notou-se a redução de importantes colecionadores particulares e a conseqüente saída de várias galerias. Lourdes Fernandez representa uma fase de renovação para a Arco, e ela está copiando o que deu certo nessas outras feiras, como seus eventos paralelos e estandes VIPs".
"Penso que consegui ampliar a qualidade da feira e torná-la ainda mais atraente para as galerias, como uma resposta aos novos desafios do panorama de feiras internacionais. Um bom exemplo disso são os 543 pedidos de admissão recebidos para a edição deste ano, o que representa um aumento de aproximadamente 20% em relação aos recebidos no ano anterior", diz Fernandez. Em 50 mil m2, estarão espalhadas 295 galerias de todo o mundo, sendo 222 estrangeiras e 73 espanholas.
Para a diretora, a escolha do Brasil ocorreu pois "a América Latina sempre foi um dos objetivos-chave de projeção da Arco". No ano passado, Fernandez esteve no país para realizar contatos: "Embora eu já conhecesse a diversidade e a força deste mercado, pude constatar a ebulição que ele está vivendo, sobretudo com os criadores brasileiros. Encontrei uma arte radical, surpreendente e mestiça, que vai além dos estereótipos folclóricos que se costumam ter na Europa em relação à arte ibero-americana".
Quanto aos problemas com seleção, não é só a Arco que enfrenta polêmicas. Para o pavilhão brasileiro, a cargo de Moacir dos Anjos e Paulo Sergio Duarte, foram selecionadas 32 galerias, menos a que há mais tempo participa da Arco, do marchand Thomas Cohn, que, no entanto, irá ter estande próprio na feira. No final do ano passado, numa reunião entre os curadores e galeristas, a ausência de Cohn causou constrangimento, segundo a Folha apurou