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Arco 2008 enfrenta boicote da Espanha

Folha de S.Paulo, 11/02/2008

FABIO CYPRIANO
da Folha de S.Paulo

Há dois anos como diretora da Arco, Lourdes Fernandez pode enfrentar um boicote nesta edição da feira de arte espanhola, o que pode atrapalhar sua missão em recuperar o prestígio do evento.

Segundo a revista "El Cultural", do jornal "El Mundo", várias galerias espanholas não foram aceitas para a Arco e foram reclamar no Ministério de Cultura. Como resultado, o diretor-geral de Belas Artes, José Jiménez, anunciou que o governo, ou seja, o Museu Reina Sofía, a Junta da Andaluzia e a Comunidade Valenciana não irão comprar na feira, o que representa uma perda de cerca de 4 milhões (R$ 10 milhões), quase quatro vezes todo o investimento do Brasil nesta edição da Arco.

Nova fase

Segundo o galerista Ricardo Trevisan, "mesmo que a Arco seja uma espécie de bienal para os espanhóis, com o sucesso recente de feiras como a Frieze, em Londres, e da Basel Miami Beach, notou-se a redução de importantes colecionadores particulares e a conseqüente saída de várias galerias. Lourdes Fernandez representa uma fase de renovação para a Arco, e ela está copiando o que deu certo nessas outras feiras, como seus eventos paralelos e estandes VIPs".

"Penso que consegui ampliar a qualidade da feira e torná-la ainda mais atraente para as galerias, como uma resposta aos novos desafios do panorama de feiras internacionais. Um bom exemplo disso são os 543 pedidos de admissão recebidos para a edição deste ano, o que representa um aumento de aproximadamente 20% em relação aos recebidos no ano anterior", diz Fernandez. Em 50 mil m2, estarão espalhadas 295 galerias de todo o mundo, sendo 222 estrangeiras e 73 espanholas.

Para a diretora, a escolha do Brasil ocorreu pois "a América Latina sempre foi um dos objetivos-chave de projeção da Arco". No ano passado, Fernandez esteve no país para realizar contatos: "Embora eu já conhecesse a diversidade e a força deste mercado, pude constatar a ebulição que ele está vivendo, sobretudo com os criadores brasileiros. Encontrei uma arte radical, surpreendente e mestiça, que vai além dos estereótipos folclóricos que se costumam ter na Europa em relação à arte ibero-americana".

Quanto aos problemas com seleção, não é só a Arco que enfrenta polêmicas. Para o pavilhão brasileiro, a cargo de Moacir dos Anjos e Paulo Sergio Duarte, foram selecionadas 32 galerias, menos a que há mais tempo participa da Arco, do marchand Thomas Cohn, que, no entanto, irá ter estande próprio na feira. No final do ano passado, numa reunião entre os curadores e galeristas, a ausência de Cohn causou constrangimento, segundo a Folha apurou