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A Bienal de São Paulo: urgência na renovação!

A nossa é uma bienal histórica: condicionada a trajetória das Exposições Universais do Século XIX e início do Século XX, da imigração desse evento espetacular da Europa às Américas.

A nossa bienal é um caso singular: uma transposição do modelo original de bienal (Bienal de Veneza/final de século XIX) realizado por Ceccilio Matarazzo meio século depois na cidade de São Paulo, uma cidade mercantil em perpétua transformação vivenciando uma ascensão e crescimento exponencial, mas, naquele momento, ainda na periferia do capitalismo. Por curiosidade cabe dizer que no caso Norte Americano, fenômeno que desperta interesse semelhante foi o de uma transmutação: a criação de um novo modelo de museu: o Museu de Arte Moderna de Nova Iorque em 1939.

Não há como não incluir nesse mesmo panteão, a Documenta de Kassel, criada em 1953, com seu processo pautado na reformulação inovadora das matrizes originais da Bienal de Veneza, como explorado pelo curador Roger Buergel em seu projeto curatorial para a 12a Documenta. Cabe ressaltar que o fenômeno das bienais em pauta atualmente, e que também foi enfocado pela 28a Bienal, é aquele que se relaciona a globalização e que tem como marco o lançamento da Bienal de Havana em Cuba em meados da década de 80. A partir desse momento é que se assistiu uma disseminação do formato universal de "Bienal de Arte Contemporânea" ao redor do mundo. Contrario ao que Carlos Basualdo relata em seu texto “A Instituição Instável” [The Unstable Institution', MJ - Manifesta Journal, no.2, Winter 2003/Spring 2004, pp.50-6], no qual analisa esse modelo em particular (o mais recente de bienal), a Bienal de São Paulo está totalmente involucrada não só em nosso sistema de arte, sendo um de seus principais alicerces desde a sua criação, bem como no contexto internacional, como ressaltam os curadores da 28a Bienal de São Paulo em seu relatório final :

Fica como elemento para reflexão uma vez mais o prestígio e a expectativa que existe sempre em torno da Bienal de São Paulo, assegurando-lhe um lugar único e consolidado entre todas elas.

Acesse aqui o relatório na íntegra que lança as seguintes perguntas:

Que papel pode, então, ter agora a Bienal de São Paulo diante de uma nova ordem profissional, técnica, econômica, institucional que ela própria ajudou a construir aqui e serviu de modelo em outros lugares? Como ela pode atender as novas demandas do circuito em que se inscreve? Como seus dirigentes e responsáveis pensam o futuro dela? Está claro que ela não pode continuar sendo uma benesse dada ao público por uma ação entre amigos, pois trabalha com dinheiro público.


Martin Grossmann
coordenador do Fórum Permanente