Ex-ministros da Cultura pedem recriação da pasta por Bolsonaro em evento em SP
Ex-ministros da Cultura em reunião na USP — Foto: Tahiane Stochero/G1
Os ex-ministros da Cultura Luiz Roberto Nascimento e Silva, Francisco Weffort, Juca Ferreira, Marta Suplicy e Marcelo Calero, que integraram diferentes governos desde a redemocratização do país, divulgaram um manifesto público nesta terça-feira (2), em São Paulo, criticando a extinção do pasta, e pedindo sua recriação pelo presidente Jair Bolsonaro (PSL).
No manifesto, divulgado à imprensa após uma reunião realizada pelos ex-ministros na Universidade de São Paulo (USP), eles afirmam que “carece de sentido a redução dos recursos de forma contínua para o setor cultural”, citando como exemplos o contingenciamento de recursos do Fundo Nacional da Cultura.
O G1 questionou a assessoria de imprensa da Presidência sobre as queixas apresentadas no manifesto e aguarda retorno.
Segundo os ex-ministros, a preservação de leis aprovadas pelo Congresso para a valorização da cultura nacional “não podem ser ignoradas por quaisquer governos”.
“Há uma necessidade em prestar atenção no que está acontecendo, começando com a redução do ministério para uma secretaria e a a redução de recursos pela demonização das leis de incentivo. O empresariado está receoso em investir. Estão asfixiando o setor, do ponto de vista econômico, e isso é preocupante”, disse Luiz Roberto Nascimento e Silva, que foi ministro de Itamar Franco.
“Estamos sendo vítimas do mesmo processo de demonização da cultura na área universitária. Foi um erro a extinção do ministério”, afirmou Juca Ferreira. “Há a construção de um ambiente hostil e artistas já começaram a sentir censura”, acrescentou o ex-ministro do governo de Luiz Inácio Lula da Silva.
Para ele, no final do governo Bolsonaro, “teremos um cenário de terra arrasada” no setor. “O conjunto da obra da fala do atual presidente sempre deslegitima a cultura”, disse.
Marta Suplicy, que foi ministra no governo de Dilma Rousseff, também defendeu o restabelecimento do ministério e a defesa da livre manifestação de pensamento, afirmando que houve um “retrocesso civilizatório em relação à cultura, que é uma identidade do povo e depende das raizes populares e também do Estado para seu desenvolvimento”. “As pessoas ficam com medo e o clima para a cultura hoje é hostil.!Eles estão jogando investimentos no lixo”, acrescentou Marta.
Por sua vez, Calero, ministro de Michel Temer, salientou que “o que preocupa é esta retórica belicista de que a cultura é um inimigo". "Precisamos de uma política de Estado que preserve o que temos. Que país que nós queremos? Queremos museus só para quem vai viajar para o exterior?”, disse.
“Tivemos um debate muito produtivo entre representantes de diversas vertentes históricas. Lutamos pelo restabelecimento do ministério da Cultura, que tem grande importância para a história do país”, disse Francisco Weffort, que foi ministro da Cultura do governo Fernando Henrique Cardoso. “Tentamos reunir ministros de todos os governos democráticos, mas muito não foi possível estarem aqui por questões de agenda”, acrescentou ele.