Texto apresentado por Denyse Emerich

1º Encontro das Ações Educativas em Museus da cidade de São Paulo. Mesa 3: História Oral, Memória e Subjetividade - 15/08/2006
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Em primeiro lugar gostaria de agradecer à DIM, ao Fórum Permanente de Museus de Arte e ao Instituto Goethe, pelo convite.

Com relação ao tema sugerido para esta mesa, o Museu da Língua Portuguesa tem, em si, dois destes três elementos, quais sejam: memória e subjetividade. Já sobre a história oral, o que temos que mais se assemelha são depoimentos breves de índios de diversas etnias, falando em suas línguas de origem.

Por isso, e por perceber que muitos dos aqui presentes ainda não conhecem o Museu da Língua Portuguesa, optei por utilizar os 20 min descrevendo o Museu e as ações ali desenvolvidas e por desenvolver.

O Museu da Língua Portuguesa

Em primeiro lugar falarei sobre o Museu propriamente dito, e em seguida sobre a ação educativa.

Foram dois os motivos principais para escolha da Estação da Luz para abrigar o Museu:

  • 1º: o edifício é um patrimônio histórico do século XIX;

  • 2º: o fato de estar localizado em São Paulo, a cidade que tem a maior população de falantes do português no mundo.

O projeto do Museu foi concebido em 2001 e sua execução teve início em 2002, graças a um convênio firmado entre as Secretarias da Cultura e Educação do Governo do Estado de São Paulo e a Fundação Roberto Marinho. Sua implantação durou 4 anos.

Foi inaugurado em 20 de março de 2006. Dia 20 de agosto completaremos 5 meses de atendimento ao público.

O Museu conta com uma área de 4.333,62 m² e está distribuído em 3 andares.

Tem como tema central a língua portuguesa – base da cultura brasileira.

Foi concebido para ser um museu vivo da língua, local onde os brasileiros possam se reconhecer e se conhecer melhor.

Principais objetivos:

Ø   Fazer com que as pessoas se surpreendam e descubram aspectos da língua que falam, lêem e escrevem, bem como da cultura do país em que vivem, nos quais nunca haviam pensado antes;

Ø   Oferecer ao público em geral um conjunto de informações audiovisuais de caráter histórico, social e cultural sobre a língua portuguesa em suas várias dimensões e possibilidades, organizadas de maneira dinâmica e atraente em uma grande exposição de longa duração e em exposições temporárias;

Ø Oferecer a um público de estudantes e estudiosos, conferências, mesas-redondas, cursos e eventos interdisciplinares relativos à língua em seus vários aspectos;

Ø  Gerar produtos educacionais, como monitoria para escolas e atividades para formação de professores;

Ø  Disponibilizar conteúdos virtuais, através do Portal do Museu da Língua Portuguesa.

A seguir vou apresentar a distribuição dos temas da exposição no Prédio da Estação da Luz.

Embora cada andar tenha leitura independente, vou apresentar a exposição do terceiro para o primeiro andar, ou seja, de cima para baixo.

Terceiro andar

§ Auditório: projeção de um filme de 10 minutos sobre as origens da Língua Portuguesa falada no Brasil.

§ Esse filme nos permite perceber o conceito de língua que o Museu apresenta. Aqui não nos preocupamos com normas gramaticais, mas a ênfase é dada ao uso da língua feito por cada brasileiro, inserido em seu contexto cultural.

§ Praça da Língua: Espécie de “planetário da Língua”, composto de imagens projetadas e áudio. Apresenta uma antologia da literatura criada em Língua Portuguesa, com curadoria de José Miguel Wisnik e Arthur Nestrovski.

§ Podemos citar, neste local, entre várias soluções muito interessantes desse casamento entre poema, som e imagem, um rap cuja letra é um poema do séc XVII, atualíssimo, de autoria de Gregório de Matos.

Segundo andar

§ Grande Galeria: Tela de 106 metros com projeções simultâneas de filmes que mostram a Língua Portuguesa no cotidiano de seus usuários. Aqui é apresentada, principalmente a diversidade da cultura brasileira.

§ Palavras Cruzadas: Sete totens dedicados às influências das Línguas e dos povos que contribuíram para formar o português falado no Brasil.

§ São dois sobre influência indígena, sendo que um deles apresenta o registro oral de índios falando hoje, em seus idiomas de origem; Curiosidade: Nheengatu: Mistura de termos indígenas com espanhol e português, originou-se do período da colonização brasileira e foi utilizado oficialmente até ser proibido por D. João 4º, em 1727, que queria oficializar o português. Calcula-se que seja utilizado hoje por cerca de 370 mil pessoas só no MS.

§ Dois totens são sobre a influência africana; três sobre a influência européia (inglês, francês, espanhol e “outros idiomas”).

§ Existe, ainda, um oitavo totem dedicado ao Português falado nos demais países de língua portuguesa.

§ Linha do Tempo: uma linha com recursos interativos onde o visitante poderá conhecer melhor a história da Língua Portuguesa;

§ Beco das Palavras: sala com jogo eletrônico interativo que permite ao visitante brincar com a criação de palavras, além de conhecer a origem e significado das mesmas;

§ História da Estação da Luz: corredor com painéis que mostram um pouco da história do edifício sede da Estação da Luz e os trabalhos de restauro realizados quando da implantação do Museu da Língua Portuguesa.

Como podem perceber o segundo andar é composto de vários módulos. Eles são apresentados utilizando diversos suportes interativos. Todos emitem sons diversos, e as imagens e os sons, em alguns locais se sobrepõem.

Digo isso para ressaltar que existe aqui um apelo muito forte à utilização, por parte do visitante, de mais de um sentido simultaneamente.

Primeiro Andar:

§ Na ala leste do primeiro andar está localizada a sala dedicada às exposições temporárias. Neste momento temos uma exposição concebida pela Bia Lessa cujo tema é a comemoração dos 50 anos da 1ª edição do livro Grande sertão: veredas, de Guimarães Rosa.

§ Na ala oeste, atualmente ficam a administração e o setor educativo do Museu.

Os elevadores de acesso ao Museu são espaços expositivos, pois possibilitam visão total da escultura “árvore de palavras” criada por Rafic Farah, com 16 metros de altura.

Além disso, no seu interior, os visitantes podem ouvir uma espécie de mantra, composto por Arnaldo Antunes, que repete as palavras “língua” e “palavra” em diversos idiomas.

Visitação

Média de visitantes:
Dias de semana: 1.800 visitantes por dia
Sábados: 4.000 visitantes
Domingos: 3.200 visitantes

Essa demanda exigiu que a ação educativa consolidasse a sua prática muito rapidamente.

A Ação Educativa

A equipe educativa

Iniciamos com 12 monitores. Hoje a equipe conta com 14, sendo que 2 exercem também o papel de supervisores.

Atendemos atualmente a 16 grupos de 20 pessoas por dia, de terça a sexta-feira. Nos fins de semana o atendimento ainda se restringe ao visitante no espaço expositivo.

A exposição do Museu apresenta uma grande quantidade de suportes de mediação entre o visitante e a língua portuguesa. Por esse motivo, o papel dos educadores é muito mais de agentes fomentadores de relações entre os diversos conteúdos apresentados e promotores de reflexão.

Outra preocupação que temos, e que está norteando a criação de nossas próximas ações é fazer com que o visitante se torne um freqüentador.

Com esse objetivo, a partir de setembro, iniciaremos as visitas monitoradas pelo prédio.

Características do público visitante

Temos recebido um público muito diversificado. O museu tem chamado a atenção de todas as faixas etárias. Além disso, muitos turistas de outros estados do Brasil e do exterior têm nos visitado.

Estamos sendo procurados espontaneamente por grupos de público especial. São grupos de deficientes físicos e mentais.

Para finalizar, aproveitando o que foi dito ontem sobre a organização dos profissionais envolvidos em educação nos museus e centros culturais, gostaríamos de convidar aos educadores das equipes atuantes na cidade de São Paulo, para uma visita monitorada ao Museu da Língua Portuguesa. Este poderá ser o início de um contato mais sistemático entre os educadores.

Para agendar é só entrar em contato comigo por e-mail.

Obrigada pela atenção.