Projeto "Monumetria"

por Fabíola Salles

O contexto não se faz apenas pela definição de um espaço mas também pelo momento no qual um acontecimento, ou diversos em simultaneidade, se dão neste dado espaço.

 A apresentação do projeto Monumetria para os alunos do curso de pós-graduação da ECA – USP, ministrado pelos professores Ana Maria Tavares e Antoni Muntadas, aconteceu numa segunda feira (24 de  março de 2008) na Pinacoteca do Estado de São Paulo.

 Segunda feira é dia em que algumas instituições estão fechadas para o público e foi assim que entramos no silencioso auditório da Pinacoteca e nos surpreendemos com a apresentação de Monumetria.

 O projeto foi idealizado e proposto pelos artistas Néstor Gutiérrez, Gilberto Mariotti e Santiago Reyes

 A proposta do projeto é estudar o deslocamento do monumento a Ramos de Azevedo construído pelo artista italiano Galileu Emendabili, da Av. Tiradentes (1934) para o campos da Universidade de São Paulo.

 Assim, Monumetria se transforma numa plataforma para uma rica discussão acerca da inserção de obras de arte no contexto urbano, do site-specific, de pensar os percursos e caminhos como práticas estéticas, das articulações políticas que deslocam e definem significados das obras de arte, entre outros.

  A apresentação das fotografias na tela de projeção nos trouxe imagens do monumento em diferentes contextos e dos processos de deslocamento que sofreu. As diversas articulações conceituais apresentadas pelos artistas possibilitaram a compreensão de um sistema complexo de relações interdisciplinares que compõe uma obra de arte pública de forma que seu conteúdo e desenho ganharam diferentes contornos e leituras de acordo com os contextos nos quais é ou foi inserida.

 Monumetria torna-se obra no momento em que compreende essas traduções e fluxos como matéria prima e suporte de pesquisa e experimentação para o artista contemporâneo. Sendo assim, capaz de estimular o olhar crítico e sensível, fazendo com que algo tão estático e rígido como um monumento, ganhe características fluídas, dinâmicas e vivas, atualizadas.

 Numa segunda-feira, o prédio da Pinacoteca, projetado por Ramos de Azevedo, tornou-se ponto de encontro e base para pensarmos nossa relação com espaço, tempo e vidas. 

 Fabiola Salles