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Masp cancela mostras e perde público

Artigo publicado na Folha de S. Paulo relata que a crise no MASP é demonstrada pela diminuição de público e de mostras. 12/04/2004 - Folha de S. Paulo - por Fábio Cypriano

fonte: https://www1.folha.uol.com.br/fsp/ilustrad/fq1204200407.htm

Em abril de 2003, o presidente do Museu de Arte de São Paulo, Júlio Neves, anunciava, em artigo na Folha de S.Paulo, o lançamento do Instituto Masp, uma variação das correntes de associação de amigos, para agilizar a arrecadação de patrocínio para a instituição.


A proposta ainda não saiu do papel. "Conseguimos criar o Instituto da Moda, que será no Masp-Centro, mas ainda não registramos o Instituto Masp, pois estamos nos adaptando às novas regras das sociedades civis", afirma Neves, 71.


Enquanto isso, o museu se aprofunda na crise em que se envolveu. O sinal mais visível é a diminuição de público. Em 2002, só em três mostras o Masp recebeu 337 mil visitantes. No ano passado, segundo Neves, o museu acolheu cerca de 150 mil visitantes.


Para ele, os motivos são externos: "Os bancos criaram seus próprios institutos, e as mudanças nas leis de incentivo, propostas pelo governo federal, paralisaram a obtenção de apoio".

Outro sintoma da crise é o cancelamento da mostra "Pompéia", anunciada para 25 de março passado, prevista para ocorrer no Masp e na Pinacoteca, com financiamento italiano. Segundo Marcelo Araújo, diretor da Pinacoteca, a exposição foi cancelada, mas Neves garante que se trata de uma prorrogação. "Estou fazendo tudo que é possível para trazer a exposição ainda neste ano."


No local onde seriam exibidos os tesouros de Pompéia, foram montadas duas mostras com obras do acervo do Masp.


Para a Pinacoteca, que no ano passado recebeu 430 mil visitantes, o cancelamento de "Pompéia" não provoca lacuna. Ainda neste mês, o museu apresenta "Tesouros de Etchmiadzin", com peças litúrgicas do museu da Igreja Apostólica da Armênia, entre elas uma que promete promover uma procissão ao museu: uma lança que teria atingido Cristo.

Mesmo em doações, a Pinacoteca conseguiu um grande feito. Recentemente, a Fundação Nemirovsky acertou um termo de comodato (empréstimo) de sua coleção, que reúne, entre outras obras, "Antropofagia" (1928), de Tarsila do Amaral, cujo valor ultrapassa US$ 1,5 milhão. A coleção será inaugurada em agosto, na Estação Pinacoteca, a nova extensão do museu, no antigo Dops.


Para este ano, a Pinacoteca tem programada mais de 40 mostras temporárias, seis já inauguradas, enquanto o Masp, que anunciou nove, já não conseguiu viabilizar três ("Pompéia", Frans Post e Ianelli). Hoje a Pinacoteca, que é uma instituição pública estadual que vive as dificuldades do setor estatal, consegue ser mais dinâmica que o Masp, um museu privado, que teria, em tese, mais liberdade de ação.

FABIO CYPRIANO

da Folha de S.Paulo

fonte: https://www1.folha.uol.com.br/fsp/ilustrad/fq1204200407.htm