Programa de Oficinas Curadoria e Contexto
O programa de oficinas Curadoria e contexto acontece entre março e novembro de 2011, dando continuidade ao projeto Experiências dialógicas (2008-2010) e às oficinas de curadoria organizadas pelo Fórum Permanente no Centro Cultural da Espanha em São Paulo nos anos anteriores. Formado por quatro oficinas intensivas, com duração de cinco dias cada, a cada encontro será abordado o exercício da curadoria em relação a outras práticas: Curadoria e gestão/produção; Curadoria e mediação crítica; Curadoria, geopolítica e deslocamentos; e Curadoria e as tecnologias de acesso e memória cultural. A cada oficina serão organizadas sessões abertas ao público em geral, com transmissão online simultânea. Realização: Centro Cultural da Espanha em São Paulo e Fórum Permanente.
Objetivos e Cronograma das oficinas / Bibliografia das oficinas
PRIMEIRA OFICINA
Convidados: Gustavo Wanderley (Casa da Ribeira) e Maria Ignez Mantovani (Expomus)
Mediação: Ana Letícia Fialho, pelo Fórum Permanente
Demais Registros em vídeo abaixo
PRIMEIRA OFICINA
Curadoria e gestão/produção
Convidados: Gustavo Wanderley (Casa da Ribeira) e Maria Ignez Mantovani (Expomus)
Mediação: Ana Letícia Fialho, pelo Fórum Permanente
Registro em vídeo: atividade aberta ao público 31/03/2011
Fotos do encontro aberto ao público
Foto - 28/03/2011 -CCE_SP
Faz parte do trabalho curatorial a reflexão sobre a gestão e análise da viabilidade orçamentária do projeto a ser realizado, como também a familiaridade com o contexto cultural, econômico e mercadológico onde está inserido o projeto, aí incluídos as instituições envolvidas e os potenciais apoiadores/patrocinadores do projeto. Nesta oficina serão discutidos exemplos de negociação/articulação entre o projeto curatorial conceitual e sua viabilidade gerencial e orçamentária, uma vez que delas dependem o impacto social, os desdobramentos, a circulação e distribuição que o projeto venha a ter.
O trabalho curatorial não se trata de algo isolado do contexto de organização de uma exposição – ao contrário, é parte integrante e indutora de sua cadeia operatória, interdisciplinar por excelência. Compreender os diferentes atores que interagem num projeto, com suas distintas atribuições e inter-relações, é essencial para que a curadoria se desenvolva de forma articulada e eficiente.
Entende-se por contexto todos os profissionais que têm o desafio conjunto de empreender diferentes ações complementares e integradas para que se obtenha o resultado esperado de um projeto. A estes profissionais incorporam-se, de forma participativa no contexto, os agentes externos que também se inter-relacionam com o projeto, na medida em que o viabilizam. Assim, é fundamental que se estabeleça um diálogo sensível com as instituições envolvidas, as agências financiadoras, os patrocinadores, stakeholders e meios de comunicação.
Considerando-se o papel das mídias sociais na sociedade contemporânea, é também de fundamental importância avaliar, no desenvolvimento de um projeto curatorial, a propriedade de se utilizar as interfaces associativas e inclusivas que podem ser estabelecidas em torno do projeto. Mais do que considerar as mídias sociais como canais de difusão, pode-se inovar, integrando-as tanto à cadeia operatória do projeto, quer seja no desenvolvimento do próprio conceito ou na definição das linguagens, propondo-as como metodologia de trabalho, quanto – e por que não? – às próprias formas de expressão e de articulação social.
A oficina Curadoria e gestão/produção contará com apresentações de conteúdos e cases vivenciados profissionalmente pelos palestrantes convidados, assim como sessões de interação conjunta em torno de propostas curatoriais apresentadas pelos próprios participantes; haverá ainda uma apresentação aberta a diferentes públicos, como forma de ampliar o acesso aos conteúdos propostos.
Data 28 mar a 1 abr | Horário 2a, 3a, 4a e 6a feira das 18h às 22h e atividade pública na 5a feira, entre 19h30 e 22h30.
Local CCE_SP. Av Angélica, 1091 - Higienópolis, São Paulo SP.
Atividade Aberta ao público - 31 de março, no Centro Cultural da Espanha - 19h30 às 22h.
+ informações
[email protected]
SEGUNDA OFICINA
Curadoria e mediação crítica
Convidados: Cayo Honorato e a dupla Javier Rodrigo & Antonio Collados (projeto Transductores)
Mediação: Graziela Kunsch
Registro em vídeo: atividade aberta ao público 14/09/2011
Fotos do encontro aberto ao público
Foto - 14/09/2011 -CCE_SP
Será que há outras práticas educativas, para além das "visitas dialogadas" em exposições de arte? Que formas pode assumir um projeto educativo? De que modo um projeto educativo pode não somente estar integrado a um projeto curatorial, mas ser o elemento fundante de uma curadoria? O que vem a ser uma "mediação crítica"?
A segunda oficina do programa Curadoria e contexto objetiva discutir essas questões, a partir da experiência dos coordenadores do projeto Transductores - Pedagogias coletivas e políticas espaciais, os espanhóis Javier Rodrigo eAntonio Collados; do pesquisador em Arte e Educação Cayo Honorato; da artista e curadora associada do FP Graziela Kunsch, como mediadora; e dos demais participantes.
O projeto Transductores, a ser compartilhado durante a oficina, é estruturado em três eixos: 1. um arquivo relacionalque comporta o trabalho de compilação, análise e exposição de uma série de práticas e casos que exemplificam a atuação de transductores[*] em seus contextos locais - tanto dentro como fora do campo da arte; 2. um projeto pedagógico para dinamizar, articular e traduzir o arquivo relacional, que assume a forma de seminários e oficinas; e 3. um projeto de articulação e multiplicação que busca disseminar, mediar e dar continuidade aos trabalhos através de publicações impressas, um website e um arquivo móvel, entre outras iniciativas. Há uma série de imagens relacionadas ao projeto aqui.
Para Cayo Honorato será fundamental refletir sobre o modo como a educação vem sendo incorporada na economia de exposições. Ele entende que, mais do que aprimorar a operacionalização do trabalho da mediação, no sentido de fazê-la melhor segundo as funções que atualmente lhe são atribuídas, uma mediação que se pretenda realmente crítica deve estar atenta ao modo como vem sendo implicada pelo sistema da arte e pela economia de produção das exposições de arte. A crescente incorporação da educação pelas práticas artísticas e curatoriais - internacionalmente denominada "the educational turn" [a virada educacional] - deve ser considerada a par e passo de outro fenômeno: a promoção da educação como instrumento de marketing das instituições de arte. Se por um lado a educação acompanha uma politização das práticas artísticas e curatoriais, por outro ela confere às exposições a "responsabilidade social" que tanto interessa aos patrocinadores. Neste link é possível consultar alguns textos de Cayo sobre essas questões, incluindo dois relatos críticos e uma entrevista que ele fez para o Fórum Permanente.
Na função de mediadora, Graziela Kunsch irá disponibilizar no Centro Cultural da Espanha uma parte de sua biblioteca, aberta para uso público desde 2001, e propor um grupo de estudos aberto, fora do horário da oficina. Desta vez serão compartilhados livros sobre Educação - aí incluídas as práticas de escolas democráticas - e livros sobre exposições e trabalhos de artistas com forte inclinação educativa.
Ao longo da oficina será desenvolvido um "mapa de complexidades" que conecte e problematize diferentes conceitos implicados nas práticas educativas.
[*] Um transductor é um dispositivo capaz de transformar ou converter um determinado tipo de energia de entrada em outra diferente de saída. Em outras palavras, um aparelho movido pela força eletromotriz de um sistema e que fornece energia a um outro. Na teoria de redes sociais, os transductores atuam como disparadores ou catalisadores de mudanças sociais, abrindo novas possibilidades de transformação, mais integrais e sustentáveis em seus contextos.
Data: 12 a 16 set | Horário 2a, 3a, 4a e 6a feira das 18h às 22h e atividade pública na 4a feira (14 set), das 19h30 às 22h30.
Local: CCE_SP. Av Angélica, 1091 - Higienópolis, São Paulo SP.
Selecionados para 2 oficina
Ana Paula Chaves / Beto Shwafaty / Carol Vasconcellos Vilas Bôas / Claudio Iglesias / Felipe Tonelli / Gleyce Kelly Heitor / Jorge Menna Barreto / Lara Ceres / Leonardo Araujo / Luis Gustavo Sousa de Carvalho / Mara Pereira / Melina Sarnaglia / Roseli Amado / Sara Moreno / Tete Tavares / Thais Olmos.
+informações
TERCEIRA OFICINA
Curadoria, geopolítica e deslocamentos
Convidados: Mariana Fix e Gerardo Mosquera
Mediação: Tatiana Ferraz e Gilberto Mariotti
Registro em vídeo: atividade aberta ao público 27/10/2011
Fotos do encontro aberto ao público
Relato crítico: Cognatos e Amigos: Gerardo Mosquera e Mariana Fix no CCE_SP, por Julia Buenaventura. [versão em espanhol, clique aqui]
Foto - 27/10/2011 -CCE_SP
Dando continuidade ao programa de oficinas Curadoria e Contexto do ano de 2011, realizado pelo Forum Permanente em parceria com o Centro Cultural da Espanha em São Paulo, o terceiro encontro tratará do tema Curadoria, geopolítica e deslocamentos e contará com a participação da urbanista paulistana Mariana Fix e do curador cubano Gerardo Mosquera.
Não se pode pensar a arte hoje sem considerar a internacionalização de sua circulação, seja da obra ou do próprio artista. Será a condição transnacional da arte capaz de romper com polaridades até então estabelecidas, entre circuitos hegemônicos e periféricos, territorialidade e pertencimento, nacional e internacional? Até que ponto o surgimento das megalópoles modificou tais polaridades? Os processos de internacionalização esbarram igualmente na concepção contemporânea de cidade, com o surgimento das cidades globais a imposição de uma imagem coerente de cidade como modo de controle sobre o território.
No terceiro ciclo das oficinas Curadoria e contexto, o tema Geopolítica e deslocamentos será apresentado a partir do diálogo das experiências do curador cubano Gerardo Mosquera e da urbanista Mariana Fix. De modos diversos, os colaboradores trarão à tona questões compartilhadas acerca de como os processos políticos e econômicos recentes emergem nas práticas culturais, seja como expressão artística, seja como paisagem urbana.
Mosquera aponta para uma abordagem da prática curatorial a partir dos deslocamentos culturais como estratégia de formação identitária. A partir da internacionalização da arte será preciso entender como a condição transnacional rompe com a neurose da identidade e os estereótipos totalizadores que afetaram as poéticas e discursos artísticos na América Latina. Assim o desafio cultural colocado na prática de uma arte internacional residiria na construção de uma arte diversificada, com uma pluralidade de visões, experiências e imaginários que não operam circunscritas em suas diferenças, mas a partir delas, chegando a uma construção de circuitos "horizontais".
Fix, por outro lado, revela dinâmicas políticas e econômicas que radicam os grandes conflitos urbanos, como as conexões entre o mercado financeiro global e o mercado imobiliário local. As relações entre planejamento urbano e as operações imobiliárias. A ideologia presente nos projetos arquitetônicos que se pretendem fechados para a cidade, fortificados para uma experiência urbana burguesa anti-pública.
Data 24 a 28 out | Horário 2a, 3a, 4a e 6a feira das 18h às 22h e atividade pública na 5a feira (27 out), das 19h30 às 22h30.
Local: Centro Cultural da Espanha - Av Angélica, 1091 - Higienópolis, São Paulo
Vagas 15
Selecionados para 3 oficina
Adriana Gianvecchio, Ana Luiza Bringuente, Daniel Jose Barclay Panizo, Eladia Martin, Fábio Tremonte, Keila Kern, Leonardo Pereira La Selva, Lilian Shimohirao, Lívia Burani, Rafaela Tasca, Tete Tavares, Xenia Salvetti, Lucas Jara Soares, Mauricio Topal, Daniela Labra, Marcio Harum.
Participação de curadores das instituições de arte de São Paulo
Zé Augusto Ribeiro (Centro Cultural São Paulo), Priscila Arantes (Paço das Artes), Chico Davina (Videobrasil), Julia Buenaventura (Instituto Tomie Ohtake), Taísa Palhares e Regina Teixeira de Barros (Pinacoteca do Estado de São Paulo), Cauê Alves (MAM-SP).
Organização CCE_SP e Fórum Permanente
+informações